Os Correios fecharam 2021 com um lucro recorrente de R$ 3,7 bilhões, resultado recorde para a estatal, com Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3,1 bilhões. Os números foram divulgados nesta quinta-feira, 17, pela companhia, que está na lista de empresas do governo federal na mira da privatização. Segundo a estatal, o lucro de R$ 3,7 bilhões supera em 101% o valor realizado em 2020.
São os melhores índices registrados nos últimos 22 anos, informou os Correios. “A curva ascendente apresentada nas demonstrações contábeis, em conjunto com os resultados expressivos anunciados em 2020 e 2021, reflete o êxito do projeto de recuperação financeira e de sustentabilidade econômica executados pela gestão dos Correios”, afirma a estatal.
Segundo a companhia, a empresa também zerou déficit de R$ 600 milhões com a operadora do plano de saúde, que vinha perdurando desde 2019.
Privatização
Em dezembro, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que seria "inadimissível" para o governo não conseguir efetuar a privatização dos Correios.
O presidente dos Correios, Floriano Peixoto, afirmou que, embora a saúde financeira da estatal esteja em melhor situação que a verificada há três anos, os Correios ainda não atingiram o patamar necessário para garantir a perenidade dos negócios. Para Peixoto, por sua vez, o alcance de taxas de crescimento equivalentes ou superiores às do mercado se dará com mais rapidez, em razão das práticas adotadas pela gestão atual. “Isso se justifica porque, na esteira das transformações promovidas em prol da modernização da empresa, a consolidação das bases para o desenvolvimento sustentável recebeu especial atenção”, disse em coletiva à imprensa sobre os resultados da estatal. Os Correios estão na lista de empresas que o governo federal planeja privatizar, embora o projeto de lei que permite a venda esteja parado no Senado, após aprovação pela Câmara dos Deputados. Para justificar a privatização, o governo alega que há uma incerteza quanto à autossuficiência e capacidade de investimentos futuros da companhia. Na avaliação do Executivo, isso reforça a necessidade da venda para evitar que os cofres públicos sejam responsáveis por investimentos da ordem de R$ 2 bilhões ao ano. Nesta quinta, o presidente da estatal classificou como “iminente” aprovação do projeto que abre caminho para a venda da empresa, emendando ser “inegável” a necessidade de se garantir à empresa condições de competir no novo cenário de mercado. “Podemos afirmar que os Correios de hoje são melhores que aqueles de ontem e, face aos desafios inerentes à evolução do setor postal, caberá à empresa continuar a trilhar o caminho do progresso, da inovação e adaptação às melhores práticas do mercado”, disse. Peixoto também afirmou que o alcance da sustentabilidade financeira da empresa e o crescimento em participação e receitas nos mercados concorrenciais estão entre os grandes objetivos definidos pela gestão. "Objetivos a serem alcançados pelos Correios o mais brevemente possível".
'Marketplace'
O diretor de Negócios dos Correios, Alex Nascimento, afirmou nesta quinta-feira, 17, que a estatal vai abrir uma plataforma de comércio eletrônico - um 'marketplace' - ainda neste ano, apesar de não haver uma data definida para o lançamento. Segundo ele, o negócio será direcionado para pequenas e médias empresas e não surge com a intenção de competir diretamente com outras companhias que já prestam esse tipo de serviço. "A gente percebeu que a própria pequena empresa quer mais uma opção, integrada aos Correios", afirmou Nascimento.
De acordo com o diretor de Negócios, os Correios não exigirão exclusividade das empresas que escolherem o marketplace da estatal. A intenção, disse Nascimento, é complementar o conjunto de serviços que já é oferecido pelos Correios, junto de uma vitrine online.
Ele lembrou que a estatal já teve uma experiência com marketplace em 2003. "Há uma digitalização grande da nossa economia, com grandes iniciativas e os Correios são pioneiros nessas iniciativas", disse Nascimento. Ao falar sobre as perspectivas da empresa para os próximos anos, o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, afirmou que a empresa quer aumentar cada vez mais sua participação no comércio eletrônico.
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