Diário de Cannes (2): Um raro Grand Prix para Portugal e os novos rumos da Disney

Em campanha que endereçou o regime fascista português, encerrado há 50 anos, a Penguin Books trouxe para casa o Grande Prêmio em Design Lions

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Foto do author Fernando Scheller

No segundo dia do Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, a Disney, que vai completar 100 anos em 2023, subiu ao palco ao lado da montadora sul-coreana Hyundai para mostrar um dos grandes esforços de branded content (conteúdo de marca) de seu passado recente. Para lançar o novo Tucson nos Estados Unidos, a marca não poupou esforços, e colocou o veículo em todas as propriedades da Disney à sua disposição.

Desenvolvida a quatro mãos, a campanha envolveu que o novo Tucson aparecesse desde locais comuns para lançamentos de carros – como a ESPN, de esportes –, passando por programas populares, como The Bachelor, e desembocando em parcerias que envolveram personagens e franquias da Marvel, como Loki e Wanda Vision.

Painel conjunto entre Disney e Hyundai em Cannes Lions, com participação de Elisabeth Olsen (à direita) Foto: Soraya Ursine/Estadão

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O resultado, segundo a Hyundai contou no palco, foi um grande aumento do conhecimento da marca, especialmente entre jovens, segmento em que ela nunca foi um nome muito popular. O painel contou ainda com a participação da atriz Elisabeth Olsen, de Wanda Vision.

Grand Prix para Portugal

Fora das palestras, e de volta às premiações, Portugal levou para casa o Grand Prix (Grande Prêmio) em Design Lions com uma campanha que lembrou os 50 anos da Revolução dos Cravos, que marcou o fim da ditadura portuguesa. Para endereçar a questão e, ao mesmo tempo, expurgar os tempos de opressão e censura, a campanha da FCB Lisboa para a Penguin Books  resgatou o velho lápis azul que era usado pelos censores até os anos 1970.

Desta vez, porém, o mesmo lápis foi usado para reescrever a história pelo lado da liberdade. A partir do texto da Constituição vigente à época, escritores foram convidados a escolher palavras de amor e liberdade para criar poemas. Ao mesmo tempo, as páginas com os textos de opressão foram apagadas com ilustrações de artistas, também feitas com o mesmo lápis azul. Uma tiragem de 2,5 mil livros foi vendida no mercado português.

“É uma ideia muito simples, executada de uma maneira simples, com apenas um lápis azul”, definiu Lisa Smith, presidente do júri de Design deste ano. “Mas é uma ideia muito bem executada, e com grande impacto de longo prazo”, definiu.

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