Dona das drogarias SP e Pacheco terá R$ 350 mi para novas lojas e tecnologia

Plano de investimento do grupo DPSP, que faturou R$ 11 bilhões em 2020, passa pela abertura de mais 80 pontos de venda neste ano, além da reforma de lojas já existentes e dos centros de distribuição

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Foto do author Fernanda Guimarães

O Grupo DPSP, dono das marcas Pacheco e Drogarias São Paulo,quer aumentar sua fatia de mercado e fortalecer sua presença no setor, quea cada dia está mais competitivo no País. Há alguns anos no centro de rumores sobre uma potencial venda, a resposta da empresa - a segunda maior rede de farmácias do País - virá com a abertura de 80 novas lojas e investimentos da ordem R$ 350 milhões neste ano.

Com uma cadeia formada por 1,4 mil lojas e dez anos depois da fusão entre as duas redes que marcou a criação do grupo, um novo movimento como o realizado no passado está descartado, comenta o presidente da companhia, Jonas Laurindvicius em sua primeira entrevista após ter assumido o comando da empresa há dois meses, depois de passar cinco anos no cargo de diretor de supply e logística. O foco seguirá no crescimento orgânico. “Também não temos nenhuma intenção de fazer um IPO (oferta inicial de ações na Bolsa). Temos uma geração de caixa suficiente para nossos planos de expansão”, afirma o executivo. O montante previsto para ser investido neste ano contemplará, além das inaugurações, reforma das já existentes, dos centros de distribuição e para tecnologia, diz.

Presidente do grupo DPSP, Jonas Laurindvicius, afirma que não está nos planos da empresa uma abertura de capital. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO Foto:

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A decisão firme de manter o capital fechado estána contramão de outras empresas do setor, que demonstraram intenção de captar recursos na Bolsa para reforçar o caixa e ter musculatura para crescer, em um mercado ainda com tendência de consolidação.  E o contexto em que Laurindvicius assume o leme da rede, é de crescimento mais acelerado dos concorrentes. Ao passo que a DPSP possui um faturamento anual da ordem de R$ 11 bilhões, com crescimento em relação a 2019 de 10%, a líder do setor, a Raia Drogasil (RD), registrou um faturamento de R$ 21 bilhões ano passado, expansão de 15% ante o anotado em 2019. A RD tem 2,3 mil lojas e um plano mais robusto de crescimento anual, com a previsão de abertura de 240 lojas entre 2021 e 2022.  Seu valor na Bolsa é da ordem de R$ 40 bilhões.

Ainda de acordo com o ranking elaborado pela Abrafarma, entidade que representa o setor, o terceiro lugar é da Pague Menos, que abriu seu capital ano passado e com o reforço no caixa adquiriu neste ano a rede Extrafarma, que ocupa a sétima colocação no ranking, o que pode mudar sua posição do tabuleiro. A operação ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas, se aprovada hoje, faria a rede subir uma posição, desbancando a DPSP da vice-liderança. Para este ano, a Pague Menos prevê o mesmo número de abertura de lojas do que a DPSP: 80. Número que quer ver chegar em 120 em 2022.

O especialista em varejo, sócio-fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, destaca que a DPSP é bastante bem posicionada, especialmente em seus mercados de origem: São Paulo e Rio de Janeiro. “O mercado de farmácia teve um surto de concentração e expansão das grandes redes nos últimos anos e a DPSP também cresceu muito”, comenta Serrentino. Ele frisa, contudo, que a empresa é frequentemente confrontada com os números da RD, que tem um plano de expansão e de crescimento mais agressivos.

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“A integração e governança do negócio não é tão madura quanto a RDjá teve em sua fusão da Raia e Drogasil”, diz, ao passo que Pacheco e a São Paulo estão ainda em processo de integração, tanto em termos operacionais, culturais e de governança.

Busca por mais participação de mercado

Focada na abertura de lojas de rua, hoje o grupo está presente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, além do Distrito Federal. Segundo Laurindvicius, está nos planos desbravar outros territórios, mas isso depois que a empresa alcançar suas metas de participação de mercado em cada região em que já está presente. Esse número, a empresa não abre, por ser estratégico, segundo o presidente da DPSP.

Para ser competitivo em um mercado com tendência de consolidação, a estratégia tem sido oferecer ao cliente soluções em saúde. Além de ter a prateleira completa com todo o sortimento necessário,  um ados aliados para fidelizar o cliente tem sido oferecer nas lojas farmacêuticos treinados e instruídos para atender quem chega na loja – tanto para tirar dúvidas, quanto, atualmente para fazer os exames de covid. Segundo o presidente do grupo, o farmacêutico sempre foi uma figura importante dentro das lojas, em toda região do País, e a procura pelo profissional cresceu ao longo da pandemia.

Rumores.

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No mercado a possibilidade de venda da DPSP já circulou em mais de um momento, mas haveria uma barreira de ordem societária.  O grupo DPSP pertence à família Carvalho, antigos donos da Drogaria São Paulo, que possui 38%, e à família Barata, dos ex-donos da Pacheco, com 54%. O restante está na mão de fundos minoritários.

A família Barata, contudo, sempre demonstrou resistência em se desfazer do negócio. A companhia recebeu nos últimos anos mais de uma proposta de compra de 100% da operação, como a do grupo Femsa e da gigante americana CVS, que já foi dona da Onofre, adquirida há dois anos pela Raia Drogasil, segundo fontes. Sobre esse assunto, a empresa não comenta.

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