Entregas a jato: expansão do e-commerce faz empresas aéreas aumentarem apostas em aviões de carga

Gol fechou parceria com o Mercado Livre e vai passar a ter aeronaves dedicadas à entrega de produtos; Azul fez parceria com a Fedex neste segmento

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Atualização:

O segmento de carga tem ganhado importância na estratégia das companhias aéreas brasileiras, que ainda não recuperaram os números no transporte de passageiros na volta da pandemia e enfrentaram prejuízos bilionários no segundo trimestre de 2022. Com novos modelos de negócio, Gol e Azul apostam que o segmento deve continuar crescendo, impulsionado principalmente pela demanda do e-commerce. Nesta semana, a Gol apresentou a primeira das seis aeronaves cargueiras para a parceria com o Mercado Livre.

Os aviões do modelo Boeing 737-800 BCF fazem parte do contrato de longo prazo firmado em abril. Há ainda a opção de adicionar outras seis aeronaves até 2025. ”Com este avião, vamos revolucionar as entregas no País. Seremos a primeira companhia aérea a levar entregas em um dia para o Nordeste”, disse o CEO da Gol, Celso Ferrer.

Ferrer, da Gol: nova fase do segmento de cargas a partir de parceria com o Mercado Livre Foto: Alex Silva/Estadão

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Os primeiros voos da parceria terão como destino as cidades de Fortaleza (CE), São Luís (MA) e Teresina (PI), onde o prazo atual de entregas de quatro dias cairá para apenas um, considerando cargas armazenadas em centros de distribuição (CD) de armazenamento de mercadorias do Mercado Livre.

Nesses locais, os itens ficam estocados e, quando o consumidor faz a compra, os produtos saem do CD e se dirigem a galpões menores (chamados de cross dockings), mais próximos às regiões de entrega, nos quais serão redirecionados e sairão para chegarem às mãos do consumidor.

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Mais entregas via aérea

Com a parceria, a estimativa do Mercado Livre é que cerca de 11% das entregas totais da companhia sejam feitas via modal aéreo – quando os seis aviões estiverem operando. “As aeronaves (dessa parceria) vão fazer dois voos por dia”, disse o vice-presidente sênior de e-commerce e líder do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes. “Quanto mais voarem, mais vai haver uma diluição do custo fixo por pacote.”

Atualmente, a Gollog – braço de carga da companhia aérea – não opera com cargueiros dedicados, transportando encomendas apenas na parte inferior das aeronaves (a chamada “barriga” do avião) de passageiros. Com a chegada dos seis aviões do Mercado Livre, o braço de cargas terá 80% mais oferta de espaço para carga, segundo o diretor-executivo da GolLog, Júlio Perotti.

Azul: parceria com a Fedex para crescer em cargas Foto: Tony Winston/Ministério da Saúde (MS)

Em abril, a Gol projetou que a receita incremental da parceria chegaria a R$ 100 milhões em 2022 e R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos. O acordo com o Mercado Livre é de dez anos.

Entrega em 48h via Azul

A Azul opera sete cargueiros dedicados, sendo dois Boeing 737 e cinco Embraer E-195. O modelo da aérea no segmento de carga envolve 310 lojas (nomeadas pela companhia) e entregas em até 48 horas para mais de 2 mil cidades no País. A receita da Azul Cargo no segundo trimestre quase triplicou em relação ao mesmo período de 2019, nível pré-pandemia.

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Com este (novo) avião, vamos revolucionar as entregas no País. Seremos a primeira companhia aérea a levar entregas em um dia para o Nordeste.”

Celso Ferrer, CEO da Gol

“Nos 4 mil municípios onde entregamos, conseguimos atender 96% da população brasileira. Em 2 mil cidades, entregamos no prazo de até dois dias”, afirma a diretora da Azul Cargo, Izabel Reis. O braço de carga da aérea encerrou o ano com receita acima de R$ 1 bilhão. “Já somos considerados uma empresa de logística, os clientes estão entregando todo o seu portfólio de serviços para nós”, diz ela.

A Azul também fechou uma parceria recentemente com a Fedex, em um acordo que prevê o uso da capilaridade da aérea brasileira no País e da norte-americana ao redor do mundo. “É uma parceria boa para todo mundo. Trata-se de uma outra forma de consolidação, por que não aceitar a carga do cliente da Fedex?”, indaga.