Com quase 30 anos, Stephanie von Staa Toledo foi obrigada a fazer uma pausa na carreira ao ter seu terceiro diagnóstico de burnout. Stephanie trabalhou no mercado financeiro tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, mas a falta de propósito levou na carreira à corrosão psicológica. Enquanto se recuperava, ela começou a se informar mais sobre a própria saúde reprodutiva. Ao estudar dados sobre o mercado de saúde, o cenário do empreendedorismo e a tendência de casais tendo filhos cada vez mais tarde, Stephanie deixou para trás a carreira no mercado financeiro para criar uma startup dedicada às mulheres que têm o sonho de se tornar mães ou ter maior controle sobre a própria fertilidade.
“A fertilidade será uma questão porque as mulheres estão adiando a gravidez como acontece em outros países. Eu estava com 29 anos e queria ter filhos um dia, mas não naquele momento. Juntando os dados da população do País com a minha realidade, decidi começar a Oya Care”, conta Stephanie. “Não é só o sonho de ser mãe, é sobre poder escolher o momento de ser mãe. Por muitos séculos, o poder de decisão não esteve nas mãos das mulheres.”
Fundada em 2020 no Brasil, a startup trabalha com três principais frentes: atendimento de emergência ginecológica, descoberta de fertilidade e contracepção. O site e o aplicativo da empresa permitem marcar consultas online, que são seguidas por acompanhamento via WhatsApp. Os preços do atendimento online são entre R$ 230 e R$ 390. A startup também oferece conteúdos educativos para espalhar as informações em relação à fertilidade, tópico pouco explorado na medicina em geral.
A Oya Care já recebeu US$ 3,8 milhões em investimentos para a expansão dos negócios. Parte desse montante foi usado para a abertura da primeira clínica da startup, localizada na região do Itaim. A unidade oferece não só o atendimento médico presencial, como também procedimentos ligados à fertilidade e contracepção. Reprodução assistida, congelamento de óvulos, fertilização in vitro e inserção de DIU estão entre os procedimentos oferecidos pela startup.
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Um dos cuidados que Stephanie tomou foi manter um quadro de médicos composto predominantemente por mulheres. “Já tivemos homens na equipe médica. Sentimos que há uma grande preferência por médicas mulheres. Na seleção, olhamos primeiro para a qualidade da formação técnica e para a forma de cuidar da paciente, para o acolhimento. Depois, vem a questão de gênero”, diz.
A startup tem registrado crescimento acelerado. De acordo com a fundadora, o crescimento foi de 20% ao mês em 2022. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de crescimento média foi de 43% ao mês. “60% da receita vem do boca a boca, não vem de planos ou marketing digital. As clientes estão realmente felizes”, afirma.
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