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Sul de Minas usa imposto baixo, terreno grátis e proximidade a SP para atrair gigantes do e-commerce

Extrema foi a primeira cidade a atrair grandes centros de distribuição para a região; agora, Camanducaia, Pouso Alegre e Itapeva se colocam como opção para investimentos

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Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Wesley Gonsalves

Municípios do sul de Minas Gerais estão se tornando o novo alvo de investimentos de empresas na construção de seus galpões logísticos para abastecer a crescente demanda pelo e-commerce no País. Depois do êxito de Extrema nesse segmento ter levado à explosão dos preços dos terrenos nessa cidade, as empresas têm buscado como alternativa outros municípios que se encontram nas proximidades da rodovia Fernão Dias, principal ligação entre Minas Gerais e São Paulo.

Camanducaia já desponta como um desses novos polos e é destino de diversas empresas. Foi a cidade escolhida, por exemplo, pela gigante de panificação Bauducco como seu novo endereço – e lá que ficará a fábrica da companhia familiar que tem sede em Guarulhos (SP). Outras localidades, como Pouso Alegre, Cambuí e Itapeva, também se esforçam para atrair novos negócios.

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A explicação por trás desse movimento é simples. Embora sua localização não seja tão conveniente quanto a de Extrema, todos esses municípios ainda são bastante próximos à capital paulista – todas se encontram a um raio de, no máximo, 200 quilômetros de São Paulo. Além disso, do ponto de vista fiscal, oferecem o mesmo benefício de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do que Extrema, na comparação com cidades paulistas. Minas Gerais possui uma das menores alíquotas de ICMS do País para o setor de comércio eletrônico, variando de 1% a 3%.

Devido à demanda natural das empresas por espaços em seu território, Extrema deixou de oferecer terrenos gratuitos a negócios interessados em abrir filiais por lá. Segundo o gerente da divisão industrial e Logística da consultoria do setor imobiliário JLL, André Romano, o preço do metro quadrado de galpões em Extrema passou de R$ 20 e R$ 26, o que já levou a uma revisão de contas pelas empresas. Assim, muitas companhias já começam a olhar para outras localidades. “Extrema se destacou porque sempre foi muito pró-negócio, mas já há projetos indo para áreas vizinhas”, conta Romano.

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O gerente de leasing industrial da Cushman & Wakefield no Brasil, Eric Ammirati, aponta que a experiência de Extrema tem chamado a atenção dos vizinhos, mesmo que a relevância dessas cidades ainda seja pequena na comparação com Extrema. “Hoje, pelo o que temos falado com clientes, independente do setor, a atratividade de Minas tem sido interessante. E o sul do Estado tem essa sinergia com São Paulo pela proximidade”, afirma. Por isso, as cidades que têm essa vantagem de localização estão se movimentando para “mordiscar” parte desses investimentos.

Destinos ‘emergentes’

Um desses novos destinos é Camanducaia, a 134 km da cidade de São Paulo. Segundo a prefeitura, 35 empresas de médio e grande portes operam por ali, enquanto outras quatro negociam sua chegada à região, que tem hoje aproximadamente 4 milhões de metros quadrados disponíveis para construção de galpões. “Antes a gente visitava as feiras de investidores atrás das empresas. Hoje em dia, com Extrema ficando mais cara, as companhias já começam a procurar espontaneamente nossa cidade”, afirma o representante do desenvolvimento econômico da cidade, Diogo Barbosa.

Com a cidade mineira Extrema ficando mais cara, empresas buscam outras localizações no Estado, como a Bauducco Foto: Daniel Teixeira/ Estadão - 10/10/2019

É nesse contexto que está ocorrendo a chegada da Bauducco, famosa pelas massas e panetones. A empresa adquiriu um terreno de cerca de 1 milhão de metros quadrados para a construção de uma nova fábrica na cidade, conta Barbosa. A companhia foi uma das primeiras indústrias a desbravar o território de Extrema, onde tem uma fábrica. No entanto, sem novos espaços por lá, optou por crescer o negócio na cidade vizinha.

Com cerca de 600 CNPJs cadastrados, Itapeva também está se tentando se tornar uma alternativa por empresas que vêm atrás dos benefícios tributários mineiros. “Nós temos hoje 25 empresas que estão negociando a vinda para Itapeva”, relata o representante do desenvolvimento econômico, TIiago Pareto. Recentemente, o fundo de investimentos Blue Cap e a Sulminas Distribuidora adquiriram terrenos para construção de novos galpões logísticos na região, que devem ser vendidos, ou alugados para outros negócios.

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