EUA apontam prática de dumping por parte de CSN e Usiminas, em investigação preliminar

O ‘Estadão/Broadcast’ apurou que as empresas já se preparam para contra-argumentar nas próximas fases do processo; procuradas, a Usiminas não comentou e a CSN não respondeu até a publicação desta reportagem

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Foto do author Talita Nascimento

Um documento do Departamento de Comércio dos Estados Unidos apontou, de forma preliminar, que a CSN e a Usiminas estariam praticando preços abaixo do considerado justo segundo as regras de comércio internacional, o que caracterizaria a prática de dumping.

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Procurada, a Usiminas preferiu não comentar. Já a CSN não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Segundo o documento do governo americano, a CSN tem vendido produtos de aço resistentes à corrosão com um preço aquém do que normalmente é aplicado na exportação, que seria 137,76% superior. Para a Usiminas, a taxa atribuída de dumping é de 31,53%, para o mesmo produto. Para outros produtores brasileiros, a taxa ficou em 118,63%.

Tanto a Usiminas quanto a CSN já afirmaram ao mercado terem exportações limitadas aos Estados Unidos Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Pessoas que acompanham o assunto na CSN e na Usiminas afirmam que as empresas se preparam para contra-argumentar nas próximas fases do processo, apresentando, entre outras coisas, divergências de metodologia em relação ao estudo feito pelo órgão americano. O Estadão/Broadcast apurou ainda que investigadores norte-americanos estiveram nas empresas na última semana para colher dados.

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Diante desse estudo preliminar, os EUA podem vir a exigir, ao longo do processo, interrupções das liquidações de contratos das companhias, bem como depósitos como forma de garantia de que as empresas vão arcar com o dumping praticado.

O órgão americano tem processos sobre o mesmo tipo de material para outros nove países (Austrália, Canadá, México, Holanda, África do Sul, Taiwan, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Vietnã). A decisão de agora, coincide com o movimento de aplicação de tarifas, por parte do presidente Donald Trump, contra importações em geral. O aço brasileiro, por exemplo, recebeu uma alíquota de 25%.

Tanto a Usiminas como a CSN já afirmaram ao mercado terem exportações limitadas aos Estados Unidos. Para a primeira, as exportações ao país norte-americano representaram menos de 2% do total nos últimos dois anos. A CSN, por sua vez, já afirmou a analistas na última teleconferência com investidores, que a empresa vende em torno de 300 mil toneladas de aço por ano para os Estados Unidos em produtos revestidos. Sendo que, em 2024, as vendas totais de aço da empresa foram de 4,551 milhões de toneladas.