Dona da Fiat vai vender peças remanufaturadas com preços até 40% mais baixos do que as novas

Grupo Stellantis lança novo negócio de reciclagem de peças com um total de cem itens; produtos terão garantia de um ano se instaladas em concessionárias da marca

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Foto do author Cleide Silva
Atualização:

O grupo Stellantis – que reúne as marcas Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep – anunciou nesta terça-feira, 11, a criação de uma nova unidade de negócios de remanufatura de peças. A partir de agora, o grupo passará a recolher componentes usados pelos modelos da marca, fazer reparos, reutilizar o que for possível e reciclar as partes que não puderem ser aproveitadas.

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O objetivo da companhia é expandir sua atuação global na chamada economia circular voltada à descarbonização total de suas operações até 2038. Segundo a empresa, a remanufatura utiliza 80% menos matérias-primas em relação à produção de peças novas e consome 50% menos energia no processo, além de reduzir emissões de CO2.

Para o consumidor, a vantagem será o acesso a uma peça com qualidade atestada pela fabricante, com garantia de um ano se for instalada em uma das revendas das marcas do grupo e, em média, 40% mais barata que uma nova.

Fábrica da Jeep em Goiana (PE): marca faz parte do grupo Stellantis Foto: Divulgação

Negócio já movimenta R$ 2 bilhões por ano

Chamada de SUSTAINera (era de sustentabilidade), a nova unidade nasce globalmente e com filiais no Brasil, Argentina e Chile. Atualmente, a remanufatura de componentes já é feita no País por fabricantes de caminhões e de autopeças, além de empresas independentes, e movimenta em torno de R$ 2 bilhões ao ano. No segmento de automóveis e comerciais leves o procedimento feito diretamente por uma montadora é inédito.

“Vamos multiplicar esse mercado por cinco, seis vezes até 2025, e queremos ser líderes nessa área”, disse ao Estadão o vice-presidente de Peças e Serviços da Stellantis para América do Sul, Paulo Solti. A Stellantis e suas quatro marcas detêm hoje 32,8% das vendas totais de automóveis e comerciais leves no Brasil.

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O anúncio da nova unidade foi feito na manhã de desta terça-feira em Amsterdã (Holanda), sede mundial do grupo. No Brasil, será feito oficialmente na quinta-feira, 13.

De acordo com Solti, itens, como caixa de câmbio, alternador e compressor já estão disponíveis em cerca de 1 mil revendas do grupo em todo o País. “Estamos trabalhando nesse projeto há cerca de 12 meses e definimos inicialmente 100 peças e vamos ampliando ao longo do tempo.”

O serviço de remanufatura será feito por fornecedores homologados pela marca mas o executivo não descarta ter uma unidade própria no futuro para essas operação. Na Europa, por exemplo, a Stellantis vai inaugurar no próximo ano um complexo para recondicionamento de veículos, desmontagem e remanufatura de peças em Mirafiori, na Itália.

Receitas previstas para o grupo

“O desenvolvimento de soluções sustentáveis por meio da economia circular é uma das prioridades globais da Stellantis, que será a líder no setor em mitigação das mudanças climáticas, tornando-se carbono neutro até 2038, com redução de 50% já em 2030″, afirma Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul.

A Stellantis espera que modelo de negócios chamado “do berço ao berço” – que significa reutilizar todos os componentes dos veículos – deve atingir mais de € 2 bilhões para o grupo até 2030. No Brasil, Solti prevê que a vai representar 5% das vendas totais de autopeças até 2025.

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Hoje, a companhia tem seis fornecedores homologados para as operações de remanufatura, mas esse número será ampliado gradualmente.

Solti prevê que peças remanufaturadas representem 5% das vendas de componentes do grupo no Brasil  Foto: Stellantis

A iniciativa, informa Solti, é a primeira do novo selo da empresa, SUSTAINera, que oferece transparência sobre economia de material e redução de CO2, e representa o compromisso da empresa com soluções de produtos e serviços sustentáveis e acessíveis.

“O objetivo é prolongar a vida útil dos veículos e peças, garantindo sua maior durabilidade, e devolver materiais e veículos em fim de vida ao ciclo de fabricação de novos veículos e produtos”, reforça o executivo.

Entre os exemplos citados por ele está o da remanufatura do câmbio automático, que reduz em 80% o uso de materiais comparado a produção de um equipamento novo, o que equivale em 76% de corte na emissão de CO2. Parta o alternador, as reduções são de 84% e 32%, respectivamente e, para um turbocompressor, de 81% e 40%.


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