Finlandesa Wärtsilä mira leilão no Brasil com 10 projetos de termoelétricas a gás natural

Há 34 anos no Brasil, empresa já construiu 30 usinas no País com uma capacidade total de 3 GW, mas nenhuma especificamente para reserva de capacidade, mercado que deseja disputar

PUBLICIDADE

Publicidade
Atualização:

RIO - A estratégia de crescimento da fabricante finlandesa de motores a combustão Wärtsilä no Brasil passa pelo próximo leilão de reserva de capacidade, disse ao Estadão/Broadcast o presidente global da companhia, Anders Lindberg. A empresa está envolvida em 10 projetos de usinas termoelétricas a gás natural em desenvolvimento para disputar o certame, equipamentos de partida rápida com capacidade instalada entre 200 MW a 600 MW.

PUBLICIDADE

“No Brasil, o importante para nós no momento é o próximo leilão de capacidade, onde teremos boa oportunidade de fornecer para muitos dos projetos vencedores”, diz Lindberg. Ainda que o desempenho dos projetos na licitação dependa das propostas feitas pelas empresas assessoradas, ele define como “altas” as expectativas da fabricante.

Há 34 anos no Brasil, a Wärtsilä já construiu 30 usinas no País com uma capacidade total de 3 GW, mas nenhuma feita especificamente para reserva de capacidade, mercado que a empresa deseja disputar cada vez mais com projetos greenfield — em 2021, no primeiro leilão do tipo, quase 1GW dos 4,6GW contratados foram de usinas construídas no passado para geração permanente que tiveram contratos renovados sob o novo formato.

Em viagem ao Brasil no fim de outubro, Anders Lindberg se reuniu com clientes e autoridades do setor elétrico a fim de se inteirar sobre o cenário: a incerteza segue sendo a data do leilão Foto: Divulgaçao/Wärtsilä

Baseada em números da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Wärtsilä estima que esse mercado flexível vai precisar de pelo menos 10 GW até o início da próxima década. Isso, diz Lindberg, vai exigir ao menos mais dois leilões, incluindo o processo em questão.

Leilão atrasado

Em viagem ao Brasil no fim de outubro, Anders Lindberg se reuniu com clientes e autoridades do setor elétrico a fim de se inteirar sobre o cenário: a incerteza segue sendo a data do certame, originalmente marcado para o fim de agosto desse ano e protelado há meses. Agora a expectativa de Lindberg é de que o leilão de capacidade aconteça no primeiro ou segundo trimestre de 2025.

Ao Estadão/Broadcast, fontes com conhecimento do assunto disseram que toda a preparação técnica por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e de demais órgãos competentes já foi concluída e a definição de uma data está na mesa do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Presidente da subsidiária brasileira da Wärtsilä, Jorge Alcaide é mais enfático ao reclamar sobre a falta de clareza com relação ao leilão. “Precisamos de uma definição clara sobre quando os certames vão acontecer, porque há um custo muito grande na preparação de projetos. Hoje é como comprar uma passagem de férias sem ter férias marcadas”, compara.

Publicidade

Alcaide também cita incertezas de regras e preços mínimos, por exemplo, sobre a acomodação dos preços do gás flexível e outros aspectos ligados ao funcionamento das usinas. Espera-se que os termos do leilão imponham uma hora e 30 minutos de rampa de partida e oito horas de operação mínima. Em que pese o cenário, diz o executivo, o Brasil segue prioritário para a companhia, ao lado do mercado americano, onde a empresa concentra a maior parte do portfólio e mira, sobretudo, o mercado de térmicas flexíveis do Texas.

Para onde se direcionam os projetos

A Wärtsilä não abre os clientes que assessora, mas detalha que, entre os 10 projetos em desenvolvimento, quatro deles estão no Sudeste, três estão no Nordeste, dois no sul e um no Norte do País. Um deles, apurou o Estadão/Broadcast, é o projeto de expansão da termoelétrica Povoação, no norte do Espírito Santo, recentemente comprada pela Eneva do BTG.

Segundo Alcaide, o “número mágico” de capacidade para a Wärtsilä para esse leilão é de 250 MW, mas é possível ser competitivo entre 200 MW e 500 MW. Com a demanda crescente por energia flexível, diz ele, o tempo dos grandes projetos de geração contínua, na casa dos GW, está acabando.

“As plantas que já existem obviamente participarão do leilão e têm uma grande vantagem porque o projeto tem um custo menor, já planejaram a instalação e a operação. Mesmo que sejam atualizadas, isso ainda é menos custoso do que construir uma planta completamente nova. Mas acho que também há oportunidade para construir novas plantas também”, diz o presidente global da Wärtsilä, Anders Lindberg.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.