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Fintech brasileira QI Tech recebe aporte de R$ 1 bi em meio à onda de oferta de serviços financeiros

Empresa tem geração de caixa acima de R$ 100 milhões por ano; nomes como 99, QuintoAndar e Shopee estão entre os cerca de 300 clientes da provedora de tecnologia

Foto do author Lucas Agrela

A QI Tech, provedora de tecnologia financeira para empresas, anunciou nesta terça-feira, 31, um aporte de R$ 1 bilhão liderado pelo fundo de investimentos General Atlantic, que também já investiu no Neon. Símbolo de uma mudança no perfil buscado por investidores de capital de risco, a empresa não integra o grupo de startups que buscam lucratividade a longo prazo.

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Desde o terceiro mês de existência, ela já gerava caixa em vez de usar os recursos disponíveis em busca de crescimento acelerado. O aporte, maior de 2023 em fintechs brasileiras, será utilizado para comprar concorrentes e negócios que permitam a entrada em novos setores.

Um exemplo de serviço prestado pela empresa é o aplicativo de carteira digital Vivo Money, da operadora Vivo, que utiliza a infraestrutura tecnológica da QI Tech para oferecer recarga de créditos de celular, cashback (dinheiro de volta em compras), pagar boletos e fazer transferência via Pix.

Além disso, a empresa tem licença do Banco Central para estruturar, administrar e proteger fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC). Atualmente, a QI Tech tem cerca de 300 clientes corporativos, entre os quais 99, QuintoAndar e Shopee.

Pedro Mac Dowell, Marcelo Bentivoglio e Marcelo Buosi fundaram a QI Tech em 2018 e já captaram R$ 1,27 bilhão em investimentos Foto: Mayara Araujo/QI Tech/Divulgação

Fundada em 2018 por Pedro Mac Dowell, Marcelo Bentivoglio e Marcelo Buosi, a QI Tech havia captado R$ 270 milhões em uma rodada de séria A no começo de 2021, do Fundo Soberano de Singapura. O capital foi usado para expandir a equipe e comprar a Zaig, empresa especializada em prevenção de fraudes e validação de cadastro de clientes.

“Navegar desde o final de 2021 até hoje com geração de caixa fez com que a gente pudesse crescer de duas a três vezes. A geração de caixa acima de R$ 100 milhões em uma companhia com quatro anos de funcionamento nos deixou em uma posição privilegiada por ser uma fintech fundamentalista, mais focada em resultado do que só em crescimento”, afirma Pedro Mac Dowell, CEO e fundador da QI Tech.

O aporte da General Atlantic ainda não levou a startup ao status de unicórnio, como são chamadas as startups que valem mais de US$ 1 bilhão, apesar de estar “perto”, segundo os fundadores. O novo valor de mercado da QI Tech, o valuation, não foi revelado. O aporte está sujeito à avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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O segmento de infraestrutura de finanças para empresas passa por uma boa fase, puxada pela tendência global de oferta de serviços financeiros por companhias de diferentes ramos, como operadoras de telefone, aplicativos de entrega e varejistas. Em 2023, a Visa comprou a startup Pismo por US$ 1 bilhão, enquanto a Evertec pagou quase R$ 2,5 bilhões pela Sinqia, duas empresas de tecnologia financeira.

Retomada

Um levantamento da consultoria Distrito mostra que a cifra de aportes em startups brasileiras caiu 54,6% em 2022, de US$ 9,76 bilhões para US$ 4,45 bilhões, após um ano recorde de captações em 2021, quando as startups levantaram US$ 9,8 bilhões.

Na visão de Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital, o apetite dos investidores de capital de risco voltou a aumentar neste fim de ano, após a maior seca de investimentos desse tipo desde 2021, devido à escalada dos juros no Brasil e nos Estados Unidos.

“O que vemos agora são investidores exigindo valores de empresas muito menores do que antes, o que é bom, porque antes esses valores estavam muito elevados. A única coisa que falta para dar uma acelerada maior nos investimentos em startups é a taxa de juros cair mais no Brasil”, afirma Nobile.

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