A Nomad, fintech que oferece conta global para viajantes, recebe nesta terça-feira, 22, o maior aporte do ano em uma startup financeira na América Latina em 2023. Liderado pela gestora Tiger Global Management, que investiu no Nubank e na Open AI (empresa por trás do ChatGPT), o aporte é de US$ 61 milhões, cerca de R$ 300 milhões. O investimento conta com a participação dos atuais investidores da Nomad: Stripes, Monashees, Spark Capital, Propel, Globo Ventures e Abstract. A captação leva a empresa ao valor de mercado de R$ 1,8 bilhão.
Com mais de 1 milhão de clientes, a Nomad tem como cofundador Patrick Sigrist, cofundador e CEO do iFood até 2015.
“Criamos essa categoria de conta global no Brasil em 2019. O País ainda está entre os últimos no ranking da América Latina que têm dinheiro no exterior. Haverá um movimento muito grande, com muitas oportunidades e o maior beneficiado será o cliente”, afirma Sigrist ao Estadão. No ano passado, pessoas físicas enviaram ao exterior US$ 4,7 bilhões, cifra recorde.
A nova captação de recursos será utilizada, segundo a empresa, para continuar a ampliar o número de clientes. A empresa disputa mercado com nomes como Wise, Revolut e C6 Bank na oferta de contas em dólar e outras moedas.
“Diferentemente de outras startups que demoram muito tempo para mostrar que o sonho pode virar realidade, já tivemos muito crescimento. Temos receita e lucro de verdade. Temos uma margem grande e estamos perto de atingir o breakeven (ponto de equilíbrio financeiro)”, diz Lucas Vargas, CEO da Nomad.
Para Renato Nobile, sócio e gestor da Buena Vista Capital, o mercado de investimentos de risco em startups, chamado venture capital, tende a reaquecer com a queda de juros no Brasil neste ano e o mercado ficará ainda mais intenso quando o mesmo ocorrer nos Estados Unidos. Segundo Nobile, as fintechs brasileiras estão bem posicionadas para captar recursos e as contas globais fazem parte de um movimento de aumento de poder de escolha do consumidor sobre suas finanças.
“A conta internacional é o início da descentralização das finanças. O consumidor quer poder ter a conta em real, dólar ou euro. Isso já é uma descentralização”, afirma Nobile.
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