Ford tem segundo ano de lucro após fechar fábricas no Brasil e se tornar importadora

Informação é do presidente da empresa, Daniel Justo; grupo exporta serviços de engenharia e só vende modelos premium importados

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Foto do author Cleide Silva

Quase três anos após anunciar o fechamento de suas fábricas no País e passar a ser importadora de modelos da marca, a Ford registra seu segundo ano de lucro na América do Sul, onde o Brasil era responsável por cerca de 70% das vendas. Além de comercializar apenas modelos premium, a empresa exporta serviços de tecnologia.

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Sem revelar o resultado financeiro da região, o presidente da Ford América do Sul, Daniel Justo, afirma que a região vai gerar lucro para o grupo pelo segundo ano seguido. Quando comunicou ao mercado sobre o encerramento da produção local, a montadora alegou que operava com prejuízos há vários anos.

Após o fechamento, a partir de janeiro de 2021, das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e da Troller em Horizonte (CE) — as operações da unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, já tinham sido encerradas dois anos antes —, a Ford decidiu manter seu centro tecnológico na Bahia e seu laboratório e pista de testes em Tatuí (SP).

Ford Mustang elétrico feito no México é vendido no Brasil por R$ 576,5 mil Foto: DIV

Atualmente, 35% do desenvolvimento de sistemas tecnológicos usados em várias aplicações pelo grupo no mundo são de responsabilidade da filial brasileira, informa Justo. O centro tecnológico emprega 1,5 mil engenheiros, dos quais 85% trabalham em serviços que são exportados.

“Mandamos as notas fiscais para Detroit (nos EUA, onde está a matriz da companhia) e trazemos os dólares para o Brasil com esses serviços”, diz Justo. Nesta terça-feira, 5, ele se reuniu em São Paulo com um grupo de jornalistas. As exportações de serviços geram faturamento de R$ 500 milhões.

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A estratégia da Ford em focar vendas apenas de modelos importados premium, com preços que variam de R$ 210 mil (Territory) a R$ 576,5 mil (Mustang Mach 1), também está dando certo. O grupo tem em seu portifólio cinco picapes, dois SUVs, o esportivo Mustang e três comerciais leves.

Neste ano, até novembro, a marca vendeu 25,3 mil veículos, 38% a mais ante igual período de 2022. A previsão de Justo é de alta de 40% até o encerramento do ano. Para 2024, a expectativa é de crescimento de dois dígitos, diz o executivo, sem detalhar números.

Fábrica agora é da BYD

Nesta terça-feira, 5, a Ford informou que a reversão da propriedade da fábrica de Camaçari foi finalizada e, a partir de agora, o imóvel pertence oficialmente ao governo da Bahia. A Ford informa que o processo foi “conduzido com o objetivo de viabilizar o crescimento econômico e social para a comunidade baiana.”

A fábrica já estava nas mãos da chinesa BYD desde 9 de outubro, quando a empresa promoveu evento para o lançamento simbólico da pedra fundamental. O grupo vai investir R$ 3 bilhões na planta onde terá três unidades para produção de automóveis híbridos e elétricos, ônibus e caminhões e, futuramente, de processamento de lítio. O repasse do prédio pelo governo à BYD foi feito por meio de contrato de concessão.

Pela devolução das instalações, a Ford recebeu R$ 220 milhões, segundo o governo baiano, para cobrir gastos de prédios e infraestrutura feitos pelo grupo americano. Hoje, foi paga a última parte desse valor.

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Quando anunciou o encerramento das operações, advogados que cuidavam do caso informaram que a montadora iria pagar cerca de R$ 2,5 bilhões como indenização ao governo da Bahia por fechar a fábrica após ter recebido incentivos fiscais desde o início de suas operações, em 2001.

A fábrica da Troller, no Ceará, continua à venda, mas, por enquanto, não há previsão de fechamento de negócio, diz o vice-presidente da Ford na América do Sul, Rogelio Golfarb.

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