Fundo de sobrinhos de Armínio Fraga perde 90% do patrimônio e pede desculpas a cotistas

Aposta equivocada nos EUA levou fundo da gestora carioca TT Investimentos cair de R$ 73 milhões para R$ 8 milhões; ex-presidente do BC tinha dinheiro investido

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Foto do author Fernanda Guimarães
Atualização:

Uma aposta equivocada no mercado de ações dos Estados Unidos levou a uma queda de cerca de 90% de valor em um fundo da gestora carioca TT Investimentos, fundada por dois sobrinhos do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que era um dos cotistas da opção de investimento, que foi lançada em 2018.

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Em carta enviada aos cotistas, Arthur Fraga Bahia admite que montou uma posição arriscada no fundo, por meio de compra e venda de opções da empresa americana Clarus Corporation, uma empresa que produz de equipamentos de montanhismo a armamentos, que o gestor disse que “conhece profundamente”.

“Até uma semana atrás a operação estava caminhando bem, mas há cinco dias, para sair da operação, tive de alavancar o fundo por alguns dias”, explicou Arthur. Ao fazer isso, segundo ele, o custodiante do fundo tirou a margem de garantia, o que o obrigou a liquidar a posição em dois dias, gerando “perdas irreparáveis ao fundo”.

“Não sei onde começar a pedir desculpas”, escreveu o gestor, em mensagem divulgada nas redes sociais. “Espero que um dia consigam me perdoar pelo meu erro.”

Armínio afirmou, ao Estadão, que investiu no fundo dos sobrinhos logo no início, como “capital semente”, sem nenhuma relação com a Gávea, a sua gestora com sede no Leblon, o principal corredor financeiro carioca. “Entrei no primeiro dia, eles foram muito bem por quatro anos, mas erraram na mão”, diz o ex-presidente do BC. O economista disse ainda que grande parte de sua poupança está investida na Gávea, mas que faz, em paralelo, muitos investimentos, e que “alguns dão errado”.

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A informação sobre as perdas da TT Investimentos foi originalmente publicada pela colunista Neuza Sanches, da revista Veja.

Ex-presidente do BC, Arminio Fraga estava entre cotistas do fundo que perdeu 90% do valor Foto: Fábio Motta/Estadão

O sobrinho do ex-presidente do BC disse que ele “não apenas perdeu dinheiro”, mas também “acabou com sua carreira”. “Saibam que mais de 95% do meu patrimônio e dos meus sócios estava no fundo”, disse ele, ainda na carta.

Conforme dados disponíveis no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o fundo tinha, em junho deste ano, um patrimônio de R$ 21 milhões, ou seja, bastante pequeno se comparado aos produtos de gestoras mais conhecidas do mercado. Os dados públicos mostram que a gestora já vinha, antes da derrocada, demonstrando um desempenho ruim.

Em julho de 2021, o valor do fundo era bem maior, de R$ 73 milhões. Hoje, o patrimônio do fundo está na casa dos R$ 8 milhões – uma queda de exatos 89,04%.

Além da Clarus, que de longe era sua maior posição, o fundo tinha posição em empresas como o grupo Disney e até mesmo a XP, que é listada nos Estados Unidos, conforme os dados mais recentes disponíveis, referentes ao final do ano passado.

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Ainda de acordo com a CVM, o fundo tinha apenas três cotistas, dentre eles o ex-presidente do BC.

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