Entre uma reunião e outra, a presidente do Publicis Groupe no Brasil, Gabriela Onofre, corre os dedos no celular para acompanhar o que está acontecendo nas redes sociais. “O LinkedIn tem isso de ser um termômetro do nosso mercado. Para mim, estar nas redes sociais também é parte do trabalho”, diz.
Mais do que se autopromover, para a executiva, o contato com o público no mundo virtual é uma ferramenta importante de luta pela equidade de gênero no mercado de trabalho e em especial na alta gestão. “A minha voz como liderança feminina é importante nas redes sociais”, enfatiza Onofre.
A executiva é uma das CEOs que ganharam destaque nas plataformas virtuais e se transformaram em verdadeiras influenciadoras do mercado corporativo. Tal função, ganhou relevância no seu dia a dia, e hoje ela já vê o contato com clientes, funcionários e demais seguidores nas redes como parte oficial do seu trabalho, como mais um skill (habilidades) relevante na carreira e para o cargo que ocupa. “Nós precisamos estar sempre um passo à frente”, afirma.
No LinkedIn, por exemplo, a CEO tem mais de 20 mil seguidores, com quem troca, compartilha pensamentos sobre o mercado, sobre pautas de gênero e também sobre liderança. Nas últimas semanas, a executiva foi um dos nomes por trás do movimento de CEOs Mulheres que protestaram contra as falas machistas do ex-presidente da G4 Educação, Tallis Gomes, junto de nomes como Carol Paiffer, da Atom Educacional, Daniela Graicar, da Pros, Luíza Trajano, do Magalu. “Quando você se expõe, você precisa estar aberto a receber as críticas e ideias diferentes”, afirma.
Na publicação em que rebateu as falas do executivo da G4, Onofre teve mais de três mil curtidas e foi acompanhada por algumas dezenas de comentários de outras mulheres endossando seu posicionamento. “Sou CEO. Sou mulher. Gero milhões em Ebitda”, escreveu, à época, nas redes sociais.
Um dos seus primeiros “posts virais” foi justamente sobre uma das causas que Onofre mais advoga no mercado. “Um dos primeiros posts que fiz foi justamente quando o Papa (Francisco) colocou a primeira mulher no conselho do Vaticano, aquilo me emocionou. Tive vontade de falar ‘que coisa maravilhosa o fato de ter uma mulher nessa posição em uma instituição tão conservadora e respeitada no mundo todo’”, recorda.
Esse engajamento, no entanto, não passa despercebido pela líder da gigante francesa do mercado publicitário. Acostumada a acompanhar planilhas com números e resultados do negócio, ela conta que usa seu conhecimento também para medir o retorno das publicações e da interação com seus seguidores, analisando quais assuntos têm a melhor performance e maior interesse.
“Esses dias fiz um ‘post’ sem imagem, achando que ninguém veria, mas pelo contrário, teve muito mais comentários. Para mim é um sinal de que o meu conteúdo gera debate nas redes”, relata. “As métricas da rede social são muito úteis para entendermos se aquilo é relevante, se o assunto é importante, ou não.”
Sobre a audiência, Onofre conta que começou a usar a plataforma bem antes de se tornar CEO, ainda quando atendia empresas como Johnson & Johnson e Procter & Gamble, o que a ajudou a construir uma reputação nas redes e se conectar com diversos nomes do mercado. “Escrevo no LinkedIn desde muito antes de chegar ao cargo de CEO”, lembra. “Eu quero viver num mundo mais inclusivo e o LinkedIn está inspirando as novas gerações a viverem nesse novo mundo”, complementa.
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