A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa diz que a pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, levou a marca a acumular dívidas de R$ 15,8 milhões. No ambiente de negócios no Brasil, os pedidos de recuperação judicial estão em alta, como mostrou o Estadão: o número de casos no primeiro semestre cresceu 71% em comparação com 2023, segundo dados do Serasa, e interromper tendência de endividamento depende do controle da inflação e do câmbio, da queda do juro e da geração de emprego, conforme economista que coordenou o estudo.
No caso da Giannini, o processo de recuperação judicial foi aceito na segunda-feira, 23, pelo juiz Jose Guilherme Di Rienzo Marrey, da 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados a Arbitragem da Comarca de Campinas (SP).
O isolamento social em decorrência do coronavírus provocou o fechamento de diversas lojas que eram clientes da Giannini, o que reduziu o faturamento e aumentou a inadimplência, disse a empresa.
Foi em 2023, porém, que o fluxo de caixa começou a ficar mais prejudicado. “A instabilidade cambial acarretou o aumento da matéria-prima e dos instrumentos musicais importados pela Requerente (a empresa que pede a recuperação judicial), o que prejudicou diretamente a sua linha de produção e gerou custos adicionais”, afirmou a Giannini.
Foi nesse momento que a tentativa de cumprir com as obrigações financeiras com ajuda dos bancos esbarrou no que a empresa chamou de “a maior crise de restrição creditícia das últimas décadas”. A fabricante disse ter sido obrigada a quitar parte das linhas de crédito que possuía até então.
Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa pelo prazo de 180 dias, e deve ser apresentado um plano de reestruturação.
Um século de história
A Giannini foi fundada no ano de 1900 na cidade de São Paulo. Após enfrentar crises como a Revolução de 1924 e a Segunda Guerra Mundial, a empresa viveu seu melhor momento na década de 1960, com a popularização da Bossa Nova e da Jovem Guarda. Nesse contexto, a marca passou a fabricar violões elétricos e começou a exportar instrumentos para a Argentina.
Em 2012, a fabricante chegou a inaugurar uma filial em Nova York, mas encerrou as atividades em 2016. Dois anos depois, com a morte do então diretor, Giogio Giannini, seus filhos, Roberto Coen Giannini e Flavio Coen Giannini, assumiram a direção da empresa.
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