Gol prevê fim da recuperação nos EUA em maio e negocia US$ 1,87 bi para facilitar a saída

A companhia aérea ainda estuda como vai levantar o valor, segundo informa no plano financeiro de cinco anos divulgado nesta quarta-feira, 15, que prevê aumento da frota para 167 aviões

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Foto do author Altamiro Silva Junior

A Gol negocia com credores um financiamento de US$ 1,87 bilhão (R$ 11,3 bilhões, ao câmbio desta segunda-feira, 15), que pode ser levantado com ações e dívida, para facilitar a saída do Chapter 11, medida da legislação dos Estados Unidos equivalente à recuperação judicial. A expectativa da companhia aérea é de sair em maio do processo, em que a empresa ingressou na Justiça em Nova York em janeiro passado.

A Gol tem uma audiência em 13 de fevereiro, em Nova York, para avaliar seu plano de reestruturação. No dia 15 de abril haverá nova audiência para confirmar o plano. Em maio está prevista a saída e, entre maio e junho, a Gol vai lançar a oferta para os atuais acionistas exercerem, ou não, seu direito de preferência.

Para levantar recursos, uma opção considerada pela Gol é captar até US$ 330 milhões com uma oferta de ações Foto: Fábio Motta/Estadão

A Gol ainda não chegou a um acordo para levantar o valor de US$ 1,87 bilhão, segundo a companhia informa no plano financeiro de cinco anos atualizado, divulgado nesta quarta-feira, 15.

Por que a Gol busca US$ 1,87 bilhão

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Esse dinheiro será necessário para pagar cerca de US$ 1,32 bilhão que a empresa tomou em financiamento DIP (protegido de credores) logo após entrar no Chapter 11, em janeiro de 2024. Este tipo de empréstimo é específico para empresas em processo de recuperação judicial. Os US$ 500 milhões restantes vão dar liquidez ao balanço da companhia.

Para levantar esses recursos, uma opção é captar até US$ 330 milhões com uma oferta de ações. “O financiamento de saída de US$ 1,87 bilhão permitirá que a Gol saia com sucesso do Chapter 11″, afirma a companhia.

Para conseguir levantar o financiamento de US$ 1,87 bilhão, a Gol pretende dar como garantia a marca do programa de fidelidade Smiles, a marca Gol Linhas Aéreas e slots de decolagem/pouso em grandes aeroportos brasileiros com capacidade limitada.

O roteiro para a melhoria das finanças

Um dos objetivos das medidas é reduzir a alavancagem financeira — estratégia de usar um dinheiro emprestado com a expectativa de que ele gere renda.

A empresa pretende reduzir a alavancagem medida pela dívida líquida em relação ao Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 6,1 vezes — esperada para maio — para 2,7 vezes até o final de 2027 e 1,9 vez até o final de 2029.

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Essa redução vai vir, segundo a empresa, da conversão da dívida em ações e do “forte aumento do Ebitda” à medida que aeronaves voltam a operar.

Acordo com três bancos

Para conseguir recursos para o dia a dia de suas operações, a Gol fechou acordos com três bancos, não revelados nos documentos. Com isso, está conseguindo antecipar os recebíveis que vêm das vendas de passagens aéreas parceladas no cartão em até R$ 1,87 bilhão.

Ainda com os bancos, a Gol negociou o reestruturação dos pagamentos de amortizações e o aumento do prazo de vencimento de debêntures (títulos representativos de dívida emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos), da ordem de R$ 856 milhões. Com isso, conseguiu passar o vencimento de junho de 2026 para dezembro de 2027.

Empresa projeta crescimento da frota

A Plano Financeiro de 5 Anos deve servir de base para o plano legal independente de reorganização da companhia nos termos do Chapter 11. O plano revisado utiliza uma taxa de câmbio de R$ 6,04, refletindo o atual cenário macroeconômico, e projeta crescimento da frota da companhia para 167 aeronaves até 2029.

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“O Plano de 5 Anos demonstra o compromisso da Gol em expandir sua operação, tanto nacional quanto internacionalmente”, segundo fato relevante, que menciona expectativa de investimentos também na frota já existente da companhia aérea no curto prazo.

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