O banco norte-americano Goldman Sachs (GS) deve deixar de aparecer no quadro societário da Oncoclínicas, com a conclusão de uma série de transferências de ações que detém na companhia e envolveu quatro fundos. Todos os fundos carregam o pré-nome de Josephina e tinham posições na Oncoclínicas. O quadro acionário no site da empresa não mostra as mudanças.
Procurada, a Oncoclínicas e o Goldman Sachs não comentaram.
No movimento, antecipado pela Coluna do Broadcast, o Goldman Sachs contou com a gestora de Private Equity Centaurus, que ficou com 16,05% da companhia e estruturou uma operação financeira (total return swap), por meio da qual a gestora passou a ter uma exposição econômica na empresa equivalente a 15,79%. O GS restou com 4,95% por meio do Fundo Josephina II.

Na semana passada, a Oncoclinicas foi questionada por um grupo de acionistas minoritários representados pela Associação Brasileira de Investimento, Crédito e Consumo (Abraicc) por ausência de convocação de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) após a Centaurus passar a deter uma fatia de 16,05% no grupo de oncologia em novembro do ano passado.
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O estatuto da Oncoclínicas prevê a obrigatoriedade de realização de uma OPA para a totalidade das ações de emissão da companhia quando algum investidor adquirir participação acionária relevante, igual ou superior a 15% do total das ações de sua emissão.
O fundo Centaurus surge a partir de uma reorganização dos fundos Josephina, do Goldman Sachs, em novembro do ano passado, nos quais o Centaurus era investidor. Nesta reorganização, as posições em Oncoclínicas detidas pelo Centaurus foram separadas. A Abraicc nasceu em outubro de 2024.
No site de Relações com Investidores da Oncoclínicas, o fundo Josephina III, resultante da reorganização, aparece com 16,05% de participação na companhia e o Goldman Sachs com 20,76%. Não consta a figura do fundo Centaurus.
No documento em que pede esclarecimentos, a Abraicc pede à Oncoclínicas explicações se de fato a participação detida por Centaurus configura uma participação acionária relevante, se provoca uma OPA e se mesmo antes da reorganização dos fundos do Goldman Sachs essa participação acionária indireta já preenchia os requisitos de posição.
Capitalização
Em dificuldades financeiras, a Oncoclínicas tem buscado investidores e atraído gestoras especializados em ativos em situações especiais para seu capital. Entre elas, a Latache que desde o final do ano passado construiu uma fatia de 10,19% na Oncoclínicas e, conforme apurou o Estadão/Broadcast, fez oferta para ficar com a fatia do Goldman Sachs, a qual foi recusada.
O Banco Master também entrou no capital social da Oncoclínicas no ano passado, por meio de uma capitalização de R$ 1,5 bilhão, ancorada pelo banco e por Bruno Ferrari, médico e fundador da Oncoclínicas. Nessa capitalização, o Goldman não usou seu direito de preferência e viu sua fatia ser diluída. Atualmente, o Master tem 19,9% de participação em Oncoclínicas. O fundador Bruno Ferrari tem 8,41% do capital.
O Goldman começou a investir na Oncoclínicas em 2015, chegou a ter 60% da empresa, mas viu sua participação ser diluída após não participar de dois aumentos de capital da companhia.