Maior empresa brasileira produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo, a Gerdau tem como vantagem, em relação à taxação às importações imposta por Donald Trump, o fato de produzir nos Estados Unidos aço que vende no mercado americano. Porém, a operação no Canadá é exportadora para os EUA.
“Toda a nossa produção que atende o mercado americano é feita nos Estados Unidos. Somos impactados em alguma parte naquilo que a gente produz do Canadá para os Estados Unidos. Vai bastante coisa do Canadá para os Estados Unidos”, afirmou o presidente do conselho de administração da Gerdau, Guilherme Gerdau, ao Estadão/Broadcast.
A tarifa de 25% sobre o aço (assim como a taxação do alumínio) foi assinada por Trump na segunda-feira, 10, abrangendo todos os países globalmente — o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA, é um dos atingidos.
A Gerdau, como já é amplamente sabido e reiterado à reportagem pelo empresário, reúne algumas vantagens em relação às demais siderúrgicas brasileiras por ter plantas de produção de aço em vários países, inclusive nos Estados Unidos.
Porém, a falta de informações sobre como na prática será implantada a barreira comercial desorienta o mercado. “Está muito confuso ainda todo esse tema das tarifas”, afirmou.

Na verdade, de acordo com Guilherme Gerdau, por enquanto, não tem nada ainda efetivamente definido. Quando se trata de Brasil, por exemplo, explica o empresário, a Gerdau exporta uma parte relevante de semiacabados para os EUA, mas hoje estas exportações estão fora dessas tarifas sinalizadas por Trump, por força dos acordos de exceção firmados no primeiro mandato do atual presidente americano.
“O que chega para nós agora é que essas exceções vão acabar. Mas ainda falta detalharmos o que exatamente vai acontecer. Mas o que está chegando para nós é que as exceções que existiam no sistema anterior com o governo Trump vão acabar”, observou Gerdau.
Ele ponderou que, apesar de as exportações de semiacabados a partir do Brasil terem escala, são consideradas pequenas perto do montante total do aço que a empresa coloca no mercado norte-americano.
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De acordo com Gerdau, o maior problema dos Estados Unidos neste mercado do aço é mesmo com a China e com a Europa, que têm despejado uma grande quantidade de aço produzido com subsídios de seus governos.
Para tentar minimizar os impactos de uma possível efetivação do aumento das tarifas pelo governo americano, Gerdau disse que pode elevar a sua produção nos Estados Unidos. “Nós já vínhamos aumentando a produção local nos Estados Unidos de forma orgânica. E agora, na medida que o mercado retoma, ainda temos capacidade local para atender o mercado americano”, disse.