Quem é o homem que mais ganhou dinheiro no mundo este ano

Gautam Adani, a pessoa mais rica da Ásia e da Índia, construiu um império de infraestrutura e tem fortuna maior do que nomes como Warren Buffett

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Atualização:

A pessoa que mais ganhou dinheiro em 2022 está longe de ser americana, de algum país da Europa ou até mesmo chinês. O indiano Gautam Adani, um dos maiores nomes da infraestrutura do país asiático que tem mais de 1,4 bilhão de habitantes, é conhecido por ser um dos maiores empresários da Índia. É até mesmo chamado de rei da infraestrutura por lá, com investimentos que vão desde minas de carvão, um dos seus primeiros negócios, até usinas de energia, portos e aeroportos.

Todos os negócios estão debaixo do guarda-chuva do seu Adani Group, empresa que tem ações negociadas na bolsa indiana. E a valorização recente dos papéis da companhia fizeram a fortuna de Gaudani saltar US$ 43,4 bilhões desde janeiro, segundo o ranking de bilionários organizado pela Bloomberg.

Patrimônio de Gautam Adanichegoua US$ 120 bilhões e o colocou na posição de sexta pessoa mais rica do mundo, à frente de nomes como Larry Page,Sergey Brine do megainvestidor americano Warren Buffett Foto: Amit Dave/File photo/Reuters

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Detalhe: isso fez com que o seu patrimônio chegasse a US$ 120 bilhões e o colocou na posição de sexta pessoa mais rica do mundo, à frente de nomes como Larry Page e Sergey Brin, fundadores da Alphabet (dona do Google), e do megainvestidor americano Warren Buffett. Mais do que isso, ultrapassou o compatriota Mukesh Ambani, que também atua no ramo de infraestrutura e energia, e se tornou o homem mais rico da Ásia nesse ano.

A fortuna de Adani começou a tomar mais força durante a pandemia da covid-19, época em que o empresário passou a anunciar uma série de investimentos e também em um momento em que as ações das suas empresas listadas na bolsa da Índia dispararam. Isso fez com que a sua fortuna multiplicasse por 12 desde março de 2020.

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Um dos planos de investimentos que mais chamam a atenção do grupo de Adani é o de aportar US$ 70 bilhões em projetos ligados à energia renovável até 2030. Trata-se de uma medida que vai em linha com os planos da Índia e primeiro-ministro Narendra Modi. O líder indiano se comprometeu durante a COP26, realizada no ano passado, a zerar as emissões de carbono nos próximos 50 anos. Porém, mais do que isso, prometeu que metade da energia produzida no país será vinda de energias renováveis – hoje, elas representam apenas 3% da matriz indiana.

A ascensão de Modi em 2014 também foi preponderante para que esses grandes empresários indianos começassem a ganhar mais espaço na economia e aumentar a sua fortuna, segundo o indiano Umesh Mukhi, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas. “Quando Modi foi eleito deixou esses empresários à frente para captar e investirem recursos na Índia. E o primeiro-ministro vendeu muito bem a imagem da Índia se tornar um grande destino de investimentos”, diz Mukhi.

Não por acaso, há atualmente 17 bilionários indianos no ranking organizado pela Bloomberg. Como comparação, o Brasil possui apenas nove nomes. Como o PIB da Índia é o que tem a maior estimativa de crescimento entre as grandes economias para 2022 (alta de 8,2%, segundo previsões do FMI), esse número pode crescer ainda mais nos próximos anos.

História

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No entanto, antes de fazer fortuna durante um dos momentos mais complicados da história recente, Adani teve uma daquelas histórias clássicas de um empreendedor de sucesso. Aos 18 anos e não muito fã de estudar, abandonou a faculdade e se mudou de Ahmedabad, sua cidade natal, para Mumbai, uma das mais populosas do país. Lá, começou um negócio em que trabalhava para identificar diamantes verdadeiros de cópias baratas que logo evoluiu para compra e venda das pedras preciosas. Com isso, se tornou milionário aos 20.

Porém, um dos seus irmãos precisava de ajuda para tocar uma fábrica de plástico que acabara de comprar em Ahmedabad. A missão de Adani era fazer o comércio exterior, tanto a compra de matérias-primas para a fábrica quanto a venda. Logo, o negócio evoluiu para outros tipo de commodities, mineração de carvão, e a abertura comercial realizada na Índia em 1991 foi o que faltava para Adani se tornar um dos grandes nomes do empresariado de lá.

Outro fator que ajudou a alavancar os ganhos das empresas de Adani foi vencer o contrato de privatização do Porto de Mundra, o maior porto comercial da Índia e também o mais importante ponto de importação de carvão da Índia – que é o responsável por mais de 40% da matriz energética da Índia e um dos grandes responsáveis pela fortuna do empresário.

Porém, nos últimos anos, com o apoio de Modi para o desenvolvimento da infraestrutura indiana, que sofre de muitas das mazelas que o Brasil nessa área, fez com que o magnata ampliasse ainda mais seus tentáculos para outras áreas. Hoje, ele comanda sete aeroportos que representam praticamente 25% de todo o tráfego aéreo do país.

O empresário tem ampliado a sua atuação em países que tem fronteiras com a Índia, como o Sri Lanka, onde Adani vai construir um terminal portuário. Para completar, também passou a atuar nos últimos meses em data centers e quer atuar em toda a Índia, que se tornou um dos polos tecnológicos mais importantes do mundo.

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