Quem for comprar casa própria a partir de agora vai encontrar preços maiores, diz presidente da CBIC

Segundo Renato Correia, situação reflete a escalada nos custos das construções, especialmente na mão de obra

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Foto do author Circe Bonatelli

Quem for comprar um imóvel novo vai se deparar com preços maiores ao longo dos próximos meses, disse nesta segunda-feira, 28, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia. A situação reflete a escalada nos custos das obras, segundo ele.

“A situação vai gerar o repasse de custo maior para o preço dos imóveis. Quem for comprar a casa própria vai encontrar preços maiores. Não tem jeito, as empresas têm de preservar as margens (de lucro)”, disse, em entrevista após apresentação de dados do setor.

Custos da construção subiram acima da inflação geral nos últimos doze meses Foto: Werther Santana/Estadão

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A economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, apontou uma tendência de alta nos custos de construção. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) já subiu 5,48% nos últimos 12 meses encerrados em setembro, enquanto a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 4,42% no mesmo período. “Ou seja, o custo de construção está acima da inflação do país”, enfatizou Vasconcelos.

O setor de construção está com uma demanda aquecida por mão de obra, mas têm faltado trabalhadores qualificados, o que gera uma elevação nos salários. Com isso, o componente “mão de obra” dentro do INCC subiu 7,7% nos últimos 12 meses, pressionando os custos setoriais.

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Além disso, os custos dos materiais de construção voltaram a subir nos últimos meses, configurando uma tendência de alta, apontou Vasconcelos. Ao longo de 2023, os materiais vinham mostrando deflação, mas essa tendência se reverteu, e esses itens passaram a subir rapidamente desde março, chegando a 3,89% nos últimos 12 meses. “O custo com material vem registrando aceleração e volta a preocupar o setor construtor”, disse a economista.

Atualmente, as maiores preocupações para o empresário da construção são, nesta ordem: carga tributária elevada; custo e/ou falta de mão de obra qualificada; e taxa de juros elevadas. A economista comentou que o ciclo de alta da Selic, iniciado recentemente, também passa a pressionar o custo do financiamento para o setor. “Esses fatores formaram uma ‘tempestade perfeita’ para o setor da construção”, enfatizou.

Dificuldade de repasse

Renato Correia disse também que há incorporadoras com dificuldade de encaminhar o cliente para o financiamento bancário no momento de entrega das chaves do imóvel vendido na planta. A situação, segundo ele, decorre da elevação dos juros no País e da falta de recursos para abastecer os financiamentos. “Tem muito empreendimento com dificuldade de fazer o repasse”, disse.

Diante dessa situação, o presidente da CBIC reiterou o pleito para que ocorra a liberação dos depósitos compulsórios dos bancos e o seu direcionamento para o crédito imobiliário. Essa medida serviria para amenizar a situação de aperto até um momento mais favorável nos próximos meses. O Banco Central (BC), entretanto, não tem indicado apoio à medida. “O BC entende que não é um remédio definitivo”, comentou Correia.

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A proposta consiste na redução de 5% no compulsório bancário com o objetivo de direcionar o dinheiro para os financiamentos de imóveis. Essa sugestão foi encaminhada para a autoridade monetária no início de 2023 pelos representantes do setor da construção, entre eles a própria CBIC, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o Secovi (que reúne as empresas do setor imobiliário) e o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção). Ao longo do ano, os bancos também aderiram, sob liderança da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Por trás dessa movimentação está a preocupação com os juros altos do crédito imobiliário, que inibem lançamentos e vendas. Uma das razões para isso é o encarecimento das fontes de recursos que os bancos usam para conceder empréstimos.

Os últimos anos foram marcados por perda de recursos das cadernetas de poupança - fonte de recursos com menor custo para o crédito - e a necessidade de utilização de outras fontes de mercado pelos bancos, geralmente atreladas ao CDI.

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