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Incorporadora investe R$ 1,5 bi para erguer World Trade Center do agronegócio em Mato Grosso

Grife símbolo de negócios de sucesso chegará a Sinop em projeto liderado pela Haacke e nascido a partir da demanda do público de alta renda que compra imóveis em Balneário Camboriú (SC)

Foto do author Lucas Agrela

Motor da economia brasileira, o agronegócio terá um World Trade Center (WTC) para chamar de seu. O prédio comercial de 25 andares será construído ao norte de Mato Grosso, em Sinop, um dos municípios mais relevantes para a economia do Estado. Previsto para ser concluído em 2029, o empreendimento é liderado pela incorporadora Haacke, de Balneário Camboriú, e faz parte de um megaprojeto de prédios na cidade, que terá investimentos de R$ 1,5 bilhão. O projeto envolve a torre da grife WTC, um centro médico, torres residenciais e comerciais. Para uma cidade de prédios baixos, o WTC nascerá como um imponente centro de negócios.

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A Haacke foi para Sinop após identificar uma oportunidade imobiliária, uma vez que seus clientes de prédios residenciais em Balneário Camboriú eram de Mato Grosso. Como a cidade do litoral catarinense tem poucos terrenos disponíveis, a FG, por exemplo, é dona de 80% das áreas de frente para o mar, a incorporadora buscou novos mercados.

O megaprojeto em Sinop é o maior da história da empresa, que tem 33 anos, e tem previsão de conclusão em 14 anos, se houver a demanda esperada pelos empreendimentos. Enquanto o valor geral de vendas da Haacke foi de R$ 375 milhões em 2023 e deve chegar a R$ 450 milhões neste ano, só o empreendimento de Sinop terá Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 3 bilhões, considerando todas as suas etapas.

Douglas Haacke, diretor comercial e filho do fundador Carlos Haacke, conta que o contato com os clientes em Balneário Camboriú e análises de mercado mostraram que a cidade, assim como outras em Mato Grosso, representava uma oportunidade de investimento para expansão dos negócios. Além de Sinop, a Haacke tem projetos em Sorriso e Primavera do Leste.

“Nós identificamos que Sinop era uma cidade com potencial gigantesco na área imobiliária. Em nossos estudos, observamos que Sinop estava reunindo os maiores produtores agro do Brasil. Então, Sinop já não é mais uma cidade agro, é uma cidade de serviços, cosmopolita e diferenciada”, diz. O WTC de Sinop já começou a ser construído, ainda na etapa da fundação, em parceria com a construtora Terra Brasil. Porém, a empresa que irá erguer o prédio ainda não foi definida.

Seguindo o padrão internacional do WTC, o projeto inclui um data center interno para fornecer internet de alta velocidade e armazenamento local de dados, por mais eficiência e conectividade digital. Além disso, o edifício contará com um sistema de segurança com circuito fechado de televisão e análise de vídeo baseada em inteligência artificial para garantir a segurança dos clientes das salas comerciais.

O controle de entrada no prédio utilizará biometria facial e digital e cartões de acesso. O prédio terá também um sistema de controle de vagas livres no estacionamento e um sistema de leitura de placas para maior segurança e praticidade de acesso. O projeto prevê 180 escritórios, mais de 400 vagas de garagem, assim como áreas de lazer, alimentação e eventos.

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O WTC ficou mundialmente conhecido em 2001, quando um atentado terrorista coordenado pela Al-Qaeda derrubou as torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro. No lugar, foi erguida uma torre única, chamada One World Trade Center, com mais de 100 andares. Atualmente, abriga escritórios de empresas do setor financeiro, mídia e tecnologia.

Por que Sinop?

Douglas precisou convencer o WTC a criar o projeto em Sinop. Ele teve que defender a escolha da cidade para o conselho do WTC, já que Sinop não era uma escolha óbvia, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Curitiba, que já possuíam empreendimentos da marca. Com a tese de que seria importante a marca ter um edifício comercial que simboliza o sucesso do agronegócio brasileiro, conseguiu contornar as objeções relacionadas ao Brasil ter problemas de segurança jurídica para fazer investimentos e de a cidade ser menos conhecida do que as capitais. Além de São Paulo, onde tem um edifício comercial à beira da Marginal Pinheiros há mais de 30 anos, o WTC tem unidades em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Joinville (SC) e Brasília (DF). No mundo, são mais de 300 unidades.

Segundo o levantamento mais recente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a cidade de Sinop foi a 40ª mais importante para o agronegócio brasileiro em 2022, gerando uma receita de R$ 2,5 bilhões. O plantio da região é, predominantemente, de milho e soja. Entre as cem cidades mais importantes para o setor, Mato Grosso tem 40 no ranking do Mapa, sendo as maiores Sorriso, Campo Novo do Parecis e Sapezal.

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A posição geográfica de Sinop lhe dá o apelido de capital do norte de Mato Grosso, sendo mais próxima do que Cuiabá a cidades do Pará, de Rondônia e do Tocantins. Ao mesmo tempo, também é mais perto para quem está em Sorriso, a 86 km de distância, contra 400 km. A estrada entre o norte e o sul do Estado, a BR-163, é conhecida como a “rodovia da morte”, devido aos acidentes de trânsito. Por isso, quem é do norte tende a ir pouco para o sul, o que acabou desenvolvendo cidades como Sinop.

Entre as maiores empresas que atuam na cidade, estão a Frigoweber, de proteína animal, a Inpasa, de transformação de grãos, e a Jhonrob, fabricante de equipamentos como silos e secadores.

Novo empreendimento da Haacke com a grife americana World Trade Center está em início de construção em Sinop, em Mato Grosso Foto: Adelmo Lima/Estadão

Leandro Gilio, pesquisador e professor do Insper Agro Global, afirma que Sinop não só está perto de grandes polos de produção de grãos e transformação, como também tem oferta de infraestrutura, como um aeroporto que facilita idas e vindas de empresários. Para o especialista, mais investimentos no mercado imobiliário, tanto comercial quanto residencial, devem chegar ao Estado para atender os empresários e seus funcionários.

“As empresas do agronegócio têm se tornado gigantes. Muitas delas têm origem familiar, mas estão se profissionalizando, investindo em gestão. Isso deve influenciar nas principais cidades do setor, levando à criação de empreendimentos imobiliários, o que já acontece mesmo fora de Mato Grosso. Balneário Camboriú se desenvolveu com dinheiro do agro, que lá gosta de passar o veraneio. Os empresários investem muito em empreendimentos na cidade, e isso deixa os preços dos imóveis inchados”, afirma.

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Gilio diz ainda que a estratégia do WTC de chegar à região com foco no agronegócio tem relação com o poder produtivo do setor. “O elo econômico do Brasil com o mundo é o agronegócio. Quando o mundo olha para o Brasil, pensa no agro, no fornecimento de alimentos e em energia.”

Segundo o secretário de Planejamento Urbano e Habitação do município de Sinop, Luiz Magnani, o plano diretor recentemente revisado passou a estimular a verticalização gradual da cidade para aliviar o déficit habitacional, que aumentou com a chegada de mais moradores nos últimos anos. Ele diz que a construção de edifícios deve ficar especialmente no centro da cidade e perto de avenidas, para otimizar o uso dos terrenos e evitar o esvaziamento do centro. Segundo dados do Censo 2022, Sinop tem 196 mil habitantes, um aumento de 73,36% em comparação com o Censo de 2010.

Para Magnani, o WTC é visto como um marco desse processo de verticalização e um catalisador do desenvolvimento da cidade, atraindo outros empreendimentos de alto padrão e impulsionando a economia local.

Como surgiu a Haacke?

A Haacke Empreendimentos foi fundada pelo empresário Carlos Julio Haacke Junior e sua esposa, Rosa Maria Ribeiro Haacke, em 1991. A trajetória da empresa começou em Lages, Santa Catarina, onde Carlos, formado em Ciências Contábeis e Economia, com pós-graduação em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), atuou como professor universitário na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac). Além disso, foi consultor administrativo, contábil e tributário, além de administrador jurídico na comarca de Lages. O trabalho o tornou conhecido na região como o “consultor que levantava empresas em concordata em seis meses”.

Carlos ingressou no setor da construção civil em 1975, fundando uma empreiteira que evoluiu para uma construtora. Em 1983, concluiu o seu primeiro empreendimento em Lages. Depois, por problemas de saúde de Rosa, a família se mudou para Balneário Camboriú, onde o empresário decidiu investir também no mercado imobiliário, construindo o seu primeiro empreendimento na cidade. Os negócios evoluíram para a fundação da Haacke há 33 anos, dedicada a projetos residenciais.

Rafael, Alex e Douglas, os três filhos do casal, também se juntaram ao negócio familiar, aumentando o número de projetos. Isso levou a empresa a estar hoje nas cidades de Balneário Camboriú e Barra Velha, em Santa Catarina, e Sinop, Sorriso e Primavera do Leste, em Mato Grosso, onde a empresa marca a sua expansão com a grife WTC.

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