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Investimentos em fintechs no Brasil vêm mudando de perfil; entenda por quê

Disputa saiu do mercado voltado a consumidores finais, que já tem concorrentes como Nubank e C6

Foto do author Carlos Eduardo Valim
Atualização:

Os investimentos em fintechs (as startups do setor financeiro) vêm mudando de perfil. Se a primeira onda de fintechs trouxe interesse por negócios como carteiras digitais e bancos digitais, como o Nubank, e os anos entre 2019 e 2021 viram uma onda de investimentos em empresas que buscavam democratizar o acesso ao crédito, agora seria a vez de modelos de negócios que não são voltados ao cliente final.

As fintechs que chamam a atenção, agora, são direcionadas para serviços voltados para empresas, como são os casos da QI Tech e Celcoin (as empresas que receberam os maiores investimentos este ano, de US$ 250 milhões e US$ 125 milhões, respectivamente), além da Pismo, comprada pela Visa por US$ 1 bilhão, no ano passado. Elas adotam modelos de negócios de mais difícil compreensão para quem não está inserido no setor, como por exemplo, oferecerem plataformas para empresas rodarem serviços financeiros.

“A disputa saiu do mercado voltado a consumidores final, em que a disputa acontece pela atração do maior número de clientes, e que já é muito competitivo, com Nubank, C6, Nomad e com a reação dos incumbentes, como o BTG Digital, e os esforços do Itaú”, diz Carlos Simonsen, cofundador do fundo de venture capital brasileiro Upload Ventures. “Agora, o interesse está em se aprofundar na cadeia de valor inteira. As empresas pensam para que precisam de um banco tradicional para fazer as suas transações financeiras, se podem usar as infraestruturas de fintechs e movimentar seus pagamentos por conta própria.”

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Um exemplo desse interesse foi percebido pelo Stark Bank, fundado em 2018, para atender o mercado corporativo e que já se coloca entre os 15 que mais fazem transações por Pix entre empresas. “Fomos procurados recentemente por seis fundos. Os estrangeiros estão batendo à porta procurando oportunidades”, afirma o fundador, Rafael Stark, que diz não estar buscando financiamento.

“Não aceitamos os investimentos, por que fizemos R$ 100 milhões de lucro líquido nos últimos dois anos e temos R$ 440 milhões em caixa. Não precisamos de mais R$ 500 milhões para fazer aquisições, em troca de venda de participação na empresa. E também porque não montamos este negócio para vendê-lo depois de poucos anos”, diz. “Também não precisamos de caixa para rodar o negócio depois de 12 meses. Já passamos desta fase há dois anos.”

Rafael Stark, fundador e CEO da startup StarkBank Foto: Marcelo Chello/Estadão

O Stark Bank movimenta anualmente mais de R$ 150 bilhões e realiza mais de 1 bilhão de transações. Desde sua criação, já recebeu cinco aportes que totalizaram US$ 61,1 milhões - incluindo investimentos da Bezos Expedition, fundo pessoal de Jeff Bezos, fundador da Amazon. Além de Bezos, também atraiu o interesse de outros sócios de peso, como os fundadores do Airbnb e Slack.

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