Às vésperas de fechar uma oferta bilionária de ações, o papel do IRB Brasil Re renovou mínimas históricas nesta terça-feira, 30, dia em que a empresa anunciou a venda de seu prédio-sede, no Rio de Janeiro, por R$ 85,3 milhões. Os atuais acionistas da resseguradora, com Bradesco e Itaú encabeçando a lista, têm até esta quarta-feira, 31, para sinalizar se vão participar da captação para evitar a diluição de suas participações. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, os dois bancos devem entrar na operação.
Os demais investidores têm até quinta-feira, 1º, para reservar suas ações, dia em que o preço de venda de cada papel será definido. Por isso, ainda não é possível saber a real demanda pela ação, de acordo com fontes. A operação está sendo feita com esforços restritos, ou seja, é voltada apenas para o investidor qualificado, aquele com ao menos R$ 1 milhão investido.
Como muitos investidores montaram posições vendidas no papel, ou seja, apostando que vão sair a preço baixo na oferta, uma fonte comenta que haverá demanda para comprar o papel. Essa estratégia foi montada por meio do aluguel de ações e o investidor precisa da ação para encerrar a operação. Por isso, as taxas e custos para alugar o papel do IRB dispararam desde a semana passada.
Com a oferta próxima da reta final, os investidores resolveram “bater” no papel, comenta o diretor de um banco. Para esses agentes, quanto menor sair o preço na oferta, melhor. Por isso, desde ontem o papel vem caindo e renovando mínimas históricas. Hoje, o papel caiu 7,53%, a R$ 1,72. O IRB é avaliado em R$ 2,2 bilhões. Nos últimos seis meses, a queda chega a 44,5%.
O IRB tem enfrentado uma série de dificuldades, com suspeitas de fraudes por seus administradores e até um imbróglio internacional: a empresa chegou a anunciar que Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, era seu acionistas – só para ser desmentida pelo megainvestidor.
Prédio histórico
A mudança de endereço do IRB, com a venda da sede, por R$ 85 milhões, vem no momento em que a resseguradora tenta levantar R$ 1,2 bilhão, teto para a oferta, para cumprir as normas da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Diante disso, o mercado acredita que as ações podem sair com forte desconto.
A oferta, no entanto, não é a única alternativa a que a companhia pretende recorrer. “Temos ativos e participações relevantes que não podem ser utilizados para a cobertura de provisões. Estamos trabalhando na venda desses ativos e participações”, disse o CEO, Raphael de Carvalho, na teleconferência do IRB, no último dia 16.
Ele não detalhou, na ocasião, quais são os ativos nem quanto o IRB espera levantar com eles. Em documentos anuais enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o IRB afirmou neste mês que os principais ativos imobiliários de suas subsidiárias são quatro, entre terrenos e unidades em prédios comerciais, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A lista não inclui a sede do IRB, vendida ao Sebrae-RJ. O edifício, localizado no Centro do Rio de Janeiro, foi construído em 1941 sob as premissas do movimento modernista, e é tombado pelo patrimônio histórico. Segundo o IRB, a venda é parte de um esforço para otimizar sua estrutura de capital. A empresa deixará o prédio até o final deste ano.
Shopping centers
O IRB Brasil Re comunicou nesta terça-feira, 30, que fechou um acordo extrajudicial em que as empresas proprietárias e controladoras do empreendimento Casashopping (de decoração), localizado na cidade do Rio de Janeiro, se comprometem a pagar R$ 100 milhões à companhia para encerrar as ações judiciais entre as partes que tramitam há quase 20 anos, bem como vender a participação imobiliária do IRB no empreendimento.
A conclusão do processo de negociação, conduzida pela administração do IRB Brasil, está inserida na estratégia de otimização da estrutura de capital e do indicador regulatório de cobertura de provisões técnicas da companhia, completa o IRB em comunicado ao mercado divulgado há pouco.
A empresa também possuía cotas de um fundo imobiliário que detinha cerca de 20% do Shopping Internacional de Guarulhos (SP), vendidas a um fundo gerido pela XP.
Procurado, o IRB não comentou.
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