O Itaú Unibanco fechou o quarto trimestre de 2022 com lucro líquido gerencial de R$ 7,668 bilhões, alta de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, o lucro do maior banco do País cresceu 14,5%, para R$ 30,786 bilhões.
Graças a margens mais altas, fruto de uma carteira de crédito mais rentável, o maior banco do País conseguiu absorver o impacto de um evento subsequente de um grande cliente corporativo sobre o custo de crédito. O nome do cliente não foi informado, mas o movimento, que é o mesmo já informado pelo Santander Brasil, indica que se trata da Americanas.
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O Itaú é um dos maiores credores da companhia, que pediu recuperação judicial em janeiro, com R$ 2,9 bilhões a receber da varejista. Em termos relativos, é um dos grandes bancos menos expostos à companhia, o que dilui o impacto do evento sobre o resultado. O Itaú diz que houve um esforço para cobrir 100% do evento, com impacto negativo de R$ 719 milhões no lucro recorrente.
Apenas com este cliente, o banco teve uma despesa de R$ 1,3 bilhão em provisões. Ao todo, o custo de crédito do Itaú foi de R$ 9,805 bilhões, alta de 58,1% em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com o balanço.
O efeito não levou a uma queda no lucro graças ao crescimento das margens do Itaú. A margem financeira gerencial foi de R$ 24,975 bilhões, alta de 17,8% em um ano, puxada pela margem com clientes, que entre outros, reflete os ganhos com empréstimos. Ela fechou o trimestre em R$ 24,227 bilhões, alta de 21,7% em um ano, refletindo tanto o maior volume de crédito quanto a alta da Selic.
Já a margem com mercado, que reflete o resultado da tesouraria do banco, caiu 42,5% em um ano, mas subiu 44,9% em três meses, para R$ 748 milhões. No informe de resultados, o Itaú afirma que no trimestre houve uma melhoria na administração de ativos e passivos, em relação ao período encerrado em setembro, bem como na tesouraria das operações na América Latina.
O spread (diferença entre custo de captação e os juros cobrados dos clientes) foi de 8,7%, 1 ponto porcentual maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Em relação ao terceiro trimestre, aumentou 0,1 p.p.
As receitas com serviços, por sua vez, subiram 1,7% em um ano, para R$ 10,427 bilhões, graças aos maiores ganhos com administração de recursos e com cartões, tanto na captura quanto na emissão.
Ao longo do ano, a instituição observou um aumento no custo de crédito e uma redução nos resultados da tesouraria. Entretanto, por ser mais exposta a um público de maior renda, foi menos afetada pelo aumento da inadimplência que seus pares privados, o que reduziu o impacto sobre a rentabilidade.
Continuidade e rentabilidade
O presidente do banco, Milton Maluhy, afirmou que o foco nos clientes e na gestão de riscos levou ao crescimento dos resultados do banco no ano passado. “Antecipamos o atual ciclo de crédito, diversificamos nossos portfólios e calibramos nossa exposição. Ao mesmo tempo, continuamos a consolidar nossa transformação cultural e digital, o que tem sido fundamental para os resultados conquistados pelo Itaú Unibanco nos últimos trimestres”, disse, em nota.
A carteira de crédito do conglomerado, que inclui a operação brasileira e as de outros países da América Latina, encerrou o período em R$ 1,141 trilhão, um aumento de 11,1% em 12 meses, e alta de 2,7% em três. De acordo com o banco, o crescimento veio principalmente das operações de varejo, em que entram pessoas físicas e empresas de menor porte.
No trimestre encerrado em março, os ativos totais do Itaú chegaram a R$ 2,469 trilhões, um aumento de 14% em termos anuais, e alta de 1,9% em um trimestre. Segundo o banco, a alta foi puxada pela carteira de títulos e pelas operações de crédito.
O patrimônio líquido do Itaú, por sua vez, foi de R$ 160,925 bilhões, alta de 11,3% em 12 meses. Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recorrente da instituição foi de 19,3%, uma queda de 0,9 ponto porcentual em um ano, e de 1,7 p.p. em três meses.
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