A Iveco anunciou hoje a criação de uma nova unidade em Sete Lagoas, na região central de Minas Gerais, especializada na produção de veículos de defesa. A instalação faz parte de um plano de investimentos de R$ 570 milhões da empresa no Brasil, iniciado em 2007 e que se encerra este ano. A princípio, vai produzir 2.044 Veículos Blindados de Transporte de Pessoal (VBTP), batizado pelo Exército Brasileiro (EB) de Guarani, mas já tem planos para o desenvolvimento de outros projetos do tipo.O anúncio da criação da nova unidade foi feito pelo presidente da Iveco Latin America, Marco Mazzu, junto com o comandante do EB, general Enzo Peri, após encontro com o governador do Estado, Antonio Anastasia (PSDB). Segundo Mazzu, será feito um investimento de R$ 75 milhões nas novas instalações da fábrica que já funciona no município, com criação de 350 empregos diretos. "A base (da nova unidade) foi nosso trabalho em parceria com o Exército no Veículo Blindado de Transporte de Pessoal. É um novo desenvolvimento que se encaixa dentro de um conceito. É um projeto inteiramente novo, desenvolvido no Brasil", disse.Até o próximo ano, de acordo com o executivo, será produzido um "lote piloto" de 16 unidades, que será avaliado pelo EB. A partir de então, terá início a produção das 2.044, fruto de um contrato de R$ 6 bilhões assinado no fim de 2009. "Será mais uma etapa de expansão do polo automotivo de Sete Lagoas, do qual temos muito orgulho", ressaltou Mazzu. Ele afirmou ainda que, após o fim do contrato, há possibilidade de exportação dos veículos, mas isso ficará a cargo do EB, cujos engenheiros foram responsáveis pela criação do projeto em parceria com técnicos da Iveco.Se depender de Peri, "não há dúvida nenhuma" de que veículo será vendido para outros países. Para ele, essa é uma questão de "sustentação" da própria indústria bélica brasileira. "Sempre entendemos que toda a indústria de defesa instalada aqui vai atender não só o Brasil, mas também para exportação. Porque aquilo que é produzido no Brasil atrai também os outros países da América do Sul, pelo menos", disse, afirmando ainda que há possibilidade de exportação também para Europa e Ásia.O lote piloto do Guarani será produzido com maioria de componentes importado, mas, de acordo com Mazzu, quando a produção em série tiver início, ao menos 60% das peças serão nacionais. Para isso, a Iveco quer atrair para seu "condomínio de fornecedores" instalado em Sete Lagoas empresas que possam atender a essa demanda, com vistas ao desenvolvimento de outros projetos de defesa - área em que a Iveco atua desde 1937.ProjetosPeri afirma que já há interesse do EB no desenvolvimento de novos projetos, incluindo ambulâncias, veículos de postos de comando e outros. "Interessa para nós, até como preconiza a estratégia nacional de defesa, que nós tenhamos a capacidade de fabricar (os veículos) no Brasil. E essa capacidade da Iveco vai desenvolver outros projetos, outros produtos. Será uma família de blindados", adiantou.Depois de perder um investimento na criação de uma nova fábrica da Fiat, que tentava conseguir para Minas mas a empresa optou por Pernambuco, e possivelmente a de um polo acrílico no Estado, que a Braskem (que tem participação da Petrobras) deve fazer em Camaçari (BA), onde já tem uma planta, Anastasia comemorou o anúncio da Iveco.Segundo ele, a iniciativa, principalmente com a possibilidade de exportação, "gera empregos, divisas" e "valor agregado ao produto mineiro". O governador ressaltou ainda que a produção dos blindados no Brasil tem "importância na questão da defesa nacional". Em Minas funciona também a fábrica da Helibras, que produz helicópteros para as Forças Armadas brasileiras.
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