A JHSF, dona do Shopping Cidade Jardim e do Fasano, planeja ampliar significativamente o tamanho do seu portfólio de empreendimentos de alto luxo ao longo dos próximos cinco anos, em um claro sinal do aquecimento desse mercado no País.
Considerando os projetos em andamento e outros que serão anunciados em breve, a companhia vai ampliar sua área bruta locável (ABL) própria de 58 mil metros quadrados para 99 mil metros quadrados, um avanço na ordem de 70%, composto por shoppings, centros comerciais e empreendimento de uso misto. Nesse conjunto, está prevista até uma expansão do Shopping Cidade Jardim.

“Estamos criando um ecossistema completo para os nossos clientes de luxo”, conta o presidente da JHSF, Augusto Martins, em entrevista para o Estadão/Broadcast. “Estamos muito animados.”
Nessa fila de projetos está o Boa Vista Village Town Center, centro comercial de 14 mil metros quadrados que reunirá grifes como Gucci e Chloé no complexo residencial Boa Vista, na cidade de Porto Feliz (SP). A abertura está prevista para o começo do segundo semestre. “As locações já estão perto da capacidade total. Tem bastante procura”, diz Martins.
Na lista de empreendimentos em obras, está também o Shops Faria Lima, centro comercial de 10 mil metros quadrados com restaurantes, cinema, academia e lojas na esquina da Faria Lima com a Rua Leopoldo Couto Magalhães. A inauguração está prevista para 2027.
Outro que chama atenção é a Usina São Paulo, com escritórios, restaurante, área cultural e uma casa de eventos da marca Fasano no imóvel situado sobre o Rio Pinheiros. A própria JHSF acaba de levar sua sede para o local.
Neste ano, a companhia ainda vai inaugurar, oficialmente, o São Paulo Surf Club, com piscina de ondas para a prática de surf ao lado da Marginal Pinheiros, e lançar a comercialização de títulos do Fasano Tênis Clube, que fica ao lado do Cidade Jardim.
Mercado de luxo é ajudado pelo dólar alto e novos ricos
O mercado de luxo no Brasil vem crescendo nos últimos anos impulsionado por mudanças tanto de comportamento quanto de aspecto econômico, na visão do presidente da JHSF. Com o dólar valorizado, os itens de grife vendidos aqui passaram a ter um preço semelhante aos praticados lá fora, o que passou a motivar os endinheirados a comprar localmente.
Outro ponto foi o surgimento de novos ricos, especialmente vindos do agronegócio, que gostam de viajar do Centro-Oeste, Sul e Nordeste para fazer compras em São Paulo. “Vemos um crescimento interessante no turismo interno de luxo”, observa Martins. “No Cidade Jardim, 6 dos 20 maiores compradores são de fora de São Paulo.”
Esses fatores têm estimulado que cada vez mais marcas internacionais desembarquem no Brasil. No fim do ano passado, por exemplo, a joalheria francesa Van Cleef & Arpels inaugurou sua loja de referência (flagship, no jargão do mercado) no Cidade Jardim, onde já estão Tiffany&Co, Cartier e Bulgari. Em breve, a JHSF vai anunciar a expansão do shopping para abrigar outras três flagships que, por enquanto, são mantidas sob segredo.

A JHSF ainda vai trabalhar na quarta expansão do Catarina Fashion Outlet, situado em São Roque (SP). O empreendimento praticamente dobrou de tamanho desde a sua inauguração, em 2014. O movimento é ajudado pela proximidade do aeroporto de aviação executiva da JHSF, que tem fila de aeronaves e também está ampliando o número de hangares neste ano de 12 para 16.
“Somos a única empresa capaz de oferecer esse ecossistema completo. Nossos clientes descem no aeroporto, pegam o helicóptero e vão fazer compras no Cidade Jardim e jantar no Fasano. É uma experiência completa”, conta Martins.
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Aumento no lucro
A holding JHSF teve no ano passado um lucro líquido consolidado R$ 861 milhões, um aumento de 73% em relação ao ano anterior.
Esse crescimento, segundo a empresa, é resultado da ampliação da receita nas suas principais linhas de negócios, acompanhada de corte de despesas e uma avanço significativo de margem. Além disso, houve um ganho contábil pela apreciação das suas propriedades para investimentos (PPIs).
O lucro foi puxado pelos segmentos de locação residencial e clubes (lucro de R$ 196,6 milhões), seguido por incorporação imobiliária (R$ 145,9 milhões), shoppings (R$ 77,3 milhões) e hospitalidade e gastronomia (R$ 11,8 milhões).
A receita líquida consolidada no foi de R$ 1,6 bilhão, alta de 1%.