Josué Gomes reage a movimento que tenta tirá-lo da presidência da Fiesp e marca assembleia

Edital publicado nesta quinta marca assembleia para o dia 16 de janeiro; 86 sindicatos tinham, no domingo, publicado edital para o dia 21 da próxima semana

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Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Fernando Scheller
Atualização:

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, reagiu ao edital que marcou uma assembleia para a próxima semana com a intenção de destituí-lo e marcou uma assembleia da entidade para o dia 16 de janeiro. Ao longo dos últimos dias, Josué escutou presidentes de sindicados que não assinaram o pedido de convocação da assembleia pela oposição, que sugeriram que a melhor estratégia seria marcar uma assembleia para janeiro para se ter mais tempo para ampliar o debate sobre o assunto.

Segundo fontes ouvidas pelo Estadão, uma parte dos 86 sindicatos que assinaram a convocação da assembleia estão “desavisados” e que, por isso, é preciso chamá-los para a mesa na tentativa de reverter a situação. “Muitos sindicatos assinaram porque achavam que há pontos para serem melhorados na gestão, mas não para destituir o Josué”, disse uma das fontes. A assembleia do dia 21 foi convocada após Josué ter se negado a marcar o encontro após notificação do grupo de sindicatos recebida inicialmente em novembro.

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No edital que foi publicado nesta quinta-feira, 15, e assinado por Josué há uma série de itens detalhados sobre o que será discutido na assembleia, tratando-se, assim, dos mesmos pontos que tinham sido colocados pelos 86 sindicatos nos pedidos para a convocação da assembleia, em novembro. Esse grupo de entidades teria sido “pega de surpresa” com o edital publicado nesta quinta, conforme fontes. Procurada pela reportagem, a Fiesp não comenta.

A pauta aponta que o objetivo é que Josué preste esclarecimentos sobre reuniões que participou em Brasília e a assinatura do manifesto pró-democracia, entre outros pontos.

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A menos que Josué renuncie ao cargo, a única maneira de outro presidente assumir a Fiesp é por meio de uma assembleia. Hoje há três candidatos para substituir Josué Gomes: Rafael Cervone Netto, seu primeiro-vice-presidente e figura muito próxima de Paulo Skaf, que liderou a entidade por quase duas décadas e foi apontado como “cérebro” do levante contra o novo presidente; Dan Ioschpe (da Iochpe-Maxion); e Marcelo Campos Ometto. No entanto, uma fonte próxima afirmou que, para apaziguar ânimos, Cervone deve ser mesmo o escolhido.

Ainda não se tem clareza sobre qual edital irá prevalecer, já que até o momento há duas assembleias marcadas. O entendimento, nos bastidores, é de que o assunto poderá caminhar para uma judicialização.


Sede da Fiesp, em São Paulo; movimento tenta tirar Josué Gomes do comando da entidade Foto: Divulgação/Fiesp

Na quarta, 14, Josué esteve em Brasília para uma reunião com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e teria sido convidado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será recriado no novo governo. “Josué precisa tirar esse assunto da Fiesp da frente”, disse uma das fontes.

O momento era de grande divisão da Fiesp, conforme fontes consultadas pela reportagem. Um dos problemas levantados é de que uma grande maioria dos sindicatos que fazem parte da entidade (112, no total) são de pequeno porte – eles vinham sendo chamado nos bastidores de “sindicatos de gaveta”. Um dos movimentos é para que o estatuto da entidade seja revisto após essa crise.

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Conforme informações do estatuto da Fiesp, a perda do mandato pode ocorrer por “conduta incompatível com a ética”, “abandono do cargo”, dilapidação de do patrimônio social”, dentre outros itens. “Nada que justifique, de longe, o impeachment de Josué”, disse uma fonte. Mas destacou, contudo, que há pontos sobre a gestão de Josué que merecem sim ser discutidas.

O “levante” teve por trás Paulo Skaf, que esteve à frente da Fiesp por quase 20 anos. Segundo fontes que participam da alta cúpula da entidade, as assinaturas para convocar a assembleia partiram essencialmente de sindicatos menores do Estado, com os grandes sindicatos patronais ficando de fora. Fontes afirmaram que Skaf tem o objetivo de voltar ao comando da entidade, depois de não ter encontrado cargo político após várias candidaturas.

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