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Latam anuncia saída do processo de recuperação judicial para início de novembro

Reestruturação durou dois anos e cinco meses; no período, companhia reduziu sua dívida financeira de US$ 11 bilhões para US$ 7 bilhões, mas acionistas perdem controle da participação

Foto do author Luciana Dyniewicz
Atualização:

A companhia aérea Latam anunciou na manhã desta quarta-feira, 12, que deve sair do processo de recuperação judicial (Chapter 11) na primeira semana de novembro. Fortemente atingido pela crise da pandemia, o grupo pediu recuperação judicial nos Estados Unidos em maio de 2020. A operação da empresa no Brasil, que à época tinha R$ 13 bilhões em dívidas, seguiu o mesmo caminho 45 dias depois, após negociações de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fracassarem.

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Com a reestruturação, a dívida financeira do grupo passou de cerca de US$ 11 bilhões para US$ 7 bilhões. Ainda foram renegociados aproximadamente 6.000 contratos, de acordo com uma fonte a par do assunto.

A composição societária do grupo também sofreu uma transformação, com a participação acionária da família chilena Cueto e das companhias aéreas Delta e Qatar passando de 46,4% para 27%. Um conglomerado de credores (cujos três principais são os fundos Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital) fica com 66% do grupo e cinco assentos no conselho de administração, enquanto os três acionistas, com quatro assentos, ainda segundo a fonte. Os membros do novo conselho serão definidos após concluída a recuperação judicial, em uma assembleia extraordinária. A família brasileira Amaro, fundadora da TAM, não detém mais participação no grupo, apenas na subsidiária do Brasil.

Essa mudança na estrutura de capital faz com que os acionistas percam o controle da empresa, que passa agora para as mãos dos fundos credores. Segundo uma fonte do setor, é possível que os Cueto, a Qatar e a Delta tentem uma negociação para trabalhar de forma conjunta com esses fundos. A palavra final, no entanto, será dos credores.

Empresa levantou recursos para pagar financiamento feito no começo do processo de reestruturação Foto: Rodrigo Garrido/ Reuters

Para deixar o processo de recuperação judicial para trás, o grupo emitiu, ontem, US$ 1,15 bilhão em títulos, parte com vencimento em cinco anos e parte em sete anos. Também conseguiu um financiamento de US$ 1,1 bilhão por cinco anos. Os recursos serão usados para pagar outro financiamento que a companhia havia feito no início do processo de recuperação. A empresa também obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões. Conforme antecipou a Coluna do Broadcast, porém, o resultado da emissão dos títulos foi menos favorável para a empresa do que ela esperava, dado que precisou assumir juros mais elevados.

No total, o plano de recuperação da companhia envolveu aportes de aproximadamente US$ 8 bilhões, sendo US$ 5,4 bilhões em títulos e ações convertíveis e US$ 2,25 bilhões em financiamentos, apurou a reportagem.

Em nota, o presidente do grupo, Roberto Alvo, destacou as condições de liquidez da Latam após a recuperação. “Em um contexto muito desafiador e dinâmico, estamos no caminho para concluir o financiamento exigido pelo Plano de Reestruturação. Nas próximas semanas, esperamos sair do Capítulo 11 com US$2,2 bilhões de liquidez e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo.”

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A Latam foi a empresa aérea com operação doméstica no Brasil que mais sofreu durante a pandemia, principalmente por ser também a que possui a maior operação internacional. Com os bloqueios de entrada de viajantes adotados por diversos países logo após o surgimento da covid-19, a companhia teve de suspender grande parte dos seus voos internacionais.

Durante o processo de recuperação judicial da Latam, a Azul anunciou diversas vezes que estava tentando comprar a empresa e negociando formas de viabilizar a aquisição direto com os credores. A Latam, no entanto, acabou conseguindo fechar acordo com os principais credores em um período de exclusividade de negociação que lhe era garantido pela justiça dos EUA.

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