Mais lançamentos e parceria com a Eztec: os planos da Lindenberg para crescer no alto padrão

A companhia de 70 anos, que passa por um processo de retomada após fim da parceria com a LDI, vê receita e lucros crescerem nos últimos anos

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Foto do author Lucas Agrela

Reconhecida por sua importância histórica e tradição no mercado imobiliário de alto padrão, a construtora Lindenberg passa por uma fase de retomada nos negócios. A empresa iniciou em 2019 um novo plano estratégico de crescimento, depois de encerrar uma parceria de quase 20 anos com o Grupo LDI, com o qual manteve lançamentos imobiliários comerciais e residenciais - e precisou passar, por isso, por um processo de mudança.

Nesse sentido, em 2022 criou uma joint venture com a Eztec, batizada de EzCal, para construção e venda de projetos voltados aos segmentos de médio-alto e alto padrão em São Paulo, estimados em cerca de R$ 2 bilhões. Desses, R$ 1,4 bilhão já foram lançados. Após quatro anos da assinatura do contrato (ou seja, em 2026), a Eztec poderá exercer uma opção de subscrição para compartilhar o controle da construtora Lindenberg com a Lindenberg Investimentos - desde que sejam atingidos determinados parâmetros de um acordo de acionistas.

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De acordo com a Lindenberg, os planos de crescimento vêm dando certo. De 2020 para 2023, a empresa triplicou a receita e multiplicou por cinco o lucro líquido. No ano passado, o volume geral de vendas (VGV) chegou a R$ 1 bilhão, ante R$ 660 milhões em 2020. Em 2022, a receita líquida subiu até além do ritmo observado anteriormente, indo a R$ 149 milhões, mas com lucro de R$ 7 milhões. O ano de 2023 foi de menor receita e maior lucro, com R$ 96 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente.

Adolpho Lindenberg Filho, CEO da Lindenberg - e filho do fundador da empresa, Adolpho Lindenberg, que faleceu em maio - conta que a força da marca ainda é um fator importante para as vendas dos seus projetos imobiliários. “O fato de o empreendimento ser um Lindenberg ainda é uma coisa importante, um diferencial perante outras empresas que estão começando agora e têm histórias mais mescladas de alto, médio e baixo padrão”, diz. O executivo também ressalta que a empresa se esforça para personalizar os apartamentos conforme o gosto dos consumidores e também para manter um relacionamento próximo com os clientes, que, por vezes, voltam para comprar um segundo imóvel. “Outro diferencial nosso é a velocidade de revenda. Ter um apartamento Lindenberg facilita bastante na hora de revender o imóvel”, diz.

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Força da marca é fator importante para vendas, diz Adolpho Lindenberg Filho Foto: Divulgação/Lindenberg

A parceria de negócios entre a Lindenberg e a Eztec tem gerado bons frutos para ambas as partes. O diretor vice-presidente da Eztec, Marcelo Ernesto Zarzur, conta que o “namoro” com a Lindenberg começou em 2002 e, até 2022, diversos empreendimentos foram lançados em conjunto com a empresa em cidades como Santo André, Osasco e Guarulhos. “Como nos dávamos bem, fizemos uma parceria maior, uma joint venture. No alto padrão, a parceria com a Lindenberg nos dá um diferencial a mais na hora da venda”, afirma.

Atualmente, a Lindenberg tem três principais projetos à venda: um no Brooklin, vendido a R$ 22 mil o metro quadrado; um no Alto de Pinheiros, de mesmo preço; e um nos Jardins, de R$ 44 mil o metro quadrado.

O principal projeto de 2024 até agora é o empreendimento Lindenberg Vista Brooklin, que tem mais de 17 mil metros quadrados de área privativa. Em março, a Lindenberg também iniciou as obras do empreendimento residencial Lindenberg Alto de Pinheiros, de torre única, com 41 unidades e 13,3 mil m² de área total. A parceria com a Eztec também já viabilizou os projetos Jota, Jota Studios e Brooklin Studios.

Ainda para este ano, a Lindenberg tem mais um lançamento importante com a Eztec, chamado Lindenberg Alto das Nações. A construtora tem um banco de terreno no bairro Vila Nova Conceição, um dos mais valorizados de São Paulo, que irá abrigar o projeto de 250 apartamentos. A área é avaliada em um total de R$ 346,7 milhões.

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Estoque alto

O principal desafio enfrentado pela Lindenberg atualmente é a disputa pelo bolso do consumidor de alta renda. Com nomes como Cyrela, Idea!Zarvos e Even criando constantemente novos projetos para o segmento de alto padrão, o ritmo das vendas acabou ficando abaixo do esperado.

A Lindenberg tem R$ 1,6 bilhão em estoque de apartamentos de médio e alto padrão na capital paulista, mercado que concentra 99,8% dos seus investimentos imobiliários (o restante fica em Campinas).

O diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Valter Caldana, diz que a retomada da Lindenberg tem como entrave a competição com empresas que ficaram mais capitalizadas após a entrada na bolsa de valores, o que levou a elas capital estrangeiro.

Maurício Muniz, sócio da Brio Investimentos, que investe em projetos de 25 incorporadoras, afirma que as empresas de alto padrão no segmento imobiliário buscam se diferenciar com estratégias de marketing, assim como com a qualidade da construção e a oferta de opções de lazer nas áreas comuns dos condomínios residenciais - metas essas todas perseguidas pela Lindenberg.

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Os projetos com design diferenciado, assinado por ícones da arquitetura, também passam a atrair cada vez mais o público de alta renda. “Nós investimos em um projeto na região da Cidade de Jardim, que chama-se Vista Cidade de Jardim, um projeto do Márcio Kogan. Foi realmente um sucesso, um empreendimento muito diferenciado que atraiu muitos clientes por conta do nome do arquiteto, que é premiado”, afirma Muniz.

Já Caio Cezar de Carvalho, coordenador da gestão imobiliária da Somma Investimentos, afirma que a estratégia de buscar a diferenciação no mercado de alto padrão por meio do relacionamento próximo com o cliente pode ser um elemento fundamental para uma construtora como a Lindenberg conquistar o público de alta renda interessado em adquirir um imóvel, seja para moradia ou como um investimento.

“A diferenciação dessas empresas se dá principalmente pela experiência do cliente, pelo uso de tecnologias avançadas, pelo marketing digital eficiente, por parcerias estratégicas e pela personalização dos imóveis. As empresas do setor imobiliário estão melhorando a experiência do cliente, oferecendo atendimento personalizado, consultoria especializada e um pós-venda eficiente. Seja comprador, investidor ou inquilino, a gente está vendo muito isso acontecer. Com isso, elas também estão conhecendo e mantendo um relacionamento de longo prazo com o cliente”, diz.

Outro ponto que desperta o interesse do público endinheirado é a estética, o que leva as empresas a buscarem grandes nomes do design para assinarem projetos imobiliários. O Lindenberg Ibirapuera, por exemplo, conta com a assinatura do renomado arquiteto uruguaio Carlos Ott.

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