Lucro dos três maiores bancos privados sobe 19,4% no 3º trimestre e chega a R$ 19,6 bi

Para os próximos meses, as estratégias entre os três bancos variam diante de um cenário que se desenha incerto para o crédito

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Foto do author Matheus Piovesana

O lucro combinado dos três maiores bancos privados do Brasil subiu 19,4% entre o terceiro trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, para R$ 19,6 bilhões, de acordo com informações reunidas pelo Estadão/Broadcast. O trimestre foi marcado pelo crescimento das carteiras de crédito dos três bancos, mas também por sinais divergentes quanto ao ritmo que se pode esperar no próximo ano.

Tanto Itaú Unibanco quanto Bradesco e Santander Brasil mostraram crescimento nas carteiras de crédito. No entanto, houve uma divisão entre os bancos. Enquanto Itaú e Bradesco aceleraram em relação a trimestres anteriores, o Santander começou a pisar no freio, fator que levou a uma recepção negativa por parte do mercado.

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A divergência mostra estratégias diversas entre os três bancos diante de um cenário que se desenha incerto para o crédito. Com a alta dos juros, analistas e investidores têm colocado nos preços a perspectiva de uma desaceleração na demanda por crédito, e também de uma piora nos índices de inadimplência.

Diante deste cenário, Itaú e Bradesco reiteraram a confiança nas mudanças que fizeram nos modelos de crédito nos últimos dois anos. Embora tenham experimentado ciclos diversos, com o Itaú escapando quase ileso pela alta da inadimplência e o Bradesco experimentando queda no lucro, os dois bancos apertaram critérios de concessão e fizeram uma “limpeza” nas carteiras.

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“Tínhamos uma boa previsibilidade de que esse processo de ajuste de perfil da carteira terminaria no terceiro trimestre, e que o crescimento da carteira ficaria muito mais aparente, e isso tem acontecido”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de Estratégia Corporativa, RI e M&A Proprietário do Itaú, Renato Lulia. Segundo ele, o banco tem crescido “nos clientes certos”, e com a rentabilidade correta.

Bancos mostram cautela no cenário de incerteza Foto: Milton Michida/Estadão

O foco na rentabilidade foi a principal mensagem dada pelo Bradesco ao mercado. “O crescimento do crédito segue tracionado, mas sempre com foco em margem líquida e no RAR (retorno ajustado ao risco)”, disse o presidente do banco, Marcelo Noronha, em coletiva de imprensa.

Para demonstrar esse foco, o Bradesco divulgou a chamada margem líquida, que é o ganho com crédito depois de descontadas as provisões contra a inadimplência. No terceiro trimestre, chegou a R$ 8,5 bilhões, alta de 28% em um ano.

Cautela

A mensagem do Santander, primeiro dos três bancos a divulgar balanço, foi oposta à dos dois rivais. Além de desacelerar na concessão de empréstimos, o banco desenhou um cenário em que essa desaceleração vai se estender. O foco é migrar a alocação de capital para linhas com menor risco, e ampliar a participação das receitas com serviços na composição dos resultados.

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“Essa desaceleração (da carteira) já aparece no terceiro trimestre, e deve continuar a partir do quarto trimestre”, disse o presidente do banco, Mario Leão. O objetivo do Santander é continuar reduzindo o custo do crédito, embora o executivo tenha dito que públicos como o de empresas podem ter um período de seis a 12 meses mais difíceis pela frente.

Essa preocupação é menor entre as pessoas físicas, público em que o Santander fez um reposicionamento de mercado desde 2022. No entanto, o banco também tem realocado recursos entre linhas. O consignado do INSS, por exemplo, teve a originação concentrada nos canais internos diante dos cortes no teto de juros, que levaram a taxa máxima a 1,66% ao mês e comprimiram as margens.

Inadimplência

As mensagens divergentes dos bancos vieram em um cenário de inadimplência com movimentos mais suaves, após as quedas vistas no ano passado. De acordo com o Banco Central, em setembro, os atrasos acima de 90 dias eram de 4,5% no mercado, baixa de 0,3 ponto porcentual em um ano. Em pessoas físicas, a queda foi de igual magnitude, para 5,6%.

No Itaú, os atrasos entre pessoas físicas caíram 0,9 ponto em um ano, para 4,0%, índice inferior inclusive ao observado antes da pandemia da covid-19. Estamos rodando no melhor nível de atraso que eu tenho memória, mas pode melhorar alguma coisa”, disse Lulia à reportagem.

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No caso do Bradesco, em que a inadimplência caiu de forma acelerada no último ano, os movimentos devem ser também mais suaves. “Nós derrubamos a inadimplência, então obviamente a inadimplência vai cair em ritmo menor, mas continuará caindo”, afirmou Noronha na divulgação de resultados do banco.

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