Lucro do Santander cresce 41%, para R$ 3 bi, o maior resultado trimestral em um ano e meio

Resultado veio acima das projeções do mercado e refletem estratégia de mudança na operação adotada pelo presidente do banco

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Foto do author Matheus Piovesana
Atualização:

O Santander Brasil registrou no primeiro trimestre de 2024 o maior lucro em um ano e meio, de R$ 3,021 bilhões. O resultado veio acima das projeções do mercado, e mostrou sinais mais claros de uma mudança na operação que o presidente do banco, Mario Leão, tem apregoado desde a chegada ao cargo, há dois anos. Esses sinais empolgaram o mercado: as ações do banco chegaram a subir quase 3%, a maior do Ibovespa no dia.

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O resultado do banco cresceu 41,2% no comparativo anual e 37,1% no trimestral, deixando para trás o pior ponto de um ciclo de gestão da carteira de crédito que pressionou os resultados ao longo dos últimos dois anos. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco, de 14,1%, ainda ficou distante da casa dos 20% registrados em 2020 e 2021, mas a administração destacou que a composição dos resultados melhorou.

Leão afirmou que o balanço do primeiro trimestre foi “limpo”, sem fatores extraordinários, e traçou um comparativo com o do terceiro trimestre de 2022, última vez em que o banco havia apresentado lucro acima de R$ 3 bilhões. “Ficamos muito mais satisfeitos em entregar o resultado de R$ 3 bilhões agora”, disse ele.

Indicadores que apontam mais para o curto prazo, como a inadimplência e as provisões, foram bem recebidos pelo mercado. Os atrasos da carteira do Santander ficaram em 3,2%, o mesmo índice do começo de 2023, e um aumento de 0,1 ponto em relação a dezembro, explicado pela entrada em atraso de operações que o banco havia renegociado em trimestres anteriores.

Santander teve lucro acima do esperado pelo mercado Foto: Alex Silva / Estadão

As provisões contra a inadimplência, por outro lado, caíram 10,7% em um ano, para R$ 6,043 bilhões. A redução se deu pela maior qualidade das operações de crédito concedidas em 2022 e 2023, que hoje têm maior peso no balanço que as anteriores, originadas até 2021.

“Em nossa visão, o Santander Brasil mostrou tendências em geral positivas no primeiro trimestre de 2024, refletindo principalmente uma recuperação trimestral na rentabilidade após um fraco quarto trimestre de 2023″, afirmou a equipe liderada pelo analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, em relatório enviado a clientes.

“Apesar da rentabilidade ainda baixa em relação tanto a seus melhores dias quanto a outros pares que manobraram de forma menos turbulenta o período pós-pandemia, vislumbramos no resultado do primeiro trimestre do Santander um conjunto de melhorias no mínimo digno de atenção”, afirmou Rafael Reis, do BB Investimentos.

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A longo prazo

Além de resultados numericamente maiores, o Santander mostrou frutos da estratégia corporativa que Leão tem implementado. O executivo tem repetido que as receitas do banco têm de ser menos dependentes de segmentos mais voláteis, como o varejo de baixa renda; ao mesmo tempo, considera que o conglomerado precisa ampliar as captações de depósitos fora do atacado, para reduzir os custos.

Na primeira frente, um dos destaques foi o crescimento do chamado Select, o segmento de alta renda do varejo do banco. A marca fechou o primeiro trimestre com 1,4 milhão de clientes, alta de 71% em um ano, enquanto a captação líquida de recursos junto a essa base foi multiplicada por três em dois anos. Um terço da carteira de crédito para pessoas físicas é de clientes do Select.

Na segunda questão, o progresso tem sido gradual. Em março, 56% das captações do Santander eram de empresas, e 44%, de pessoas físicas. Dois anos antes, a proporção era de 58% a 42%, e o banco considera que o progresso desde então é positivo. A longo prazo, a meta é colher 60% dos depósitos junto ao varejo, e para isso, o próprio fortalecimento na alta renda é componente fundamental.

Os próximos passos devem se concentrar no segmento de baixa renda, que segundo Leão segue com rentabilidade negativa, mas tem sinais de progresso. O banco lançou no domingo o chamado Free, pacote com conta corrente e cartão de crédito sem tarifas, em uma aposta no público que nos últimos anos, trocou os grandes bancos pelas fintechs.

“Após uma sonora implementação da agenda de assessores do AAA (de investimentos) no Select, vemos o banco trabalhando para reformular sua estratégia no segmento massificado com o lançamento do Free”, escreveu o analista Daniel Vaz, do Safra.

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