Rede D’Or, BRMalls e Vale: veja os protagonistas dos maiores acordos de fusões e aquisições de 2022

Setores como energia, saúde e shoppings centers movimentaram bilhões no ano passado; acordos devem continuar em 2023 para consolidação de negócios e redução de dívidas

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Foto do author Lucas Agrela
Atualização:

Em 2022, o mercado de fusões e aquisições (M&A) teve uma retração de 12% no número de acordos na comparação com o ano anterior. Ainda assim, a quantidade de negócios fechados no País até dezembro foi de 1.728, de acordo com dados da KPMG. Apesar da retração anual, a quantidade de fusões e aquisições de 2022 é 40% acima do patamar do pré-pandemia, em 2019. As grandes operações de M&A foram protagonizadas por empresas como Vale, Rede D’Or, BRMalls e Petrobras.

De acordo com Luiz Motta, da KPMG, muitos acordos foram firmados nos últimos anos para acelerar a transformação digital das empresas, especialmente, em razão das medidas sanitárias para conter a covid-19 e da subsequente mudança de hábitos de consumo. Por isso, o setor de tecnologia é o que concentra o maior número de transações (690), mas os maiores cheques estão nos setores tradicionais de mercado, como energia, commodities, shoppings centers e planos de saúde.

Os maiores acordos de 2022

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Os grandes acordos de 2022 foram de consolidação do mercado. A exceção é a privatização da Eletrobras, que levantou R$ 33,7 bilhões, com apetite dos investidores reforçado pela oportunidade de utilizar parte do FGTS na aquisição de ações da companhia de energia.

A Cosan, do empresário Rubens Ometto, comprou 4,9% das ações da mineradora brasileira Vale em uma operação bilionária Com o negócio, a companhia virou uma das principais acionistas da mineradora. Gigante na área de açúcar e álcool, a Cosan informou que tem planos de atingir uma fatia da 6,5% na Vale.

O grande negócio no mercado de saúde foi a venda SulAmérica para a Rede D’Or por R$ 15,5 bilhões. A aquisição foi aprovada sem restrições pelo Cade. Na bolsa, a Rede D’Or valia cerca de R$ 60 bilhões no começo de janeiro.

Veja o ranking a seguir.

  1. Eletrobras (privatização) - R$ 33,7 bilhões
  2. Cosan e Vale - R$ 21 bilhões
  3. SulAmérica e Rede D’Or - R$15,5 bilhões
  4. Aliansce e BR Malls - R$ 13,8 bilhões
  5. Arcelormittal & Cia e Spider Pecém (CSP) - R$ 11,6
  6. Albacora Leste e PetroRio - R$11 bilhões
  7. Petrobras e CNOOC Petroleum - R$ 10,7 bilhões
  8. Prosus e iFood - R$ 9,4 bilhões
  9. Itaú e XP - R$ 8 bilhões
  10. Eneva e Celse - R$ 6,1 bilhões.

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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, participa de um evento para marcar a privatização da empresa brasileira de geração e transmissão de eletricidade Eletrobras, na Bolsa de Valores B3 em São Paulo, 14 de junho de 2022 Foto: Alan Santos/Presidência

Perspectivas para 2023

Com a troca de governo federal no Brasil e o cenário de juros elevados nos Estados Unidos, o ano de 2023 deve apresentar um arrefecimento no crescimento na quantidade de acordos de M&A.

“Estamos em uma desaceleração. A transição de governo e troca de Congresso que vivemos no Brasil não ajuda muito, mas o tempo de resposta do mercado tem sido rápido. Em todo caso, há uma preocupação, uma incógnita para investimentos. A tendência é que no início deste ano não haja crescimento no número de acordos de aquisição, mas depois sim”, afirma Motta.

Para Daniel Damiani, sócio da firma de fusões e aquisições JK Capital, o ano de 2023 tende a ter acordos nos setores de educação, saúde, oftalmologia e cursos livres. “A nossa aposta é de que este ano teremos uma agenda de M&A bastante ativa. Existem empresas capitalizadas e negócios que já estavam em andamento. Não vejo perspectiva para uma janela de IPO neste ano, o que pode levar a aquisições”, diz.

De acordo com os especialistas ouvidos pelo Estadão, o tempo entre o início e a conclusão de uma negociação de aquisição pode levar de seis meses a dois anos, a depender dos períodos de pausa nas conversas devido a mudanças no cenário econômico ou nas finanças das empresas.

Marcus Mazetto, sócio da área de investment banking do Banco Fator, o juro alto no País pode inibir transações, especialmente, diante da incerteza em relação à política fiscal do governo Lula. “Com menos liquidez no mercado, os setores menos tradicionais vão sofrer porque os investidores tradicionais vão olhar mais para a renda fixa do que para variável ou venture capital. Por isso, devemos ver menos investimentos em startups por causa da subida do retorno dos investimentos. O mercado de renda fixa tende a se favorecer mais do que a bolsa em 2023″, afirma.

Com isso, a quantidade de novos acordos pode ter nova desaceleração neste ano, especialmente fora do mercado tradicional – ainda que as negociações que já estavam em curso possam ser concluídas.

Perfil conservador

Antônio Coutinho, um dos líderes de M&A na América Latina do Citi, acredita que o comprador internacional possa voltar os olhos ao Brasil neste ano. “Temos visto apetite renovado de estrangeiros comprando ativos brasileiros, talvez até em nível maior do que anos recentes, o que foi observado nos últimos seis meses”, diz.

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Porém, Coutinho indica que existe interesse agora por negócios mais consolidados que aqueles que estão em estágio inicial. “Há uma mudança de perfil na procura por empresas. O interesse é maior pelas geradoras de caixa do que nas de crescimento, de tecnologia”, afirma.

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