A última polêmica do Flow Podcast gerou uma corrida das marcas para se posicionarem contra os comentários feitos pelo apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark. Nas redes sociais, usuários do Twitter e do Instagram cobraram as companhias pelo encerramento de patrocínio ao programa e também para dar uma resposta às falas do anfitrião do podcast, que defendeu a formalização de um partido nazista no Brasil.
Companhias como Ragazzo - do Grupo Habib's -, Mondelez Brasil, Puma, iFood, Flash Benefícios e Insider usaram as redes sociais para distanciar sua imagem do programa de áudio. Especialistas em branding alertam para o perigo de associar as empresas a influenciadores olhando apenas números e engajamento, sem se ater ao conteúdo produzido por eles.“Quem anuncia em um programa precisa ter mais critério na hora de escolher onde investir seus patrocínios. Não é de hoje que esse programa traz opiniões que podem arranhar a imagem da marca”, afirma Eduardo Tomiya, da TM20 Branding.
Diante das críticas de espectadores do podcast, a Flash Benefícios, empresa de cartões para empresas, decidiu encerrar seu contrato de publicidade com o programa. Para a fintech de serviços, os comentários do apresentador foram inadmissíveis por tentarem legitimar a criação de um partido nazista no País. "Diante do absurdo, é preciso se posicionar", afirmou a empresa.
Outro anunciante que preferiu finalizar a parceria com o podcast foi a marca de roupas Insider.Ao Estadão, o cofundador da empresa, Yuri Gricheno, contou que foi pego de surpresa com o teor dos comentários feitos por Monark. “Eu tenho origem judaica, meus bisavós vieram da Polônia. É algo super crítico não só para a comunidade judaica como, mas para todas as minorias”, afirmou Gricheno. “É inadmissível que um canal com o alcance do Flow tenha um posicionamento de apoio ao nazismo”.
Para Guilherme Rios, da agência SA365, ao se associar a influenciadores polêmicos, as companhias acabam assumindo os riscos de problemas de imagem. “Seria ingênuo da nossa parte imaginar que essas marcas não conheciam esse tipo de discussões e comentários que acontecem no programa do Monark”, afirma. Ainda segundo Rios, diante de casos como o de apologia ao nazismo, é esperado que as empresas se posicionem imediatamente para evitar maiores prejuízos à sua reputação.
Com a enxurrada de publicações nas redes sociais, antigos patrocinadores do Flow Podcast acabam reafirmando que não mantinham mais vínculos com o produto. A Puma foi uma das primeiras a vir a público para negar que mantivesse contratos vigentes com o programa. Em sua conta oficial no Twitter, a marca de artigos esportivos alegou ter feito apenas “uma ação pontual e isolada” no podcast.
No caso do iFood, o aplicativo de entregas divulgou em nota que não integra mais a lista de patrocinadores desde novembro de 2021. O rompimento aconteceu após uma publicação no Twitter em que Aiub questionava: “Ter opinião racista é crime?”.
Também com receio de "queimar a imagem" da empresa por ter se associado a Monark, a Mondelez Brasil - dona do chocolate BIS- publicou uma nota nas redes sociais informando que patrocinou "pontualmente apenas dois episódios do Flow", veiculados em 2021. Ainda segundo a nota, a companhia teria solicitado a retirada de seu nome do grupo de anunciantes do podcast.
No Twitter, Monark se desculpou pelas falas de apoio ao partido nazista, alegando que estava "muito bêbado" durante as gravações do último podcast. Com a repercussão negativa, os Estúdios Flow anunciaram, nesta terça-feira, 8, o desligamento do apresentador e também a remoção do episódio que originou a polêmica. “Eu peço perdão pela minha insensibilidade, mas peço também um pouco de compreensão”, disse Aiub na rede social.
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