Mercado Livre adota robôs que trabalham oito horas seguidas e separam até 100 mil compras por dia

Aparelhos conseguem mover até 600 quilos de mercadorias e aceleram separação de entregas em 20%; função reduz necessidade de mão de obra, mas empresa diz que irá contratar 11 mil pessoas no País até o fim de 2024, chegando a 32 mil funcionários

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Foto do author Lucas Agrela
Foto do author Talita Nascimento
Atualização:

Com investimentos anunciados de R$ 23 bilhões, o Mercado Livre está priorizando as áreas de logística, fintech, mercado anunciante e medidas que ajudam a melhorar a produtividade da empresa. Para isso, tem apostado no uso de robôs em sua operação no centro de distribuição SP04, em Cajamar, que processa cerca de 500 mil pedidos por dia, ou seja, 347 pedidos por minuto.

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Segundo o presidente da operação brasileira, Fernando Yunes, a companhia já tem 100 robôs, que ficaram em fase de testes por três meses, e o número será ampliado para 334 até o fim do ano. Os equipamentos reduzem em 20% o tempo de separação de mercadorias compradas pelos clientes via internet, o que gera um ganho de produtividade e acelera as entregas aos consumidores.

Produzidos pela companhia chinesa Quicktron, os aparelhos são semelhantes a um aspirador-robô pintado de amarelo e podem levantar até 600 quilos. A autonomia de bateria é de oito horas e eles retornam para a base para serem recarregados antes de iniciar uma nova jornada de trabalho. Os 100 robôs que já estão em operação hoje conseguem levantar e mover 2,5 mil prateleiras diariamente.

Mercado Livre aposta em robôs para melhorar produtividade e acelerar entregas Foto: Vinicius Stasolla/Mercado Livre

Os robôs aceleram um processo que hoje é manual, de movimentação de itens no centro de distribuição da empresa. Um funcionário precisa ir com um carrinho até as prateleiras onde os produtos são armazenados aleatoriamente e identificados por QR Code. Quando necessário, prateleiras com rodinhas eram movimentadas de um lado ao outro do centro por um funcionário. A ideia agora é que as prateleiras sejam levadas pelos robôs até um funcionário que as abastece com os produtos. Em seguida, elas vão para a unidade de embalagem e entram nos caminhões de entrega.

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Robôs no centro de distribuição do Mercado Livre, em Cajamar (SP) Foto: Vinicius Stasolla/Mercado Livre

“O consumidor ganha uma entrega mais rápida, e os funcionários, estimamos, terão uma redução de 70% nos passos dados para percorrer distâncias no centro de distribuição durante um dia de trabalho”, diz Yunes.

Em Cajamar, os robôs serão responsáveis por até 22% da separação de pedidos após a expansão de unidades utilizadas, ou seja, poderão separar cerca de 100 mil compras por dia. No próximo ano, o plano é expandir essa iniciativa para mais centros de distribuição e para outros países, permitindo não só um ganho em termos de produtividade, mas também de espaço.

Como as prateleiras não precisam estar dispostas para permitir a passagem de funcionários entre elas, a distância entre as estantes é reduzida agora para apenas 15 cm, o que leva a um ganho de 10% a 15% na capacidade de armazenamento de mercadorias por metro quadrado.

Prateleiras são levadas até funcionários por robôs em CD do Mercado Livre Foto: Vinicius Stasolla/Mercado Livre

A adoção de robôs reduz a necessidade de força de trabalho na separação de pedidos, mas o plano do Mercado Livre é continuar contratando no Brasil. A empresa havia prometido 6,5 mil contratações, mas terminará o ano contratando 11 mil pessoas, 70% a mais do que o previsto inicialmente, segundo Yunes. Assim, o quadro de funcionários deve subir de 22 mil para 33 mil pessoas até o fim de 2024.

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“Naquela função de separação de pedidos, agora temos as prateleiras chegando até as pessoas. Mas a gente aumenta o número de contratações por uma expansão no número de centros de distribuição e pelo aumento do volume de processamento de pedidos por centro. Hoje, não estamos na capacidade máxima nos centros de distribuição e precisamos de mais gente conforme os pedidos aumentam”, diz.

Yunes anunciou também dois novos centros de distribuição que não estavam previstos inicialmente para este ano. Eles serão em Porto Alegre (RS) e Brasília e fazem parte do aumento do investimento do Mercado Livre no País. A promessa do Mercado Livre é de R$ 23 bilhões de investimentos em 2024, 20% a mais que em 2023. No entanto, Yunes diz que o número deve ser maior, mas não informou o quanto. “A única coisa que dá para dizer é que o investimento do próximo ano será ainda maior”, afirma.

De acordo com dados da empresa de monitoramento online Conversion, o Mercado Livre é líder em acessos a sites de comércio eletrônico no Brasil, seguida pela asiática Shopee e a americana Amazon. OLX e Magazine Luiza são as únicas brasileiras a integrar a lista das cinco lojas digitais mais acessadas por consumidores no País.

A respeito da concorrência com novas plataformas entrantes no País, o fundador do Mercado Livre e CEO da empresa, Marcos Galperín, diz que a companhia está habituada ao ambiente competitivo. “Sempre recebemos muitas perguntas sobre competidores, só muda o nome”, afirmou. Para ele, os próximos dez anos ainda serão de crescimento do comércio eletrônico e de investimentos do Mercado Livre.

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Taxação de compras internacionais

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Sobre a briga em torno da taxação das compras internacionais de até US$ 50, Galperín disse que a operação da companhia no Brasil deve se adaptar às condições tributárias. ”Estamos em oito países da América Latina há 25 anos. Nos adaptamos aos marcos que cada país escolher”, afirmou.

Ele diz acreditar que a taxação de importados beneficia os vendedores nacionais. Assim, se o imposto de importação para produtos comprados no exterior via internet for aprovado, esses vendedores serão priorizados na plataforma. “Sem imposto de importação, teremos mais vendedores chineses”, afirma. Yunes diz que a empresa apoia a isonomia tributária entre produtos importados a pessoas físicas por plataformas de comércio eletrônico e varejistas nacionais.

Para ele, a proposta agregada ao projeto Mover deve ser aprovada no Senado. Do contrário, a empresa deve aumentar sua própria operação de importação, à qual não dá tanto foco hoje. “Se não houver isonomia, o Meli (Mercado Livre) iniciaria o processo de importar produtos”, disse. Porém, o executivo reforça que o impacto de uma taxação nas compras internacionais de baixo valor seria pequeno para a empresa porque são em pequeno número na plataforma atualmente.

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