Quando Charlie Garcia se mudou para Miami, era fácil conseguir uma mesa nos restaurantes mais badalados da cidade. Mas isso foi antes da concentração de pessoas ultrarricas.
“Se você observar o número de bilionários que se mudaram para a Flórida, verá que está fora dos gráficos. Isso está causando problemas”, disse Garcia à Fortune. “Conseguir reservas para jantar ficou muito mais difícil.”
Miami se tornou um dos principais destinos dos EUA para milionários e bilionários que estão se mudando. Na última década, a população de milionários cresceu 90% em West Palm Beach e 75% em Miami, de acordo com um relatório de riqueza de 2023 da empresa de investimentos Henley & Partners. Isso as coloca entre as quatro principais cidades do país nesse ranking; Miami também abriga o maior número de milionários, multimilionários e bilionários da lista.
Mas Garcia não está reclamando. Ele é sócio-gerente do R360, uma comunidade exclusiva para indivíduos ultrarricos e suas famílias, que ostentam um patrimônio líquido médio de cerca de US$ 400 milhões. Nos últimos anos, o clube viu seu quadro de associados com sede na Flórida aumentar, diz Garcia à Fortune, com um estímulo, pelo menos em parte, das recentes mudanças na legislação tributária em lugares como o Estado de Washington, que impôs um imposto de 7% sobre ganhos de capital em 2022.
“Não se trata do que você tem ou do que você ganha, mas do que você guarda”, diz Garcia. “O que você guarda todo ano, o que você guarda quando morre... o que você guarda se houver um escorregão e uma queda em sua casa e eles vierem atrás de você para pegar tudo.”
E, na Flórida, o 1% pode manter muito mais de sua riqueza do que em um Estado como Connecticut, Nova York ou Washington, que tributa propriedades e ganhos de capital. Veja o caso do mais famoso bilionário recém-chegado à Flórida, Jeff Bezos, que trocou Washington, onde fez sua fortuna, por Miami e deverá economizar cerca de US$ 600 milhões em impostos no ano ao se desfazer das ações da Amazon.
A mudança ocorre em meio a uma discussão nacional sobre a imposição de um imposto federal sobre a riqueza, ou “imposto dos bilionários”, algo que o presidente Joe Biden apoiou, mas que o Congresso provavelmente não apoiaria. Sem nenhum movimento em nível nacional, alguns Estados estão impondo ou propondo taxas adicionais sobre os ricos para financiar programas sociais. Entre eles estão os Estados com alguns dos residentes mais ricos do país: Califórnia, Connecticut, Havaí, Nova York e Washington.
‘Outros motivos para se mudar’
Além de não tributar ganhos de capital, a Flórida não tem imposto de renda estadual nem imposto sobre heranças. Isso a torna ideal para os ultrarricos que estão considerando o planejamento patrimonial, diz Garcia. Ele espera que mais pessoas se mudem para o Sunshine State em um futuro próximo.
É claro que, embora o número de ricos e ultrarricos possa aumentar na Flórida e em outros paraísos fiscais de baixa tributação, como o Texas, Nova York - com seu imposto sobre heranças, imposto de renda estadual e outros - continua sendo, de longe, o lar do maior número de milionários e bilionários do país, e continua sendo a cidade mais rica do mundo.
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Embora alguns ricos estejam se mudando, a Henley & Partners informou ter registrado um aumento de 40% no número de residentes com alto patrimônio líquido na cidade na última década. Bay Area, Los Angeles, Chicago e Houston completam as cinco principais cidades americanas com o maior número de residentes com alto patrimônio líquido.
Isso se deve ao fato de que poucas pessoas se mudam apenas para obter isenção de impostos, diz Barbara Goodstein, outra sócia-gerente do escritório do R360 em Nova York. Muitos membros, diz ela, ainda veem grande valor em estar em um lugar como Nova York, seja porque foi lá que começaram seus negócios ou para ficar perto da família.
“As leis não farão com que as pessoas se mudem se não houver outros motivos para isso”, disse Goodstein à Fortune. “Elas não vão se mudar apenas para economizar algum dinheiro depois que morrerem; é uma decisão muito mais complexa.”
Dito isso, como Garcia mencionou, há muitas outras atrações na Flórida, incluindo o clima quente, moradia e atrações culturais. Quanto a essas últimas, há as cenas de arte e gastronomia, é claro, mas também o relativamente novo Miami International Autodrome para corridas de Fórmula 1 e a atração de uma lenda do futebol.
“Eles têm o Messi”, brinca Garcia.
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