‘A partir de segunda, Mobly e Tok&Stok são um grupo só, numa corrida contra o tempo’, diz CEO

Com a homologação do plano de recuperação extrajudicial da Tok&Stok, a Mobly assumirá o controle da maior rede varejista de móveis da América Latina três meses após o anúncio da aquisição

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Foto do author Cristiane Barbieri
Atualização:
Entrevista comVictor NodaFundador e CEO da Mobly

Na segunda-feira, 11, um time formado por fundadores e principais executivos da Mobly irá à sede da Tok&Stok para assumir o controle da rede varejista, três meses após o anúncio de sua aquisição. O movimento acontece com o fechamento do negócio anunciado por meio de fato relevante nesta noite de sexta-feira, 8. Ele tinha como condição básica para ser concretizado a homologação na Justiça do plano de recuperação extrajudicial da Tok&Stok, feita na quinta-feira, 7. Nesse meio-tempo, os Dubrule, família fundadora da Tok&Stok e que venderam o controle ao fundo Carlyle (atualmente SPX), contestaram o negócio, sem serem bem-sucedidos em suas demandas.

Com isso, será dado o primeiro passo concreto para a formação da maior rede varejista de móveis da América Latina, com R$ 1,6 bilhão de faturamento anual, geração de caixa positiva, 67 lojas e 3,2 mil funcionários.

“Iremos conhecer as pessoas, integrar os times e fazer o anúncio às equipes”, afirma Victor Noda, fundador e CEO da Mobly. “Também começaremos as conversas entre as diretorias sobre os planos de ação para começar a capturar sinergias quanto antes.” É uma corrida contra o tempo, por conta do vencimento da dívida da Tok&Stok. Suspensa no plano de recuperação extrajudicial, ela terá de ser honrada em até dois anos, como disse Noda, na entrevista a seguir:

O que acontece com Mobly e Tok&Stok a partir de agora?

Com o fechamento do negócio, a Mobly passa a ter 61% das ações da Tok&Stok. Ainda haverá a possibilidade de qualquer acionista minoritário aderir também ao aumento de capital, inclusive a família Dubrule e o desenho final ainda pode mudar. De qualquer forma, a assunção do controle acontece agora e, a partir de segunda-feira, nós já somos um grupo só, começamos a trabalhar juntos e a fazer essa integração.

O que isso significa, na prática?

Na segunda, fundadores e principais lideranças da Mobly iremos à sede da Tok&Stok, para conhecer as pessoas, integrar os times e fazer o anúncio às equipes. Também começaremos as conversas entre as diretorias sobre os planos de ação que temos desenhado e detalhado, e começamos a discutir como colocá-los em prática. O objetivo é dar início à captura de sinergia quanto antes.

Quais são as expectativas?

Tem ganhos que serão muito rápidos da capturar, principalmente em custos de produto, de juntar os fornecedores que são os mesmos dos dois lados e de alinhar novos volumes de compras. Ou usar a nossa infraestrutura logística na distribuição da Tok&Stok.

'Quanto antes as sinergias acontecerem, melhor', diz Victor Noda, fundador e CEO da Mobly Foto: Matheus Albuquerque

É uma corrida contra o tempo?

Exatamente. Quanto antes as sinergias acontecerem, melhor. Nossa expectativa é de que, rapidamente, o negócio combinado já esteja gerando caixa. Nossa corrida contra o tempo acontece por termos dois anos de carência para resgatar as dívidas da Tok&Stok, cujos pagamentos foram suspensos com o plano de recuperação extrajudicial. Precisamos começar a gerar caixa e deixar a empresa numa situação confortável para, na hora que essa dívida começar a entrar, a gente consiga pagá-la tranquilamente. Nossa expectativa é de conseguir, dentro desse período, capturar grande parte das sinergias de um negócio muito rentável e gerando muito caixa até lá. Por isso que, o quanto antes a gente começar, melhor.

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Haverá um executivo da Mobly à frente das operações da Tok&Stok?

Não. A ideia é juntar a operação das duas completamente. Os três fundadores da Mobly serão também os administradores da Tok&Stok, então fica tudo sob a mesma gestão. Em algumas diretorias, porém, haverá maior sinergia.

Como assim?

No financeiro, por exemplo, só cabe um diretor que acompanha e consolida o resultado das duas operações. Em branding, por outro lado, haverá uma diretora que comandará times dedicados a cada marca, que tem linguagens totalmente diferente. E assim por diante.

Haverá corte de pessoal?

Nosso foco principal de ganhos com sinergia não está aqui. Vemos mais oportunidades em compras de produtos, logística de transportes, na união das operação em armazéns e em tecnologia. Integrar tudo isso trará muita economia, seja de custos e contratos com terceiros, seja em volume e negociação. Também haverá outros ganhos grandes que vêm da operação, como por exemplo, no custo de entrega e montagem de móveis. Haverá alguma redução de vagas duplicadas, está longe de ser o principal foco.

Os Dubrule criticam dois pontos cruciais de sua estratégia, que são a integração logística e a tecnológica. Eles dizem que a Tok&Stok passou por mudanças tenebrosas nessas áreas anteriormente e entrou em crise por conta delas. Por que agora vai ser diferente?

Há grandes diferenças. A primeira é que nós já fazemos isso. É totalmente diferente do que aconteceu com eles, com a contratação de uma empresa de tecnologia externa para desenvolver sistemas do zero ou fazer toda uma alteração do modelo operacional para capturar um incentivo fiscal de Minas. Nós já temos um histórico bem-sucedido nas duas áreas. Já mudamos de CD (centro de distribuição) de nossa operação cinco vezes. É algo que a gente sabe fazer. Óbvio, ninguém vai mudar nada às pressas e mal feito. Na questão dos sistemas, a mesma coisa. A operação que a gente quer fazer para a Tok&Stok, a gente já faz para a Moby. Não são temas novos, que a gente não sabe se vão funcionar ou não. Eles já funcionam, já é provado e robusto.

Mas os Dubrule reclamam que a Mobly só queimou caixa desde que foi lançada...

O negócio vem melhorando a cada trimestre, especialmente este ano, quando retomamos o crescimento, e seguirá cada vez melhor nos próximos meses.

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