Mudanças na antiga Raia Drogasil valorizam ‘pratas da casa’ e são ‘naturais’, dizem analistas

RD Saúde anunciou que atual CEO, Marcílio Pousada, será substituído por Renato Raduan em 2025; preparação de novas lideranças e promoções internas são vistas como positivas

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A RD Saúde, antiga Raia Drogasil, viveu um período de expansão sob o comando de Marcílio Pousada, CEO da companhia que deixará o cargo no próximo ano. Fruto da fusão de duas redes, em 2011, a empresa passou de cerca de 700 farmácias para 3.050 lojas. Sua participação de mercado pulou de 7% para cerca de 15%. Pousada chefiou esse movimento desde 2013.

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Na terça-feira, 6, a companhia anunciou que sua gestão será sucedida por Renato Raduan no início de 2025, e as ações da empresa caíram 2,89%. Mas analistas definem as mudanças como um movimento de continuidade. Em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as oscilações nos preços de suas ações nos últimos dias, a companhia afirmou que a troca do CEO não tem correlação com a movimentação dos papéis.

Nos últimos meses, a companhia promoveu outras trocas. Em maio, Eugênio de Zagottis, membro de uma das famílias fundadoras, que estava havia 25 anos na empresa, deixou o cargo de vice-presidente de relações com investidores e novos negócios. Suas funções foram distribuídas entre outros executivos. Já o atual diretor de RI e assuntos corporativos, Flávio Correa, foi promovido a diretor executivo estatutário.

RD Saúde passa por mudanças em seu comando, com promoções internas de funcionários Foto: André Lessa/Estadão

A valorização das “pratas da casa” tranquiliza quem acompanha a empresa. “Vemos a mudança como neutra. É uma continuidade. Os dois VPs (que vão assumir os cargos de CEO e COO) já tocavam bastante a operação e já estão na empresa há mais de dez anos”, afirma a responsável pelas análises de empresas de varejo da XP, Danniela Eiger. Ela ressalta que Pousada seguirá no Conselho de Administração, o que permite que ele esteja próximo da nova gestão.

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O sócio e analista da Ajax Asset, Rafael Passos, destaca que tanto Renato Raduan como Marcello De Zagottis, que passará a responder pela nova posição a ser criada de Chief Operating Officer em 2025, já estavam envolvidos nas principais decisões, estratégias de expansão, transformação digital e crescimento do ecossistema de saúde. Eles são, portanto, uma escolha natural para o cargo.

Analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast apontam que o movimento é um demonstrativo que a companhia está trabalhando para preparar a sua nova liderança, além de demonstrar a capacidade da empresa de promover internamente os seus funcionários.

É o caso do Citi, que destaca esse movimento de manter a chefia entre funcionários antigos como positivo, e também dos analistas Irma Sgarz e Felipe Rached, do Goldman Sachs, que apontam que a movimentação fortalece ainda a imagem de que companhia deseja promover internamente os seus funcionários.

“A gestão tem enfatizado seu foco no planejamento de sucessão a longo prazo. O fato de ambas as posições terem sido preenchidas por executivos que estão na empresa há mais de dez anos mostra a profundidade de talentos que ela conseguiu construir”, avaliam os analistas.

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Processo de sucessão

O Citi alerta, no entanto, que embora a notícia seja positiva, o processo sucessão não costuma ser nada fácil, o que é um ponto de atenção. “Embora saudemos o fato de a empresa estar trabalhando cuidadosamente para planejar sua nova liderança internamente, processos de sucessão geralmente não são simples, e a expectativa estabelecida pela gestão anterior será alta”, apontam os analistas.

“Foi positivo porque foi uma transição planejada. Marcílio fica, então foi bem feito. Agora ainda é tudo muito subjetivo”, afirma uma pessoa com contatos próximos a empresas do setor.

Ele destaca que sempre houve uma incerteza em como seria esse processo e que esse movimento seria classificado como negativo apenas se fosse repentino. Essa pessoa lembra, no entanto, que o processo de sucessão é, por natureza, complicado, o que requer que o mercado aguarde como irá se desenrolar.

A analista Paola Mello, do GTI, lembra que se inicia uma nova fase para a empresa, considerando que Eugênio já havia saído e agora Marcílio também. Com isso, ela avalia que embora a companhia tenha uma cultura boa, ainda é necessário aguardar.

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