SANTANDER - Pesquisa realizada pelo Banco Santander mostra que 99% das empresas na América Latina estão no segmento das micro, pequenas e médias (PMEs). Apesar do elevado número, o grau de empreendedorismo na região é menor que o visto nas economias desenvolvidas. Segundo o levantamento, países ricos têm 53,8 empreendimentos de micro, pequeno e médio porte para cada mil habitantes. Na América Latina, o indicador está na metade.
Entre o universo das PMEs latino-americanas, a maioria é composta por microempresas: o segmento responde por 90% dos pequenos e médios negócios. Em seguida, aparecem as pequenas, que são cerca de 8%. Com participação menor, estão as médias, com fatia de 1,5% do mercado, e as que já podem ser consideradas uma "grande PME", com 0,4% desse universo de empreendedores.
O estudo foi apresentado nesta quarta-feira pelo diretor geral da divisão América do Santander, Javier San Félix, que chamou atenção o fenômeno de diferenciação entre as microempresas "econômicas" e de "subsistência".
"Um alto porcentual das PMEs da região respondem a um objetivo de autoemprego ou subsistência e não a uma ambição ou potencial de crescimento. Essas PMEs têm uma informalidade ainda maior e o seu desenvolvimento, acesso ao crédito, produtividade e, inclusive, potencial de se manter aberta estão ainda mais comprometidos", disse o executivo do banco.
Realizado com dados do Banco Mundial, Organização Internacional do Trabalho (OIT), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o estudo mostrou que cerca de metade das PMEs está na informalidade na região. Apesar dessa situação, a geração de empregos nesse segmento é idêntica à vist nos países ricos: nas duas regiões, dois a cada três trabalhadores são empregados por uma pequena e média empresa.
Outro item apresentado no estudo é que a produtividade das PMEs na América Latina é pequena e gira em torno de 40% da produtividade vista nas grandes empresas. A produtividade dos empreendedores latino-americanos também é menor quando comparada com as PMEs dos países ricos: segundo a pesquisa, a produtividade latino-americana é a metade do visto nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Diante cenário, Félix disse que "definitivamente há uma grande oportunidade para o crescimento das PME na região". "Estou convencido de que as PMEs são um instrumento econômico que gera mais emprego, estabilidade, potencial de crescimento e capacidade de adaptação em qualquer país. Por isso, o Santander aposta nesse segmento há muitos anos", disse.
Félix apresentou o estudo sobre as PMEs durante o XII Encontro Santander América Latina, evento realizado pelo banco espanhol.
Crédito
Um dos grandes desafios das pequenas e médias empresas é ter acesso pleno aos serviços financeiros. A avaliação consta de pesquisa realizada pelo Banco Santander e divulgada nesta quarta-feira. Apesar de mercados como o Brasil terem aumentado a oferta de crédito para as PME, empresários continuam com dificuldade em tomar financiamentos por problemas internos, como a informalidade ou a falta de controles contábeis.
"A relação das PME com os bancos da região é menor que o visto em países da OCDE, o que tem muito a ver com as altas taxas de informalidade na região", disse Félix. Segundo a pesquisa, cerca de 50% das pequenas e médias empresas da América Latina estão na informalidade.
Ao apresentar o estudo, o executivo do Santander defendeu que o maior acesso ao crédito poderia alavancar o fôlego das PME. Para isso, porém, defende que empresários ingressem na formalidade. "As maiores dificuldades para o acesso ao crédito são a informalidade, falta de garantias adequadas, baixa diversificação nas receitas e falta de transparência nos balanços e na cultura financeira", disse.
O argumento de Félix é que, como muitas empresas estão na informalidade ou têm pouca familiaridade com controles contábeis, instituições financeiras têm dificuldade em obter informações sobre o potencial cliente. Por isso, bancos acabam se retraindo na oferta de serviços financeiros. "Nesse sentido, a alta informalidade das PME da região é claramente um obstáculo para o pleno acesso ao setor bancário", disse.
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