Natura: venda da Aesop para a L’Oreal é passo importante em processo de reestruturação

Marca de cosméticos australiana foi negociada por US$ 2,5 bilhões

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Foto do author Gabriel Baldocchi
Atualização:

A Natura deu nesta segunda-feira, 3, um dos principais passos de seu processo de reestruturação ao anunciar a venda da marca australiana Aesop para a L’Oreal, por US$ 2,525 bilhões, em dinheiro. A transação ajudará a companhia a acelerar os esforços para reduzir o endividamento, após uma sequência de resultados considerados fracos pelo mercado.

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Avaliada como um ativo bom, mas de pouca representatividade dentro do grupo, a Aesop entrou no radar dos analistas no fim do ano passado, quando a companhia admitiu que estudava alternativas para a operação. Inicialmente, todos os cenários estavam à mesa, desde uma separação da marca em uma nova empresa até a negociação de uma fatia da unidade.

A hipótese da venda ganhou força após a divulgação dos resultados abaixo do esperado no quarto trimestre de 2022. No período, a Natura amargou um prejuízo de cerca de R$ 900 milhões e viu seu endividamento alcançar 5,6 vezes na relação dívida líquida sobre Ebtida. A partir desse nível, analistas do Santander e do mercado passaram a considerar a venda do negócio como o cenário mais provável.

Entre os nomes que apareciam entre os potenciais compradores, além da L’Oreal, estavam a LVMH (dona da Louis Vuitton, Dior e outras marcas)e Shisheido.

Estrutura de capital

Segundo o CEO da Natura & Co, Fábio Barbosa, a venda da Aesop para a L’oreal ocorre por uma revisão estratégica e está baseada em dois fundamentos principais: o de melhorar a estrutura de capital da empresa e ampliar investimentos da Avon e Natura na América Latina.

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“Em primeiro lugar, a receita permitirá melhorar a estrutura de capital da Natura & Co, encarando a desalavancagem do nosso balanço como caminho para destravar valor para nossos acionistas e seremos muito disciplinados na nossa alocação de capital. Em segundo lugar, as receitas permitirão investir em nossas prioridades estratégicas, como ampliação, integração e aceleração das marcas Avon e Natura na América Latina”, afirmou Barbosa, em uma teleconferência a investidores e imprensa, nesta terça-feira, 4.

Segundo o CEO, a previsão para concluir a transação será no terceiro trimestre de 2023 e ainda está sujeita a aprovações regulamentares. “Essa venda segue a revisão estratégica de diferentes alternativas para a Aesop, que havia sido previamente comunicado ao mercado”, concluiu.

Em nota, o CEO do L’Oréal Groupe, Nicolas Hieronimus, afirmou que a marca australiana tem enorme potencial de crescimento na China e no varejo de viagem. Atualmente, a Aesop tem cerca de 400 pontos de venda nas Américas, Europa, Austrália, Nova Zelândia e Ásia.

Fábio Barbosa, CEO da Natura & Co Foto: Taba Benedicto/Estadão

Reestruturação

Barbosa foi escalado em meados do ano passado para elaborar o plano de recuperação da companhia. A empresa vinha tentando acomodar aquisições feitas ao longo dos últimos anos, como parte de seu esforço de internacionalização. A marca australiana havia sido adquirida em 2013.

Um dos focos do trabalho de reestruturação é otimizar as operações que estão no guarda-chuva da holding Natura & Co. Há um esforço para promover maior integração da Natura e a Avon na América Latina e de redimensionar a operação da The Body Shop.

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“Ao longo dos últimos anos, tomamos a ambiciosa decisão de expandir nossos negócios, antes localizados principalmente no Brasil, tornando-o um dos grandes players na indústria de beleza global”, afirmou Barbosa em documento enviado aos acionistas recentemente. “Não obstante, em 2022, com todas as nossas marcas compartilhando os padrões e princípios que nos unem, decidimos que era apropriado dar a cada marca maior autonomia.”

Os resultados do trabalho de reestruturação devem levar um tempo a ficar visíveis. Barbosa descreve a companhia como um transatlântico, em que as manobras demoram mais a aparecer, do que um jet ski. A expectativa é de um 2023 ainda desafiador, em que o foco será a geração de caixa e a rentabilidade.

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