Nestlé lança cafeteira que utiliza cápsula de café feita 100% de papel

Nova linha Dolce Gusto da empresa promete ser mais amigável ao meio ambiente, por conta do tempo menor de decomposição; Brasil é o primeiro país a testar a nova tecnologia

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Foto do author Wesley Gonsalves
Atualização:

Depois de 13 anos do lançamento da Nescafé Dolce Gusto no Brasil, a Nestlé se prepara para lançar uma nova versão da cafeteira elétrica com as cápsulas de café produzidas 100% em papel e adequadas ao descarte em lixo doméstico. Para dar conta de produzir as novas cápsulas da Nescafé NEO, a empresa investiu cerca de R$ 300 milhões na criação de uma linha de produção na fábrica de Montes Claros, em Minas Gerais.

Segundo o presidente da Nestlé na América Latina, Laurent Freixe, o Brasil foi escolhido para ser o primeiro país para testar a tecnologia por conta de sua importância para a gigante de alimentos em relação aos números de consumidores de café de máquinas. A medida faz parte da agenda de sustentabilidade da companhia. “Esse lançamento da Dolce Gusto faz parte da nossa preocupação com a pauta de inovação global em prol do meio ambiente”, disse Freixe ao Estadão.

Cafeteira elétrica vai utilizar um novo formato de cápsula feito 100% em papel e compostável em casa. Foto: Divulgação Nestlé

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Segundo o executivo, foram necessários cinco anos para desenvolver a versão que chega em dezembro ao mercado brasileiro. Após 12 meses de “teste” no Brasil, o novo modelo será lançado em escala global, em todos os países com operações da Nestlé.

Diferentemente da versão tradicional, feita em plástico e alumínio, a nova cápsula será 100% revestida em papel. Após realizar o processo de extração da bebida, o resíduo poderá ser descartado como lixo orgânico, seja em composteiras domésticas ou industriais.

Conforme divulgado pela Nestlé, a nova cápsula de café consegue reduzir o tempo de decomposição deste material em comparação à versão de plástico. Para efeito de comparação, o plástico leva até 450 anos até se desfazer no meio ambiente. Já no caso da cápsula de papel, são necessários apenas seis meses para a decomposição total.

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Nova cápsula de papel leva apenas seis meses para terminar o processo de decomposição. Foto: WILLIAM GAMMUTO | MUTO

Na avaliação de Paula Tavares, consultora de sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o novo modelo da Nescafé Dolce Gusto deve influenciar outros negócios de café, dentro e fora do nicho de cafeteiras elétricas. Paula acredita que a novidade pode acabar direcionando os lançamento dos concorrentes para trazer soluções parecidas, que reduzam a produção de cápsulas de plástico. “Quando uma marca apresenta uma novidade, os outros nomes do mercado acabam refletindo sobre suas próprias práticas. Um posicionamento mais sustentável como o da Nestlé acaba puxando os outros players”, analisa.

Além disso, a consultora destaca que o novo formato de preparo abre as portas para um grupo de novos clientes que até então não consumiam este tipo de produto por causa das preocupações ambientais, como a produção de resíduos à base de plástico. “Essa é uma demanda crescente no mercado para os novos entrantes, principalmente no caso de consumidoras das gerações mais jovens”, afirma Paula. “O caminho do café está cada vez mais ‘verde’, e é algo que não tem mais volta.”

Cafeteira ‘high tech’

Além da mudança na extração e composição das embalagens, a NEO Dolce Gusto vai introduzir na linha de cafeteiras da Nestlé o conceito de Internet das Coisas (IOT, na sigla em inglês). Na nova máquina, os usuários poderão conectar o equipamento à internet e configurar suas preferências de extração da bebida, entre outras possibilidades. “A máquina lê o código da cápsula, escolhe a pressão e temperatura da água, tudo isso seguindo os comandos definidos pelo telefone do usuário, que vai poder personalizar a bebida como preferir”, explica Rachel Muller, diretora executiva de cafés da Nestlé.

Ainda segundo o CEO da Nestlé na América Latina, outra preocupação da companhia durante o processo de desenvolvimento das cápsulas sem resíduos plásticos foi a conservação dos sabores no processo de armazenamento do material e durante a extração da bebida pelas cafeteiras.

Com o lançamento, usuários da cafeteira poderão conectar seus celulares ao equipamento para customizar o preparo das bebidas. Foto: WILLIAM GAMMUTO | MUTO

Assim como no caso dos chocolates KitKat, a empresa de alimentos vem investindo nos seus processos de automação das unidades através do conceito de Indústria 4.0, modelo que tem sido impulsionado pela chegada do 5G no Brasil.

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Outro fator que influenciou a escolha da unidade mineira como polo de produção para o novo negócio foi a certificação de Impacto Ambiental Neutro em todas as suas etapas industriais. A unidade de Montes Claros é a primeira da Nestlé, em todo o mundo, a receber esse tipo de selo para fábricas que conseguem neutralizar 100% das emissões e trabalhar apenas com água de reuso.

Cafezinho mais caro

Enquanto o novo modelo de cápsula compostável não ganha tração e substitui definitivamente o modelo antigo, quem quiser consumir esse café “ambientalmente responsável” vai ter de desembolsar um pouco mais pela bebida. Isso porque cada cápsula da nova versão custará até 55% a mais que a versão feita à base de plástico. A caixa com 10 unidades da linha será comercializada no Brasil entre R$ 28 e R$32. Vale ressaltar que não será possível utilizar as novas cápsulas nas máquinas antigas.

A partir de 1º de dezembro, os clientes da Dolce Gusto poderão comprar a cafeteira no e-commerce da companhia pelo valor sugerido de R$ 899. Assim como as cápsulas feitas em papel, a nova máquina chega ao mercado aproximadamente 12% mais cara que a versão anterior em seu modelo mais caro vendido no site da empresa.

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