Novo CEO da Vale: 5 pontos para entender o que está em jogo com a mudança no comando

Entre a reação positiva do mercado, com alta de 3% na Bolsa, e a frustração do governo, com falas críticas de Lula, Gustavo Pimenta tem o desafio de reorganizar a gestão da companhia

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Por Redação
Atualização:

A escolha do conselho de administração da Vale por levar ao cargo de CEO um executivo técnico e que conhece por dentro a empresa foi bem recebida pelo mercado e frustrou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde o início do ano vinha tentando emplacar um aliado para o comando da empresa. Na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, as ações da Vale tiveram uma valorização de 3,01%, indo a R$ 59,80. No mês, os papéis estão em alta de 0,03%; no ano, acumulam queda de 16,57%.

Leia, a seguir, cinco questões que estão em jogo na companhia de mineração com a escolha de Gustavo Pimenta, atual vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da companhia, para suceder a Eduardo Bartolomeo no cargo de presidente executivo a partir de 1º de janeiro de 2025.

Enxugamento

Executivo da área financeira, o novo CEO da Vale, Gustavo Pimenta, defendeu na segunda-feira, 26, em entrevista com o conselho de administração da companhia, a melhoria de aspectos da mineradora, como o inchaço da área corporativa, apurou o Estadão/Broadcast. O número de setores na empresa aumentou de duas a três vezes desde o rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, disse uma pessoa próxima à companhia. O entendimento é de que a criação de instâncias adicionais foi necessária no momento crítico, mas hoje precisa de reavaliação.

A reação de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu à escolha do novo CEO, um executivo do quadro da companhia, e não um nome sugerido pelo governo, com críticas à Vale. Afirmou que, atualmente, a empresa não tem dono. Disse que a companhia se parece a um “cachorro com muito dono: ou morre de fome ou morre de sede”. O governo vinha tentado emplacar um nome de seus quadros. Já no início do ano, fez uma tentativa para colocar no cargo o ex-ministro Guido Mantega, mas as investidas extravasaram os bastidores e foram mal recebidas pelo mercado.

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Pacificar a relação com o governo, resolver passivos de desastres em barragens e lidar com a desaceleração do principal cliente de minérios, a China, estão na pauta no novo CEO, Gustavo Pimenta, que oficialmente assumirá o posto em 1º de janeiro Foto: Divulgação/Vale

Reparação em Mariana

Uma das questões mais complexas para resolver, e que se arrasta há quase dez anos, desde 5 de novembro de 2015, é a da reparação às famílias de Mariana (MG) afetadas pelo rompimento da barragem da Samarco, da qual a Vale tem 50% das ações. Em junho, em viagem a Minas Gerais, Lula disse que a Vale estava “enrolando” a população. O mercado espera para as próximas semanas o desfecho da renegociação desse passivo bilionário.

Desaceleração na China

O crescimento moderado da China é visto pelos analistas como um desafio relevante para a Vale. O país asiático representa 50% da demanda global de aço e 70% da demanda por minério de ferro, sendo um dos principais destinos das exportações da companhia. Os preços reduzidos do minério de ferro também são um ponto de alerta para a companhia.

Licenciamentos

A Vale também enfrenta questões relacionadas a autorizações para explorar regiões onde teria de desmontar cavidades naturais. Outro ponto importante é o relacionamento com comunidades e governos, disse uma pessoa a par das discussões, também sob condição de anonimato.

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