O Nubank quer desbravar de vez o universo dos criptoativos. Depois de abrir a plataforma para compra e venda de bitcoins e ethereum, no Nubank Cripto, o banco digital se prepara para lançar a própria moeda digital para correntistas, conforme apurou o Estadão.
De acordo com fontes, o banco digital vem trabalhando para lançar a moeda digital própria até 2023. Questionado sobre o novo modelo de investimento na plataforma, o neobanco disse que não comentaria.
Para viabilizar o projeto, o Nubank destacou uma equipe de tecnologia para desenvolver a criptomoeda. Em maio deste ano, a companhia havia anunciado uma parceria com a startup Paxos Trust, de blockchain, para viabilizar o serviço de compra e venda de moedas digitais no seu aplicativo de celular.
Segundo informou o banco, em comunicado da época, a plataforma de negociação de criptos havia atingido a marca de 1 milhão de clientes, menos de um mês após o seu lançamento.
Além de abrir a negociação de criptomoedas aos clientes, o Nubank também confirmou uma alocação de aproximadamente 1% em bitcoins através do caixa da Nu Holdings, empresa controladora do grupo que é listada nas Bolsas de São Paulo e de Nova York. Segundo a empresa, o movimento reforça sua convicção no potencial da criptomoeda.
“O Nubank decidiu começar pelas maiores criptomoedas do mercado, o bitcoin e a ether. Juntas, essas criptomoedas representam 60% do mercado de cripto. Mas outras moedas digitais devem entrar no aplicativo em breve”, disse, em nota, o banco.
No radar
A movimentação do banco em torno de uma moeda própria ocorre em meio ao aumento do interesse dos bancos tradicionais em oferecer modalidades de investimentos de maior risco. Nas últimas semanas, o Santander anunciou a liberação de criptomoedas para os clientes. Já o Itaú disse que estuda a possibilidade de ter criptoativos na sua carteira de serviços.
Nesta segunda-feira, 15, duas novas plataformas foram lançadas: a Xtage, da XP, e a Mynt, do BTG Pactual. Nomes como PicPay e Mercado Pago também têm investido em ações dentro do mercado de criptoativos. Nenhuma dessas instituições, porém, tem sua própria moeda digital.
Nos EUA, bancos digitais como Silvergate, Signature e Customers Bancorp investiram alguns bilhões de dólares em depósitos de companhias de criptomoedas – as chamadas exchanges, que são empresas de investimento e emissores de moedas com lastro em ativos reais (stablecoins), como no caso de moedas fiduciárias que são emitidas por governos ou bancos centrais.
‘NUcoin’
Para Ayron Ferreira, analista-chefe de ativos digitais da Titanium Asset, o sucesso de uma nova moeda dentro do mercado de cripto – hoje com mais cerca de 20 mil tokens registrados – dependerá de como a companhia desenvolverá o modelo de negócio, garantindo que ele seja simples aos olhos do cliente. “Uma nova moeda precisa ter usabilidade, para mostrar que não é apenas um objeto de especulação”, afirma.
Outro ponto importante, segundo Ferreira, é a descentralização das moedas. Ele explica que uma moeda que tenha seu poder de venda majoritariamente centralizada nas mãos de uma única empresa pode gerar uma desconfiança para os investidores. “Um dos principais atrativos do bitcoin e da ether é, justamente, o fato de ambas as moedas estarem descentralizadas”.
Apesar dos desafios, o analista pontua que a ligação do banco com público jovens e mais disposto a investir em ativos digitais pode ser um diferencial para a companhia na hora de lançar sua criptomoeda. “O Nubank tem dinheiro suficiente para desenvolver esse projeto, tem uma estratégia de marketing interessante e também uma proximidade com o público mais jovem”, avalia.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.