Ortopé: calçadista já teve fundador preso por sonegação e casos de recuperação judicial

Marca adquirida pelo grupo Dok Calçados, em 2020, foi fundada em 1963, no Rio Grande do Sul, mas desde então passou por várias ‘mãos’ ao longo dos últimos anos

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Foto do author Wesley Gonsalves

Foi em 2010 que o Grupo Dok iniciou suas operações na cidade de Birigui, no interior de São Paulo. De lá para cá, a empresa familiar embarcou em uma série de aquisições de empresas concorrentes menores, e conquistou nomes como Dijean e Azaleia, além da Ortopé -braço de calçados infantis -, uma das suas principais marcas do portfólio. Apesar das integrações de outros negócios, foi por causa dos casos de recuperações judiciais, falência e fraude que o grupo ganhou espaço nos noticiários.

Empresa do sul do País foi adquirida em 2020 pelo grupo Dok Calçados, que é acusado de fraude fiscais. Foto: Reprodução Instagram

A companhia do interior paulista é investigada pelo ministério público por supostos casos de fraude, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O grupo é acusado de usar notas frias, com base em vendas simuladas a grandes varejistas, para levantar dinheiro junto a bancos e fundos de investimentos. As transações falsas teriam gerado uma dívida estimada em R$ 382 milhões, com 90 instituições financeiras.

História da Ortopé

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Fundada em 1963 pelo empresário e político gaúcho Horst Ernest Volk, a Ortopé é uma marca de sapatos infantis de Gramado, no Rio Grande do Sul. Atualmente, segundo dados da companhia, a marca está presente em aproximadamente 25 países, com uma produção de cerca de 1 milhão de pares de sapatos por ano.

Anos mais tarde, a empresa passaria por várias mãos até terminar na gestão da Dok Calçados. Em 1973, a gestão da companhia deixou de ser centralizada na família Volk após a alemã Elefanten Schue adquirir uma fatia societária da companhia.

Em 2007, depois de entrar com um pedido de falência, a marca foi adquirida pelo grupo Paquetá The Shoe Company. Durante o período em que esteve à frente do negócio, a empresa gaúcha tentou alavancar novamente a marca de produtos infantis que tinha sido “febre” em território nacional em meados dos anos de 1980 e 1990.

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A expectativa era reposicionar o negócio, mas dificuldades financeiras da detentora da marca acabaram impedindo esses planos, já que em 2019, a Paquetá entrou com pedido de recuperação judicial diante de uma dívida de R$ 638,5 milhões.

Em seguida, 12 anos mais tarde, o grupo Vulcabras Azaleia arrematou o ativo da marca após a concorrente entrar com pedido de recuperação judicial. Apesar da mudança de mãos, pouco mais de um ano depois, em 2020, assim como a concorrente, a dona da Azaleia vendeu os negócios da Ortopé e da Dijean para a Dok. Em todos os casos, as companhias que compraram a Ortopé acabaram entrando com pedidos de recuperação judicial.

Casos de polícia

Os casos policiais e de fraude envolvendo a Ortopé não são recentes. Em 1999, o fundador da marca foi preso por sonegação fiscal com fraude. Na ocasião, Volk já não chefiava mais a companhia, cuja presidência havia sido “herdada” por seu filho Paulo Volk. Contudo, a prisão do empresário estava ligado à sua gestão fiscal. À época, o mandado de prisão atendeu a um pedido do Ministério Público Federal que acusava Volk de utilizar notas fiscais falsas, evasão de tributos do Imposto de Renda e contribuições sociais de funcionários, além da sonegação de mais de R$ 1 milhão.

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