Após a compra do shopping Santana Parque da Allos (antiga Aliansce Sonae e brMalls), o Partage Malls, do Grupo Partage, vai mudar o nome do local para reforçar a sua presença no segmento em São Paulo. A unidade passará a ser chamada Partage Santana e deve receber modernizações a partir deste ano, como um boulevard gastronômico e uma área para carros de aplicativos de transportes pegarem passageiros. Outra novidade deve ser um teatro.
As iniciativas visam aumentar a recorrência de público do shopping, localizado na zona norte, assim como atrair o consumidor de alta renda que hoje frequenta o Shopping Center Norte.
Adriano Capobianco, diretor comercial da companhia, afirma que a região é importante para o futuro dos negócios da companhia e que o público do shopping é especialmente local. “Transformar Santana em referência para a cidade é uma obra muito desafiadora, mas plausível”, diz.
Partage renova e muda nome de Santana Parque Shopping


Em um retrofit do shopping, a construção deve se tornar mais aberta para ser vista por quem passa pela região. As obras começam ainda neste ano. Essa área deve abrigar o novo boulevard gastronômico. Na área do cinema, a empresa tem planos para um novo espaço de restaurantes com foco no público infantil.
O Grupo Partage prepara também um novo shopping no bairro do Cambuci, que será lançado em abril e inaugurado no começo de 2027. Outros investimentos estão no radar.
O Grupo Partage, fundado pela família Batista, criadora do laboratório Aché, atua no setor imobiliário com foco em empreendimentos comerciais de alto padrão e shopping centers. Desde 1997, a empresa investe na incorporação de edifícios comerciais Triple A em São Paulo, acumulando mais de 500 mil m² de área total. Ela é dona do prédio da baleia, na Faria Lima, oficialmente chamado Birman 32. Ele é o prédio com o maior preço médio de escritórios da cidade de São Paulo.
Em 2010, expandiu sua atuação para o segmento de shopping centers com a criação da Partage Malls, que hoje opera 14 shoppings pelo Brasil, com mais de 500 mil m² de Área Bruta Locável (ABL).
Desafios
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o faturamento do setor em 2024 foi recorde, chegando a R$ 198,4 bilhões. O número é 1,9% maior do que o de 2023, que foi de R$ 194,7 bilhões. Apesar do crescimento, o avanço foi abaixo da inflação. A associação estima que o faturamento de 2025 seja ainda maior, atingindo R$ 201 bilhões.
A pesquisa também mostrou que o público está voltando, mas ainda não chegou ao patamar de 500 milhões de visitas mensais registradas em 2019, antes da pandemia de covid-19.
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Daniel Zanco, professor do MBA de varejo da USP, afirma que o maior desafio dos varejistas com lojas físicas hoje é a adaptação às novas tendências, assim como a busca pela eficiência de processos, como as entregas de compras.
“O serviço é a nova experiência, a BestBuy saiu da falência com isso quando criou o Geek Squad para orientar compradores, o que atraiu consumidores para sua loja de eletrônicos”, afirma.
Além dos desafios inerentes ao varejo, a Partage também enfrentará concorrentes de peso no segmento de shopping centers.
O Iguatemi, conhecido pelos shoppings de alto padrão da Faria Lima e da Vila Olímpia, é uma das gigantes do setor. Segundo dados do balanço do quarto trimestre da companhia, o lucro líquido ajustado no período foi de R$ 164,1 milhões, 21,9% a mais do que no mesmo período de 2023. A receita também vem crescendo. No quarto trimestre, a receita líquida ajustada chegou a R$ 375,2 milhões, avanço de 13,5%.
Já a Multiplan teve lucro ainda maior. Entre outubro e dezembro, o lucro líquido da administradora foi de 512,4 milhões, um salto de 69,4%. A receita líquida do período foi de R$ 936,3 milhões, 64,1% a mais do que um ano antes.
A Partage Malls tem capital fechado e, portanto, não divulga dados de balanço, mas terá um desafio de consolidar e ampliar sua presença no segmento de shoppings em São Paulo. Segundo Capobianco, para isso, a empresa apostará em uma execução de qualidade em cada shopping em vez de apostar em uma velocidade acelerada de crescimento.