Gestora Pátria fecha com maior banco da Colômbia e parceria já nasce com fundo de US$ 1 bilhão

Acordo de empresa brasileira com o Bancolombia, maior grupo financeiro colombiano, prevê a criação de uma empresa de investimentos no país vizinho

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Foto do author Gabriel Baldocchi
Foto do author Altamiro Silva Junior
Atualização:

A gestora brasileira Pátria, listada na Nasdaq e com US$ 27 bilhões em ativos, fechou acordo com o Bancolombia, o maior grupo financeiro colombiano, para a criação de uma empresa de investimentos no país vizinho. A parceria já nasce com um fundo de US$ 1 bilhão dedicado ao mercado imobiliário. Haverá também um aporte dos brasileiros na nova companhia, de valor não revelado.

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O Pátria terá participação de 51% na joint venture, e o restante fica com o Bancolombia. Pelos termos do acordo, assinado neste fim de semana e que vai ser anunciado nesta terça-feira, 4, a equipe de gestão do banco colombiano é transferida para a nova empresa. Este time cuidava de um fundo imobiliário do banco, de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões), que investe um terço dos recursos em shoppings, outro terço em escritórios e o restante em empreendimentos imobiliários diversos, como galpões logísticos. O fundo agora ficará na nova empresa.

O objetivo é aumentar o tamanho do fundo e também os tipos de produtos que a nova gestora vai oferecer, conta o sócio e CEO da área imobiliária do Pátria, Marcelo Fedak. “É uma via de mão dupla. Vamos querer ter o investimento de colombianos dentro da Colômbia e de repente um investidor chileno na Colômbia. E por aí vai. Conseguir conectar esses mercados da América Latina”, diz Fedak.

O modelo do negócio do Pátria na Colômbia é semelhante com a parceria no Brasil entre o Itaú e a gestora Kinea, criada em 2007 com ex-executivos do Bank Boston. Focada inicialmente em fundos multimercados, hoje, a gestora tem mais de 30 produtos e perto de R$ 80 bilhões em ativos.

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Prédio do Bancolombia; no país, Pátria já tem investimentos que vão desde concessões rodoviárias a uma rede de hospitais Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

A estratégia de fincar o pé de vez na Colômbia, onde o Pátria tinha um escritório local, tem relação com a apresentação aos investidores internacionais na abertura de capital na Nasdaq, em 2021. A gestora prometeu expansão para os países considerados essenciais da América Latina, que além do Brasil e México, incluem Chile, Peru e Colômbia. Também informou ter o plano de aumentar a oferta de produtos na região, diz o sócio e responsável pelas operações do Pátria na América Latina, Daniel Sorrentino. Na Colômbia, a gestora já tem investimentos que vão desde concessões rodoviárias a uma rede de hospitais.

Avanço

Desde a chegada em Wall Street, o Pátria comprou uma gestora chilena, a Moneda. No Brasil, deu passos como a compra da Igah Ventures e de 40% na Kamaroopin, ambas para reforçar a atuação em venture capital, fundos que compram participação em jovens empresas. A gestora investe ainda em empresas como a Qualicorp e a Alliar, além de atuar em setores como infraestrutura.

A base de produtos oferecidos pelo Pátria subiu de cerca de oito, antes da abertura de capital, para mais de 25. Já o volume de recursos sob gestão de investidores da América Latina saltou de 10% para 40% do total em pouco mais de dois anos. Até então, 90% desses recursos vinham de investidores internacionais com intenção de alocar recursos nos países da região.

No país vizinho, o Bancolombia tem força até relativamente maior que o Itaú e o Bradesco no mercado brasileiro. São 29 milhões de clientes em uma população de 50 milhões de habitantes, ou seja, 60% de participação, enquanto no Brasil os bancões ficam na casa dos 50%. Em toda transação bancária na Colômbia, o banco está em ao menos uma parte.

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“Ter presença local nos países da América Latina faz toda a diferença”, disse Alfonso Duval, sócio do Pátria que veio da aquisição da chilena Moneda e é CEO para a região, excluindo o Brasil. A aposta não é de curto prazo, como é comum com investidores internacionais na região, que muitas vezes buscam ganhos imediatos. Neste caso, há uma relação com a comunidade local de negócios, incluindo as empresas familiares.

Modelo semelhante ao da Colômbia pode ser implementado em outros países da região onde a gestora brasileira quer ter presença mais ativa. A ideia de buscar parceiros com conhecimento local também é vista como uma forma de acelerar o avanço na região. “Cada país tem sua própria dinâmica, sua própria cultura e uma etapa de desenvolvimento do investidor. Por isso, a via da parceria é imprescindível”, afirma Duval.

Os projetos são vistos como de longo prazo, em linha com uma tendência que deve levar um tempo a se aproximar do resto do mundo, onde produtos privados de investimentos de longo prazo, como complemento dos tradicionais de renda fixa e variável, alcançam de 20% a 50% dos portfólios.

“A tendência, na nossa região, é um aumento de consumo desse produto”, afirma Sorrentino. Segundo ele, o avanço dos bancos digitais e o ciclo de juro baixo ajudaram o Brasil a ampliar o acesso a produtos alternativos de investimentos de forma mais madura em relação aos outros mercados da região.

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