Petrobras foca em voltar com força à produção de etanol e deixa eólica offshore para depois

De acordo com o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética, Mauricio Tolmasquim, a estatal ‘quer ser grande’ no biocombustível, podendo chegar a produzir 2 bilhões de litros/ano

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RIO - O horizonte de um menor consumo de gasolina no longo prazo fez a Petrobras decidir pela volta à produção de etanol, setor que namorou por algum tempo, mas do qual saiu totalmente ao mesmo tempo em que cresciam os investimentos do pré-sal. De acordo com o diretor de Sustentabilidade e Transição Energética da estatal, Mauricio Tolmasquim, a Petrobras “quer ser grande” no biocombustível, podendo chegar a produzir 2 bilhões de litros por ano, enquanto os projetos de eólicas offshore, para produzir energia elétrica, ficou para uma cenário mais distante, devido à falta de um marco para o setor, explicou o diretor.

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Já a presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que a decisão de voltar ao setor segue a busca da diversificação de fontes, e que o etanol está no DNA da empresa.

“Ressalto que é aí (etanol) onde está o DNA importante para nós, onde já temos infraestrutura instalada. Antes estávamos falando mais só no elétron (energia elétrica). Já temos tancagem, estrutura instalada para lidar com a molécula. Estamos voltando para o etanol”, disse Magda, que com Tolmasquim e toda a diretoria da empresa participa nesta sexta-feira, 22, de eventos na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) para divulgar o seu Plano Estratégico 2025-2029. Participam jornalistas, analistas de mercado e empresários. A executiva foi conselheira do setor de óleo e gás natural da entidade.

Ainda segundo Magda, a conclusão do Plano Estratégico foi que a empresa precisava reforçar (negócios de) investimento em molécula. “Não podemos ficar só no elétron. Diversificação de fontes é mandatório para nós”, continuou. A presidente da Petrobras lembrou que a estatal entrou na produção de etanol na década de 1970 e saiu “recentemente”. “Hoje o etanol é o principal competidor da gasolina em um País com frota flex. Além disso, o etanol funciona como um pontapé inicial para o SAF (sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel, combustível sustentável de aviação) e outros combustíveis como biogás”, afirmou.

A ideia é que, e o etanol for de cana, a fonte da matéria-prima seja de São Paulo; se for de milho, do Centro-Oeste Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Ainda em fase preliminar, as conversas com parceiros do setor vêm avançando, explicou Tolmasquim, que ainda não definiu a matéria-prima a ser perseguida. “Se for milho, será Centro-Oeste; se for cana-de-açúcar será em São Paulo”, informou em entrevista coletiva sobre o Plano Estratégico 2025-2029, sem querer antecipar com quais parceiros está conversando.

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Pessoas que acompanham as negociações disseram ao Estadão/Broadcast, no entanto, que a ideia é deixar de fora as petroleiras que possuem esses ativos, como Shell/Cosan (Raízen) e BP. Em seu plano estratégico, a empresa reservou US$ 2,2 bilhões para investimentos em etanol.

“Começamos a conversar com grandes produtores de etanol no País. Queremos começar grande, estamos olhando cana, mas também milho”, afirmou, ressaltando que o etanol é “um investimento muito rentável”, com retorno acima dos 10% previstos para o setor no Plano da empresa.

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