A Petrobrás encerrou ontem, com uma perda considerável, um dos capítulos mais polêmicos de sua história. A estatal fechou a venda da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, para a americana Chevron, por US$ 562 milhões (R$ 2,1 bilhões). A refinaria, porém, havia custado aos cofres da petroleira brasileira nada menos que US$ 1,2 bilhão (R$ 4,4 bilhões).
A compra de Pasadena foi feita em duas etapas. Em 2006, durante o governo Lula, a Petrobrás, com o aval do conselho de administração, pagou US$ 360 milhões à empresa belga Astra Oil por 50% da refinaria. Um negócio já bastante polêmico, levando-se em conta que, um ano antes, o grupo belga havia desembolsado apenas US$ 42 milhões por 100% da unidade.
Mas o acordo, que já era ruim, se tornaria ainda pior. Algumas cláusulas do contrato obrigavam a Petrobrás a ficar com toda a unidade sob determinadas circunstâncias. E, após alguns desacordos comerciais, a Astra acionou uma dessas cláusulas. Assim, em 2012, a Petrobrás pagou mais US$ 820 milhões pelos 50% remanescentes.
'Resumo tecnicamente falho'
Em março de 2014, o Estado revelou que a então presidente da República Dilma Rousseff, que em 2006 era presidente do conselho de administração da Petrobrás, votara a favor do negócio. Ela disse, à época, que só havia dado seu aval porque se baseou em “resumo tecnicamente falho” que omitia cláusulas prejudiciais, as quais, se conhecesse, não aprovaria. Esse resumo teria sido apresentado pelo então diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, que acabaria condenado e preso por corrupção.
No ano passado, a unidade, com capacidade de refino de 110 mil barris por dia e armazenamento de 5,1 milhões de barris de óleo e derivados, acabou entrando na lista de ativos à venda pela Petrobrás. O acordo com a Chevron ainda está sujeito à aprovação dos órgãos reguladores. Mas o nome Pasadena ainda será por muito tempo lembrado como símbolo da corrupção que envolveu a Petrobrás.
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