Plano&Plano, do MCMV, foca na classe média para crescer e terá apartamentos de R$ 1 milhão

Construtora mira nos apartamentos fora do escopo do programa Minha Casa Minha Vida para buscar o topo do mercado imobiliário, mas aumento na taxa de juros será desafio

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Foto do author Lucas Agrela

Conhecida pelos apartamentos voltados ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida, a construtora Plano&Plano voltou a lançar produtos para a classe média em 2024 e prepara três lançamentos na região metropolitana e interior de São Paulo, nas cidades de Barueri, São Bernardo do Campo e Campinas. O projeto mais sofisticado da empresa nos últimos anos será em Alphaville e terá apartamentos com preços que chegam a R$ 1 milhão.

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Chamado NID Alphaville, o empreendimento terá plantas de 85 a 192 metros quadrados (m²), com até quatro dormitórios e opção de até três vagas de garagem.

Localizado entre os shoppings Iguatemi e Tamboré, o projeto terá quadras, duas piscinas, academia, spa e casa de campo - um espaço no condomínio para receber amigos e família fora do apartamento. Os preços das unidades ficam na casa de R$ 12 mil por m². Na região, a média de preços é mais alta, de R$ 15 mil.

Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, conta que o empreendimento é parte de uma volta às origens da empresa, em uma estratégia para levar a companhia ao topo do ranking de maiores incorporadoras do País, liderado hoje pela rival MRV.

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“A Plano&Plano existe desde 1997. O programa Minha Casa Minha Vida apareceu em 2009. Antes disso, já tínhamos lançado muitos empreendimentos que não eram produtos econômicos”, afirma. A empresa tem hoje um banco de terrenos avaliado em R$ 22 bilhões para novas construções.

No projeto de São Bernardo do Campo, chamado Start Joy, a companhia apostou em um nicho de mercado que não foi atendido na região nos últimos anos: apartamentos de um dormitório. A empresa fez um levantamento e constatou que o estoque dessa tipologia de imóveis na cidade era de apenas seis unidades. O empreendimento, entretanto, também contará com plantas com dois dormitórios. O condomínio terá área de lazer com os itens mais procurados atualmente, como piscina e academia. As unidades terão preço por m² na faixa de R$ 9 mil.

No empreendimento de Campinas, o Unni Mansões, que terá preços de R$ 9,5 mil por m², as áreas comuns foram adaptadas para atender os hábitos dos consumidores locais. A churrasqueira, por exemplo, fica no térreo, mais afastada das torres, enquanto muitas construtoras têm colocado esse item no rooftop. “É uma questão do perfil comportamental do campineiro, que gosta de se reunir com família e amigos”, diz Renée.

Nova marca

Apesar do claro foco no segmento econômico nos últimos anos, hoje um a cada cinco apartamentos da Plano&Plano é vendido para a classe média, o que deve se manter em 2025, segundo previsão da empresa. Ou seja, são apartamentos com preços que superam o preço de R$ 350 mil, limite do programa habitacional do governo federal.

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Assim como fez a Cyrela, que tem sob sua marca principal, voltada ao luxo, a Vivaz (baixa renda) e a Living (classe média), a Plano&Plano também tem alavancado a marca Unni, focada na classe média.

“Dentro das nossas equipes, temos quem cuida de médio padrão e quem cuida de econômico. A campanha de marketing é uma, a agência de marketing é outra, a estrutura de estande é outra. São olhares diferentes porque a jornada desses clientes é diferente”, diz Renée.

Desafios à vista

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de SP (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, o ano de 2025 será desafiador para empresas que atuarem com produtos imobiliários voltados para a classe média, em razão do aumento da taxa de juros que levará a uma elevação no valor da parcela de financiamento. Com isso, o orçamento desse público pode ficar muito comprometido ao entrar em um parcelamento de imóvel, em alguns casos chegando a ser inviável.

“A classe média nunca fez parte de nenhum programa social, isso é histórico. Eu estou no mercado imobiliário há 50 anos e isso nunca mudou. As classes média-baixa e média estão sozinhas no mundo, não tem ninguém para olhar por elas. A classe média alta tem toda a condição de acessar outros produtos”, afirma.

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Viana Neto diz ainda que o mercado imobiliário deve continuar a crescer em 2025, mas em um ritmo menos acelerado do que em 2024.

Para contornar a questão dos juros, Renée afirma que o comprador pode entrar no financiamento logo que comprar o imóvel, de modo a garantir uma taxa mais baixa do que deverá estar no segundo semestre, como indica o Banco Central.

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