João Apolinário, fundador da Polishop, diz que empresa busca recuperação extrajudicial com credores

No último ano, empresa teve uma série de contratempos, fechou lojas, demitiu funcionários e entrou em confronto com shoppings por falta de pagamento de aluguel

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Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Carolina Maingue (Broadcast)
Atualização:

O presidente e fundador da Polishop, João Appolinário, afirmou ao Estadão/Broadcast que a companhia busca uma “reestruturação extrajudicial” junto a seus credores. Segundo o pedido de medida cautelar ajuizado pela empresa, a companhia já reduziu seu endividamento bancário de R$ 270 milhões em janeiro de 2022 para R$ 84 milhões em 2024. O empresário, porém, aponta que os credores mais difíceis de negociar são os bancos.

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Fora a dívida com os bancos, Appolinário menciona ainda endividamento de aproximadamente R$ 50 milhões com os shoppings centers. Para ele, a pandemia, o aumento do IGP-M (índice que corrige os contratos de aluguel) e a crise de crédito motivada pelo caso Americanas são os principais motivadores das dificuldades enfrentadas pela companhia.

Na peça judicial, a empresa faz menção a 50 processos de despejo ajuizados contra ela somente entre 2022 e 2024. A Polishop também diz que, do ano passado para cá, pelo menos 42 lojas já foram fechadas.

Empresa teve de cortar número e lojas para menos da metade Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

O pedido de medida cautelar para suspender as execuções de dívidas da empresa, segundo o executivo, visa interromper o “clima” que se criou em torno da reestruturação da varejista, com pedidos de pagamentos à vista que acabam por inviabilizar a operação. Ele diz que a empresa já fez os ajustes necessários, com fechamentos de lojas e cortes de custos e, agora, está em outro momento, inclusive com abertura de 6 lojas prevista para o mês de abril. Appolinário afirma que, em novos contratos, a empresa tem buscado um custo total de ocupação entre 5% e 8% do faturamento das lojas.

Segundo consta na peça ajuizada, a redução da dívida bancária se deu em parte ao capital de giro e em parte a aportes efetuados pelo próprio Appolinário. “Gerou-se, portanto, um círculo vicioso extremamente prejudicial à capacidade financeira da Requerente, cujo desfazimento depende essencialmente do congelamento das dívidas e da reestruturação do seu passivo”, defendeu a companhia.

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Outro ponto abordado diz respeito à suspensão dos serviços prestados por plataformas de marketing e tecnologia, como Google, Meta, Microsoft, Oi e Uol. “Em razão do inadimplemento dos serviços de marketing e tecnologia, as plataformas já estão encaminhando Notificações Extrajudiciais e e-mails solicitando o adimplemento de valores, sob pena de cancelamento dos serviços”, afirmou a Polishop.

A decisão do Juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da segunda Vara de Falências e Recuperação Judicial, fala em tutela antecipada “enquanto (a empresa) não está apta a apresentar o pedido de recuperação judicial”. O pedido da Polishop, porém, deixa em aberto. Mais especificamente, a companhia disse requerer a antecipação dos efeitos das execuções “com urgência, até que seja apresentado o competente Pedido de Recuperação Judicial/Extrajudicial”.

A varejista é mais uma das vítimas da concorrência em marketplaces e das dificuldades em seus negócios na pandemia. A empresa passou por um processo de reestruturação que reduziu para menos da metade o número de lojas que era de 280, e também o quadro de funcionários.

Em entrevista concedida ao Estadão no ano passado, João Appolinário, fundador e presidente da empresa, afirmou que teve de injetar capital na empresa devido à escassez ou encarecimento demasiado do crédito dos bancos para as varejistas.

Appolinário afirmou, na ocasião, que a reestruturação do negócio foi necessária para lidar com o momento atual do varejo. Ele destacou que a dívida com os shoppings era baixa e não ameaçava o negócio. A inadimplência, disse ele, era resultado de negociações duras, em vez de falta de dinheiro. Ou seja, a empresa não estava pagando os alugueis.

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“O varejo mudou bastante. A vacância nos shoppings está grande, em alguns lugares, já fomos a única loja do corredor. Se uma operação não é rentável, chegamos a um acordo, mas algumas discussões passam do limite e foram para a Justiça”, disse o executivo, na época.

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