‘É muito provável que façamos nova distribuição extra de dividendos’, diz diretor do Itaú

O Itaú considera os resultados robustos mesmo em um cenário de incertezas, diz ao ‘Estadão/Broadcast’ o diretor de Estratégia Corporativa, RI e M&A Proprietário, Renato Lulia

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Foto do author Matheus Piovesana

Os investidores do Itaú Unibanco provavelmente receberão no começo do ano que vem a notícia de mais uma distribuição extra de dividendos, diante do crescimento dos resultados do banco. O martelo será batido no fechamento do resultado deste ano, no início de 2025, mas com o balanço protegido da inadimplência e as principais mudanças de regulação mapeadas, as chances de que essa distribuição aconteça são grandes.

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O Itaú Unibanco divulgou os resultados do terceiro trimestre nesta segunda-feira, 4: lucro líquido gerencial de R$ 10,675 bilhões, um resultado 18,1% superior ao observado em igual período de 2023. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o lucro do banco cresceu 6%.

“É muito provável que sim (haja dividendo extra no começo de 2025), porque estamos no final do terceiro trimestre com capital de 13,7%, olhando para o CET 1 (capital principal)”, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de Estratégia Corporativa, RI e M&A Proprietário do banco, Renato Lulia. O Itaú tem uma espécie de meta interna de manter esse índice em pelo menos 11,5% e distribui aos acionistas o que estiver acima de 12%.

No começo deste ano, o Itaú distribuiu R$ 11 bilhões em dividendos extras aos acionistas, referentes aos resultados de 2023. Nos nove primeiros meses deste ano, o resultado do banco chegou a R$ 30,518 bilhões, um crescimento de 16,4% em relação ao acumulado do mesmo período do ano passado.

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Na visão de Renato Lulia, a projeção de resultado da tesouraria este ano comporta a volatilidade Foto: Bruno Namorato

A geração de lucros tem feito com que o capital do banco cresça mesmo com uma aceleração na carteira de crédito, que geralmente contribui para que os índices caiam. O portfólio do banco chegou a R$ 1,278 trilhão no final do terceiro trimestre, crescimento de 9,9% em um ano, o que fez com que o Itaú elevasse para a faixa de 9,5% a 12,5% o intervalo da projeção de crescimento em 2024.

Caso o capital estivesse no exato patamar do apetite de risco do maior banco da América Latina, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) da operação brasileira seria ainda maior que os 23,8% registrados no terceiro trimestre. “Se normalizarmos esse capital (CET 1) para 11,5%, que é o nosso apetite e é similar aos outros grandes bancos brasileiros, estamos rodando no Brasil com um ROE de 26,4%”, afirma Lulia.

Custo de capital

O Itaú considera que os índices de capital refletem um balanço robusto mesmo em um cenário de incertezas. Como o banco faz proteção (hedge) do balanço, dado que opera em vários países da América Latina e, portanto, com várias moedas, o aumento do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos tende a ter efeito negativo sobre os resultados da tesouraria.

“À medida que a taxa de juros em real sobe e que a taxa de juros em dólar cai, esse diferencial de juros joga contra a gente”, disse Lulia. No entanto, na visão dele, a projeção de resultado da tesouraria este ano comporta a volatilidade. Segundo ele, a “melhor previsão” é de um resultado de R$ 800 milhões no quarto trimestre. Nos nove primeiros meses do ano, o resultado acumulado foi de R$ 3,517 bilhões, e a projeção do Itaú é de resultado entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões no acumulado do ano.

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O fator Americanas

O Itaú Unibanco recebeu cerca de R$ 900 milhões em pagamentos da Americanas com a capitalização da companhia e a recompra de dívidas da rede com desconto, operações concretizadas no terceiro trimestre deste ano. A recuperação de crédito teve impacto positivo de cerca de R$ 500 milhões no lucro antes de impostos do terceiro trimestre, com a reversão de provisões. O restante seguiu provisionado, mas com destinação para outros clientes.

“Quando fizemos a provisão, em dezembro de 2022 (no balanço do quarto trimestre de 2022), fizemos passando parte pelo resultado do banco, e usamos provisões complementares e carimbamos”, afirmou Lulia. “Quando recebemos, aproximadamente R$ 900 milhões, fizemos a mesma coisa, passando parte pelo resultado e parte recarimbado como provisão complementar.”

Entre os maiores credores da Americanas, o Itaú é o primeiro a detalhar os impactos das operações relativas à dívida da companhia no balanço trimestral. O banco não detalha quanto de dívida revendeu à empresa com desconto e quanto converteu em ações, mas na divulgação do balanço do segundo trimestre, em agosto, o presidente, Milton Maluhy, disse que o conglomerado havia reduzido consideravelmente a exposição à varejista.

Receitas e despesas

No terceiro trimestre deste ano, as receitas do Itaú com a prestação de serviços cresceram 5,3%, para R$ 11,228 bilhões. Não foi um crescimento uniforme: em linhas como as de banco de investimento e administração de recursos, houve saltos de dois dígitos em base anual. No entanto, em cartões, que é a mais representativa das linhas de prestação de serviços, a alta foi de 1,2%, para R$ 4,261 bilhões.

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Lulia afirma que em cartões, há um impacto importante do processo de redução de riscos da carteira de crédito do banco, iniciado em 2022 e que terminou no terceiro trimestre deste ano. Com uma base de cartões que cresceu pouco no período, o Itaú viu as receitas também com desempenho menor. Além disso, com a mudança no perfil competitivo do setor, o perfil de receita também mudou.

“Obviamente, grande parte dos cartões que emitimos há algum tempo não têm anuidade. Mas temos conseguido compensar isso com bons produtos, que o cliente usa mais, e que geram mais intercâmbio”, disse Lulia. O intercâmbio é uma tarifa paga pela maquininha ao banco emissor do cartão a cada transação feita pelo cliente.

Nas despesas, um dos maiores crescimentos no ano foi na linha de depreciação e amortização, com alta de 31,7%, para R$ 1,189 bilhão. Esse crescimento é resultados dos pesados investimentos em tecnologia que o Itaú fez nos últimos anos. “Essa linha ainda sobe um pouco até estabilizar e começar a cair. Ela é reflexo de investimentos muito pesados em infraestrutura, que fizemos em períodos passados”, disse o diretor.

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O Itaú continua investindo em tecnologia, mas o tipo de investimento mudou, e passou a ser mais no dia a dia das operações que na construção de uma nova arquitetura. Isso também deve contribuir para, no futuro, aliviar a depreciação e a amortização do banco.

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